O imaginário do povo brasileiro é fertilíssimo. Gosto de ouvir os "causos" e as notícias atuais. Enriquecemo-nos muito. Ignorar a vida passada é autodestruir-se. A receita para o fracasso também não nos é tão fácil. Dentro de qualquer peito soluça ou gargalha um grande amor, e a verdade é difícil de ser achada. A saudade não pode existir para os que nunca amaram. É por tudo isso que eu ainda acredito no amor e na vida. Não é fácil ser assim nos dias modernos. A nostalgia anda em desuso, e o romantismo apagado.
Exaltar o passado é fenomenal. Haja vista os temas mundiais do cinema internacional. Há poucos dias soubemos do vencedor do Oscar 2008 de melhor filme "Os fracos não têm vez". Em meu olhar buscador encontrei essa escolha cinematográfica inserida no contexto maior da busca pelo envelhecido, pelo esquecido, pelo marginalizado. Será a vez dos velhos ou do velho? Sei lá! É nada fácil dizê-lo. Rios muitos ainda correrão para o mar-oceànico do mundo moderno. Estamos aqui e atentos e pondo o reolhar nas águas que passam rápidas rumo a um mar que não sei direito qual é.
As previsões falham, os amores se acabam, o corpo envelhece, porém nada do que o verdadeiro amor faz é destruído. O homem, quando se aproxima da sabedoria do mundo, morre e, ou vira lembrança ou vira passado. O que ficou sempre será o presente lembrado.
Tudo muda, mas eu nunca soube que era legítimo gargalhar em um funeral ou chorar porque ia ser feliz. Apesar de pormos na lápide nossa demonstração de carinho aos nossos amados mortos, há os que se esquecem de onde vieram e até mesmo para onde irão. A melhor forma de ser-se lembrado é em vida, entre amigos, companheiros de trabalho, amores encontrados. A receita da alegria só pode ser feita com as práticas sinceras e ajustadas do cotidiano. Ninguém pode ser amado isoladamente. O amor vira os passos de uma feliz estrada cruzada. Amar, pois, é-nos mais do que requerido.
Um palhaço chora, um pai erra, um esposo tropeça, mas a vida continua por passos outros, os mais diversos. A família é a ordem mais ajustada entre a natureza e o homem. Nada sobrevive racionalmente fora dela. O ódio é o aborto da desventura. Não poderemos habitar um mundo alegre se não aprendermos a ser justos, pacíficos e sonhadores. Com o amor não carecemos dos passos; ele nos oferta as asas; nossos sonhos são as maravilhas festejadas pela vontade de viver em harmonia e fé. O homem é a doce decisão e o fruto enriquecido que o amor propós à vida.
E se os fracos não tiverem vez, como viverão os fortes? Serão eles fortes? Manter-se cético diante do grande problema mundial da falta de desamor a que nos leva? Mas nem tudo está perdido. O amor é como o fogo sob as cinzas: basta soprá-lo e tudo renasce em mil facetas, desde a "Fênix" até os cálidos reencontros dos amores de hoje.
E se é para mudar, que isso não demore e nós soframos ainda mais. Há tanta vida lá fora, tanto amor dormitando dentro de nós e por que é tão difícil perdoar? Se há medo, há coragem. O hoje poderá nos ser melhor do que o ontem. O primeiro passo é o mais difícil, e o último o mais sossegado. Não se descansa sem se ter estado cansado antes. Viver é bem melhor do que ausentar-se do mundo, estando-se nele.
