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Contos-->O GOL DE PELÉ -- 02/11/2019 - 12:29 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

   



         Escrevo uma crônica sobre as camisas eternas do futebol e recordo março de 1970.  O ônibus da seleção brasileira sai devagar do aeroporto Santos Dumont. Tudo pendente e atrácute;s das janelas escuras vêm os jogadores. Eu estendo um caderninho de anotações. Quem autografa é o jogador Piazza. Guardo ainda esta gentileza.  Peço em outra janela. Quem assina é o Paulo César Caju. Tento um terceiro autógrafo. Vejo o nome do Tostão na borda da folha. Quem diria? O craque quase ficaria cego por causa daquela lesão no olho, no entanto, ele me viu, os olhos acompanharam e eles também autografaram o meu caderno. 

    Pelé devia estar no fundo do ônibus. 

     Não consigo pensar em Pelé sem o drible no goleiro Mazurkiewicz, na semifinal contra o Uruguai em 17 de junho na copa de 1970. 

     Imagino como eu poderia narrar aquele lance, que aconteceu tão rácute;pido: 

      - Tostão vem pela esquerda, lança, Pelé tira o goleiro! A bola se divide...  

     - O goleiro quis pegar Pelé... pegar uma bola irreal... mas a concreta perdida em campo religa tudo em instantes!

     -  Pelé chuta! A bola vai pra fora!  

     - Nada acontece! O mundo é recriado, mas não avança! 

    Poderia ainda completar: 

     - O beque Ancheta se lançou no gramado. Ele quis voar!  O voo foi possível! A dobra do tempo encantaria, mudaria o mundo...porque era o momento. O estácute;dio sentiu a perda e Pelé não pediu desculpas... 

     - Cabelos das deusas dos ares entraram nas redes da baliza uruguaia para sentir a leveza de todos os gols!  Elas queriam conhecer sua graça, mas o tento não saiu! Esses cabelos divinos aguardarão outra eternidade! 

     - E um dia os homens anularão a gravidade sem precisar voar em motores e balões!

    Seria difícil narrar o drible no tempo exato. Talvez eu dissesse apenas:

     - Pelé engana o goleiro, a bola... pra fora!

     O vídeo-tape em câmera lenta é insuficiente, porém, algo se definiu para mim: problemas mentais seriam resolvidos se dribles como aquele surgissem para mim uma vez por mês pelo menos...

     -  Se mensalmente os dribles fossem tão esplêndidos e evidentes e terminassem em gol, nada mais seria delirante para ninguém!

     -  Eu sentiria uma sensação tão intensa de admiração e  dispensaria as pílulas!

     - Funcionariam todas as minhas tácute;ticas para o amor ! 

     Fico empolgado com a lembrança, a expectativa e saio. Caminho sozinho por Copacabana. Passo duas horas perambulando, chego à praia do Leme. 

     - Aprecio o entorno luminoso! Ele é perfeito! Vista daqui onde estou, Copacabana é um gol olímpico!

     Volto para casa; antes entro em uma padaria para comprar pão. Hácute; um pôster do jogador Zico na parede ao lado de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.  Paradoxos como esse não impedem as possibilidades do futebol: 

     - Aplico uma bela finta na intermediácute;ria dos meus trinta e quatro anos, depois avanço e  chuto cruzado. Quase carimbo.

    -  Lembro o drible de Pelé que reinventou o vídeo-tape.



Do livro: O Avesso do camisa sete



 


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