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Artigos-->A Falência do Capitalismo? -- 23/03/2003 - 19:52 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Guerra do Iraque. A Falência do Capitalismo?

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Ele resolveu retirar a máscara de bom menino. Mas ainda age como tal. Usa o álibi de quem está preocupado em livrar o mundo do terrorismo, numa demonstração de altruísmo internacional. E todos sabemos que os motivos que levaram o EUA a invadir o Iraque, entre outros, está escondido no subsolo iraquiano. A segunda maior reserva de petróleo do mundo. Além da imposição de um regime melhor adequado aos seus interesses, encravado numa região estratégica para defender seus interesses diversos. É o reinício da ambição imperial. Do renascimento da caça às bruxas. Da imposição e do medo. O último suspiro do capitalismo de resultados. Que se acaba com a farsa do neoliberalismo.



Depois da derrocada da antiga URSS, provocada pelos próprios americanos, o mundo parece estar em mãos únicas e erradas. As mão de George W. Bush. Onde não se vislumbra, por enquanto, competidores à sua altura. Seja do ponto de vista bélico ou econômico: suas duas armas mais potentes.



Traz-nos, tais fatos, a lembrança de Hollywood, daquilo que os americanos fazem de melhor: a arte cinematográfica. Porém, com uma diferença: desta vez, qualquer semelhança com Hitler, o personagem imortalizado por Charles Chaplin, no filme O Grande Ditador, conforme bem lembrado na reportagem do Correio Braziliense de 18 de março do ano em curso, infelizmente, não terá sido mera coincidência.



A democracia, o respeito às leis e à soberania dos povos, de que os EUA eram os melhores representantes, parece que não mais faz sentido. Ficamos órfãos dos bons exemplos. O ocidente começa a perder seu referencial mais forte. E o mundo virou um bola de brinquedo nas mãos de Bush. Que dita as regras do jogo. E escolhe quem deve jogar e como jogar. Já não valem as leis internacionais, as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e o clamor da população do mundo inteiro. É flagrante o desrespeito e a indiferença para com o Tribunal Penal Internacional, recentemente instalado em Haia, na Holanda, justamente para dirimir dúvidas e resolver, pela via da Justiça, os conflitos da espécie. Sem tiros de canhão. Sem o exagero bélico. Sem o desperdício de recursos. Sem mortes de inocentes. Sem missões de “choque e de pânico”.



E o pior ainda está por vir. Segundo a imprensa, várias organizações médicas, de respeitável credibilidade, estimam que o número de mortes com esta invasão poderá chegar a centenas de milhares, com a morte de milhares de crianças iraquianas por inanição. Repetindo os horrores do continente Africano. E que, por certo, está acontecendo no Afeganistão.



É triste a realidade: três países decretaram o fim da ONU. Ignorando mais de 170 Estados membros. Instituiu-se a lei do mais forte e o fim da soberania das nações. Agora, tudo é possível. Não existe justificativa, de ordem política, técnica e muito menos legal., para que qualquer país possa praticar a derrubada de um governo de qualquer outro país, eleito por seu povo, independente da qualidade desse governo. Ainda mais pela via da força.





E só encontro uma explicação para este estado de coisas: a falência do capitalismo traz de volta a idéia do imperialismo.



O termo imperialismo popularizou-se como sinônimo de política externa americana, pelo uso que dele fizeram os partidos nacionalistas e os teóricos de esquerda do mundo inteiro.

Principalmente logo depois da segunda guerra mundial, quando o antiimperialismo foi reivindicado como ponto programático de todas as organizações políticas progressistas dos países dependentes.



Na enciclopédia Barsa temos a definição mais próxima da exatidão do termo: “Imperialismo é a política de dominação econômica de uma nação sobre outras, acompanhada ou não de ocupação territorial, com maior ou menor ingerência nos assuntos de estado das nações dominadas e com uso eventual de força militar para garantir a hegemonia. Usado a partir do final do século XIX, o termo imperialismo define, na atualidade, as relações econômicas dos países desenvolvidos com os países pobres e se confunde com "dependência" e "neocolonialismo".



Duas grandes correntes do pensamento econômico contemporâneo, o liberalismo e o marxismo, abordam o fenômeno do imperialismo. Para a primeira, ele é uma opção das grandes potências industriais, que poderiam seguir outro caminho de desenvolvimento econômico. Para o pensamento marxista, o imperialismo é a etapa superior e inevitável do capitalismo, condição de sobrevivência do sistema.





