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cronicas-->SOPRO -- 07/02/2008 - 19:51 (Cheila Fernanda Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Marina, uma jovem tão bonita e de cabeça boa, ficou muito deprimida e desiludida pelo fora que levou de seu amor. Estava se fechando à vida quando duas amigas a convidaram para passar o carnaval em Salvador. Ela relutou, mas aceitou. Afinal, tinha tempo e dinheiro, e sua vida não podia estacionar. As três foram duas semanas antes da folia.
Aos poucos, os passeios foram deixando-a um pouco melhor. As praias lhe traziam um encanto que nem sabia definir. Percebeu que os pratos típicos eram de fazer sair do sério, principalmente o tão cantado acarajé. Parecia até babar quando chegava perto de um. A alegria estava começando a se instalar.
As amigas ficavam estimulando-a:
_ Não é tudo lindo? Na há um senão em nossa viagem! E o jeito bom dos baianos? Ah, você não se derrete com esse povo?
Nesse vai e vem, vendo apenas coisas boas, ouviram falar da Lavagem do Bonfim. Desta vez, ela entrou rapidamente no entusiasmo das amigas:
_ Vamos, vamos, deve ser muito melhor do que tudo que vimos!
Na manhã seguinte, foram à missa na igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia e, depois, seguindo a caminhada até a igreja do Senhor do Bonfim. Os olhos das três passeavam por tudo ali. Cada uma focando algo que lhe falava mais forte. Estavam impressionadas com tanta gente, tantas coisas diferentes.
Na chegada, de repente, uma cigana as aborda. As duas se safaram rapidamente, mas Marina quis conversar com a mulher. Na verdade, acabou falando pouco, pois a cigana monopolizava:
_ Dá sua mão para ler?
_ Não, só quero...
_ Fique tranquila, não vou cobrar nada, só quero ajudar você, sei o que está querendo saber.
_ Sabe?!
Marina ficou animada para que a cigana visse sua mão, pois, já que não iria querer dinheiro, deveria ser coisa séria. Teve a certeza de que ouviria uma boa coisa sobre o amor da sua vida, o carinha que lhe deu o fora. Estava já sonhando que sua vida amorosa se reestruturaria e seu céu voltaria a ser azul. Então, ofereceu uma das mãos, e a mulher tomou-a com cuidado, dizendo:
_ Hum! Há um belo rapaz esperando por você.
_ É ?!!! - e seu coração já pulava loucamente.
_ A tia só precisa que você me empreste um dinheiro...
_ Mas eu não tenho quase nada - mentiu com medo de perder dinheiro.
_ Não se preocupe, só me dá uma nota para eu pór na SUA mão e logo devolvo.
_ Tudo bem! - E se animou por achar que veio de tão longe para encontrar uma pessoa tão generosa. Tirou a carteira da bolsa para pegar uma nota de dois reais. Mas a cigana foi anos-luz mais esperta e arrancou uma nota de cinquenta reais, na verdade duas, uma grudada na outra. Marina se assustou e tentou segurar. E a ladina:
_ Fique sossegada, a tia só vai soprar a nota na sua mão e devolver.
Ela pós, de fato, a nota na mão de Marina - que ficou aliviada - e começou a falar muito enrolado, parecia uma língua desconhecida. Em poucos segundos, a danada puxou a nota, já foi saindo e a garota dizendo:
_ Você disse que ia só soprar...
_ A tia já soprou, duas notas, duas belas onças ! - Marina ouviu a frase cada vez mais se distanciando. E naquela multidão, ela nada conseguia fazer.
Soprou a si mesma, sumiu, desapareceu a astuta cigana.
E o dinheiro da ingênua garota foi embora num sopro. Pior ainda que seu sopro de esperança, para conseguir de volta seu amor, desvaneceu. E muito pior, não aproveitou o carnaval! As amigas, na rua, curtindo a vida; e ela, no hotel, curtindo a deprê, soprando a alegria para longe.
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