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Cartas-->O que me lembro do meu pai! -- 03/08/2004 - 14:36 (Daniel Fiúza Pequeno) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O que me lembro do meu pai!

Às vezes me lembro do meu do meu pai, ele era um homem alto, moreno e muito magro; Sua magreza era produto da tuberculose que consumia pouco-a-pouco sua carne. Lembro da sua tosse intermitente que se propagava por horas a fio. Não pude ter seu carinho físico, a doença dele impedia qualquer contato; sua doença era muito contagiosa e praticamente incurável naquela época. Eu devia ter oito pra nove anos quando meu pai faleceu de uma hemoptise pulmonar. Meu pai falava três línguas, inglês, francês e espanhol, e gostava muito de ler, e ouvir clássicos da música mundial. Herdei do meu pai o gosto pela leitura, e pela música clássica, além do vício de fazer palavras cruzadas. Com o pouco que convivi com meu pai aprendi a amar a natureza e preservá-la, além da paixão pelos animais, principalmente gatos. Meu pai era um intelectual autodidata. Meu pai possuía uma vasta coleção de selos, muitos livros sobre animais, borboletas e insetos; Tinha as enciclopédia Larousse e britânica e outros livros técnicos de eletrônica, matéria que ele dominava muito bem. Meu pai jogava xadrez, mas nunca pude jogar com ele, não deu tempo; quando eu aprendi a jogar, ele já havia falecido. Outra coisa que eu achava interessante no meu pai era quando ele praticava yoga, fazia umas posições que eu achava muito engraçadas. Ainda sofri um pouco de preconceito, muitas mães não deixavam seus filhos brincarem comigo, achando que eles poderiam se contaminar através de mim. Naquele tempo eu já sabia que o contágio do bacilo de kock só se propagava através da saliva do próprio portador. Nunca fui abraçado nem beijado pelo meu pai, lembro dos seus últimos dias, quase um esqueleto vivo, triste e solitário numa cama, todos os seus ossos aparentes e sua pele morena macerado pela presença da morte. Naquela época influenciada pela ignorância do povo, minha mãe queimou e enterrou todos os seus pertences, roupas, livros, objetos pessoais, inclusive uma caneta de ouro, Park-51- presente de 15 anos do meu avô para ele. No dia que meu pai morreu, eu não chorei, apenas fiquei muito triste e mudo, sentindo a insegurança e o medo do futuro.

Daniel Fiúza.
03/08/2004
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