Sem tempo (filho ao pai) *
Um menino com voz tímida e olhos de admiração, pergunta ao pai quando ele retorna do trabalho:
-- Pai quanto o senhor ganha por hora?
O pai, num gesto severo, responde:
-- Escute, meu filho, isso nem a sua mãe sabe. Não me amole, estou cansado!
Entretanto, o filho insiste:
-- Mas... papai, por favor... diga-me quanto o senhor ganha por hora.
O pai, menos agressivo, calcula:
-- Três reais por hora.
-- Então, papai, o senhor poderia emprestar-me um real?
O pai cheio de ira e tratando o filho com brutalidade, esbraveja:
Ah, sim, era essa a sua razão de tentar saber quanto eu ganho? Menino aproveitador não me perturbe mais e vá dormir.
Já era tarde da noite quando o pai começa a pensar no que havia acontecido e sente-se culpado. Talvez (quem sabe?) o filho precisasse comprar algo.
Querendo descarregar a sua consciência, foi até o quarto e, em voz baixa e mais serena, indaga:
Está acordado, meu filho?
-- Sim, papai. Afirmou meio sonolento.
-- Deixo-lhe, em cima da mesa de cabeceira, um real que me pediu.
-- Muito grato, papai. Disse o filho, que se levanta e retira mais R$ 2,00 do bolso da calça que estava no guarda-roupas.
-- agora já completei, papai! Trenho três reais.
-- O senhor poderia vender-me uma hora do seu tempo?
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(*) Brasília, DF, 13/02/2008, SOE/CEGAD.
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