Suspirou até a última tragada do cigarro e aquietou o pensamento na masmorra. Nunca tinha visto o andar de cima pois sob o viaduto tudo era mistério e mais atraente. Aguardente era a água mineral que dispunha, mas tinha a água da chuva e nela tomava banho. Secava ao sol enquanto a roupa úmida vestia-lhe causando certo desconforto. Conseguiu alguns trocados de quem trafegava e o olhava com certo distanciamento, temendo ser a pobreza contagiosa pelo ar e resolveu ir à padaria comprar pão para saciar-se. Lá chegando, encontrou um certo amigo que silenciosamente o aguardava. Entrou no estabelecimento e comprou o que desejava e numa ânsia intensa pôs-se a comer vorazmente e enquanto fazia a única refeição, olhou ao distinto amigo. Eis que veio-lhe uma sensação de culpa por não ter tido a iniciativa de oferecer ao amigo anjo seu ato solidário. Mas o amigo inclinou-se e numa volta de 180 graus, desfez-se do entusiasmo da espera na esfera ocular da esperança de um dia encontrar e alegrar-se com a beleza solidária de uma mão amiga.