Pilão Arcado, às margens do São Francisco, na Bahia, foi uma cidade que desapareceu para abrir espaço ao crescimento do sistema hidrelétrico do Velho Chico. Antes de ser rasgado do mapa geográfico do Nordeste, era um agitado centro político da Boa Terra. Lá vivia Péricles Azambuja, conhecido como Pepé Rabo-de-Saia, vereador, professor de latim, e assumido conquistador de mulheres casadas.
Um dia - há sempre um dia - Pepé Rabo-de-Saia resolve confessar-se, buscando, pela fé, mudar o seu estilo de vida. Procura, para tanto, o Padre Divino de Jesus, vigário da paróquia, dizendo ser "um histórico pecador, cujo maior pecado era o de procurar mulheres casadas", por isso estava ali para pedir perdão. O Padre Divino diz-lhe que só poderia conceder o perdão, se ele, Pepé Rabo-de-Saia apontasse as suas conquistas. Sòbrio e elegante, o vereador responde negativamente, lembrando que "um cavalheiro não tem memória".
O vigário, habilmente, começa, perguntando:"Não teria sido Dona Flor, esposa do delegado Tibiriçá X-9? "Nâo", responde o conveniente vereador. "E, não seria dona Belinha Cândida, mulher do mèdico Boaventura Salvador? "Não", garante Pepè Rabo-de-Saia. "Mas - continua o vigário - o senhor não teve um caso com dona Dália Pimenta, mulher do coletor Salgado Pimenta? "Não, senhor padre. Eu digo o pecado, mas nâo aponto a pecadora."
"Assim, eu nâo posso dar-lhe o perdão, responde o vigário. Ato contìnuo, o Rabo-de-Saia deixa a igreja, e, na saída, encontra o sacristão Anastácio Pastorinha, que indaga:
"Padre Divino deu-lhe o perdão?" "Nâo mas em compensaçâo deu-me três dicas monumentais!". E saiu rápido e fagueiro, à procura de novas conquistas. |