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Contos-->Índio vai para o céu? -- 11/05/2018 - 16:30 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





Índio vai para o céu?

 


Lá fora uma fileira de índios, aguarda que se extinga a fumaça da diamba, queimada aos espíritos de seus ancestrais, para que seus olhos se abrissem e pudessem ver a Luz.  Três caburés de cabelos corridos,  ainda estão na penumbra, entre eles, estivera o índio Arualdo. E, encontrando-se sob o jugo da rendilha cabrestante, foi entregue aos algozes, até que pagasse até o último centavo. Esteve no purgatório, como candidato ao céu, durante uma temporada de  estágios necessários à sua  purificação, de molde a poder apresentar-se diante de Deus.

Arualdo pensou alto: "Nome engraçado: Fernão de Noronha Capelo."

— Conheceste Fernão?
— Foi ele quem   me ensinou a alçar os primeiros voos. E continua ensinando a pai Onofre. 

O velho é cabeça-dura. Fez besteira. Mas se arrependeu no último momento, por isso, foi sugado para o alto,  antes de cair no  abismo. Ainda não pode apresentar-se ao Altíssimos. Mas tem garantia de céu. 

— Venha comigo, disse o padre Davi.

Passaram  por uma ponte que dá acesso a uma elevação montanhosa coberta de grama. Daquele ponto, tinham uma visão completa do universo. 

— Estás vendo aqueles índios que acabam de chegar no céu?
— Já vi esta cena antes. Não aqui. 

— São aqueles mesmo que se embrenharam enfileirados, mata a dentro, feito filho de perdiz. Tu os viste, quando eles  quando saíram de Campo Grande. Agora  concluíram o estágio de purificação assistidos por  Ramayana. São teus irmãos!
— Não mudaram nada! Os pequenos estão do mesmo tamanho...
— É bom que seja assim. No céu temos crianças, velhos, adultos, e gente  de meia-idade, gordos, magros... Mas pode ser mudado, de acordo com a vontade individual de cada um. Quem for gordo e quiser ser magro, no céu será magro. Não vês Jeremias? Na terra era baixinho, mas aqui...
— Aqui só tem gente bonita.
— No céu tudo é lindo. Muito lindo! Todos se revestem com a beleza do Criador.
— Chanana acabou de viajar para a ilha Basileia de Salomão, na forma de uma gaivota. Uma gaivota muito bonita!
— Ela está no céu?
— No momento, encontra-se numa ilha. Mas o céu está em todos os lugares. Só basta saber tocá-lo. Basta uma palavra, um pensamento ou um desejo justo e já  estamos aonde queremos ir. Quanto a Chanana, poderás vê-la daqui a pouco. Ela está em missão. Volta logo.
— Tinha até me esquecido que Chanana é minha irmã. Ela foi criada por madrinha Corina.
— Chanana era muito pequena, quando abandonaste Campo Grande com teus irmãos, e enfrentaste a mata, até à morada de teus ancestrais: a tribo do velho Cuiarana-Araruê em Goiás.
— Ele já era morto, quando chegamos lá.
— Sei. Foi por isso que Apinajé debandou da tribo.
— Minha mãe nos contou essa história.

Ouviram um coro celeste semelhante ao ruído de muitas águas e ao ribombar de trovão. O som  era ainda semelhante ao da cítara. Anjos cantavam um  cântico novo diante do trono. Viram também uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua; conservavam-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão. E todos os Anjos estavam ao redor do trono, em adoração:  ‘A Deus, toda honra e toda glória, pelos séculos dos séculos. Amém’. 
 
***
Adalberto Lima, fragmento de "Estrela que o vento soprou."
 
 

 Leia também:

O céu fez silêncio de meia hora

 A Compadecida

Céu, inferno e purgatório (miniconto)


Arco do cupido
 
A Compadecida






Adalberto Lima




Enviado por Adalberto Lima em 11/05/2018

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