“O primeiro estudo sistemático do imperialismo surgiu em 1902 com Imperialismo, do autor inglês John Hobson, para quem o fenômeno se devia à acumulação de capital excedente que devia ser exportado. Seriam motivações importantes do expansionismo a busca de novas fontes de matérias-primas e de mercados. A originalidade da obra de Hobson consiste em atribuir ao imperialismo raízes econômicas, o que forneceu as bases para a interpretação marxista. Para o economista Joseph Schumpeter, que em sua obra mais conhecida, Capitalism, Socialism and Democracy (1942), conclui que o capitalismo acabará por esgotar-se e dar lugar a alguma forma de controle centralizado da economia, a política imperialista não tem relação com a natureza do capitalismo, que é pacifista em essência. O expansionismo se deve a um impulso atávico de luta, remanescente em estruturas e camadas sociais pré-capitalistas, que dependem para sua sobrevivência de guerras e conquistas”.





Teoria marxista-leninista do imperialismo.



“As décadas de 1870 e 1890 assistiram a um retrocesso da economia de livre mercado e a um retorno da intervenção estatal na economia. A contrapartida internacional desse fenômeno ocorrido localmente foi o imperialismo. Os países mais poderosos da Europa, depois de quase um século de indiferença em relação a suas colônias de ultramar, em cerca de vinte anos repartiram entre si praticamente todo o mundo ainda não colonizado. (...)

“No final do século XIX estavam consolidadas as grandes potências internacionais, nas quais a força econômica preponderante era o capital financeiro, proveniente da aliança entre bancos e indústria. Transcorrida a primeira década do século XX, o mundo inteiro estava sob o controle direto ou indireto de alguma das grandes potências européias: Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica e outras. Com grande quantidade de capital excedente, os grupos econômicos passaram a investir em colônias e semi-colônias, e a suposição de que essa iniciativa geraria grandes lucros provocou a aceleração da corrida pela liderança entre os mais poderosos. Por volta de 1914, insatisfeitas com a maneira como o mundo estava dividido, coalizões rivais de países imperialistas desencadearam a primeira guerra mundial. (...)



Na clássica obra sobre o tema - Imperializm, kak vixaia stadia kapitalisma (1917; Imperialismo) Lenin encara o imperialismo como a culminação necessária do capitalismo.



Essa nova fase do sistema envolve mudanças sociais e políticas, mas, na essência, indica a substituição do capitalismo competitivo pelo capitalismo monopolista, em que o capital financeiro domina a vida econômica e política da sociedade. É o que estamos vivenciando hoje.



O investimento estrangeiro (bastante abordado na teoria leninista do imperialismo), traduz-se e se materializa na instalação de empresas de um país em outro, ou na participação acionária em empresas já existentes. O capital estrangeiro pode também assumir a forma de empréstimos ou financiamentos.



“A exportação para a metrópole dos lucros produzidos nos países periféricos, no entanto, não constitui o único objetivo do investimento estrangeiro. Além das vantagens oferecidas pela força de trabalho mais barata e facilidades legais e tributárias, o país investidor procura também controlar fontes de recursos naturais e matérias-primas e abocanhar grandes fatias dos mercados periféricos, com o fim de estender o controle econômico e político para além de suas fronteiras.”



Os liberais bateram palmas com a derrocada do Leste Europeu. Mas não demorou muito tempo para que fossem surpreendidos com o lado sombrio do capitalismo real. A expansão do capitalismo pressupõe a criação de laços de dependência eterna. Vide as colonizações da América do Século XVI ao Século XVIII; o Imperialismo na Ásia e África, no Século XIX; a implantação das multinacionais, no Século XX e, mais recentemente, os acordos, apelidados de “ajudas” pelo Fundo Monetário Internacional, o FMI, que transforma os países devedores em vítimas das concentração de rendas, eternos credores e necessitados de capital, posto que estão sempre descapitalizados para o pagamento dos juros da dívida. Situação bem conhecida, infelizmente, pelos brasileiros. Existe uma saída?



Os especialistas acham que sim. A saída estaria numa forma de economia mista, que pudesse harmonizar a comunhão de empresas estatais e particulares, de modo a compatibilizar a economia do planejamento (estatal), com a economia de mercado. Este pensamento parte do pressuposto de que não se trata de compartimentos estanques. Não se trata de situações excludentes, entre o capitalismo e o socialismo real. Na verdade, entre um e outro, existe uma gama de fórmulas as mais variadas para que se encontre o rumo do casamento perfeito entre o social e o econômico, com foco centrado no homem, vale dizer, na natureza, como um todo, desde que, evidentemente, o homem se disponha a mudar de atitude: passar a investir no que é bom para todos: na paz e na justiça social, com distribuição equânime de renda e de oportunidades.



A guerra não será nunca a saída para qualquer impasse de ordem mundial.



Domingos Oliveira Medeiros

23 de março de 2003

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