Duas mulheres estão dentro do ónibus , a velhinha loira se chama Lourdes e a jovem morena tem o nome de Samanta ..
A loira diz :
- Você viu aquela reportagem sobre caixões vazios que foram levados pela chuva , na cidade do interior , e acabaram na rua em frente ao cemitério ?
Então Samanta comenta :
- Tem uma lenda urbana que diz que , nas cidades do interior , os administradores dos cemitérios destroem túmulos do século passado que estão abandonados , jogam os ossos fora e pegam os caixões destes defuntos antigos para enterrarem indigentes .
Assim Lourdes exclama :
- O que é isto , menina ? !
- Eu não quero ser enterrada num caixão do século passado .
- Eu bem que gostaria de um caixão bem moderno , na última moda .
Desta maneira a jovem diz :
- Dizem que chique mesmo é cremar !
Deste jeito a idosa critica :
- Eu , também , acho chique . Mas fiquei sabendo da história da empregada que jogou a caixinha com as cinzas da mãe de uma patroa no lixo pensando que era pó .
Então a menina fala :
- Eu não me importo com estas coisas de caixão , enterro , etc.
- Porque eu sei que deste mundo nada se leva .
- E por falar em velório ...
- A senhora sabia que fazem velório por Internet e por MSN ?!
Assim Lourdes indaga :
- MS ..
- O que ?
Samanta explica :
- MSN é uma espécie de bate - papo virtual que dá para trocar , fotos , imagens ...
- A senhora sabia que eu vi uma reportagem de uma empresa que faz velórios dentro dos ónibus ?
A anciã critica :
- O que é isto ?
- Caixões sendo reaproveitados !
- Velórios por Internet e ónibus !
- É o fim dos tempos !
Naquele mesmo momento a menina olha em direção da janela e aponta :
- Veja , dona Lourdes !
- Naquela perua está escrito :
- Funerária de cães e gatos !
Assim dona Lourdes comenta :
- Eu já tinha ouvido falar em cemitério de animais de estimação ...
- Agora , eu vejo uma van de funerária para cães e gatos ....
- Neste momento me lembrei que a minha aposentadoria é pouca .
- Vejo que não seria péssima idéia eu pedir para administração dos cemitérios para reaproveitar os caixões dos meus antepassados . Só assim eu teria onde cair morta .
Luciana do Rocio Mallon
