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Cartas-->Carta à TV Globo: Senhora do Desatino -- 05/07/2004 - 10:06 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Encaminho aos Srs. meu desagravo em repúdio à apresentação, de modo falacioso e distorcido, de fatos alusivos ao Movimento de 1964, e ao desrespeito de um oficial-general do Exército já falecido e a sua família.

Atenciosamente,

Gerson S. Monteiro

CMG(FN-Ref)

*

DESAGRAVO ÀS FORÇAS ARMADAS

Gerson S. Monteiro (CMG(FN-Ref)

Por que será que a mídia, de um modo geral, nunca expõe para o público, quando enfoca o assunto "Revolução de 1964", ou, como denominam os inconformados, "Golpe de 64", os motivos reais que conduziram ambos os lados a adotar medidas excepcionais e extremas para solucionarem os graves problemas do país naquela época? Ou será que excessos e erros somente ocorreram com os militares?

Aqueles que pretendiam resolver tudo na "lei ou na marra", como disse um de seus líderes, promovendo a desordem civil e a desagregação nas Forças Armadas, com quebra da hierarquia e da disciplina, e o propósito claro de transformar o país num satélite comunista, por acaso não assassinaram militares e civis? E o que seria da democracia no país se tivessem logrado êxito no seu desiderato?

Agora vem o autor da novela "Senhora do Destino", em seus primeiros capítulos, retratar alguns fatos daquele tempo, de modo falacioso e distorcido, e ridicularizar, menosprezar e denegrir a autoridade e a pessoa de um oficial-general do Exército, que infelizmente já não se encontra entre nós para se defender e apresentar a sua versão. Será que o autor presenciou ou ouviu falar de tais ocorrências em Cuba ou na Rússia?

Procurem, a par da outra versão, conhecer e divulgar o real motivo do movimento revolucionário, assim como também o que os governos militares - como todo governo, com seus erros e acertos - realizaram em prol do desenvolvimento sócio-econômico do país.

A propósito, seria aconselhável que o autor e o diretor da novela "Senhora do Destino", bem com os eternos revanchistas tomassem conhecimento das opiniões de duas pessoas de nossa sociedade, por acaso, uma delas, seu patrão recentemente falecido, Roberto Marinho, expressas nos artigos abaixo, reconhecendo os relevantes serviços que os militares prestaram durante os seus governos e continuam prestando ao país, com seriedade, acendrado espírito de patriotismo, não visando a nenhum interesse outro senão o bem comum.

Finalmente, insisto, urge que os fatos ocorridos naquela época sejam sempre apresentados, independente de posição ideológica, com transparência, imparcialidade e isenção de ânimos, a fim de que, conhecedora das causas e das ações de cada lado, possa a opinião pública avaliar e tirar suas próprias conclusões sobre os acontecimentos ocorridos em 1964.

*

Julgamento da Revolução

Roberto Marinho

Participamos da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais da preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada. Quando a nossa redação foi invadida por tropas anti-revolucionárias, mantivemo-nos firmes em nossa posição. Prosseguimos apoiando o movimento vitorioso desde os primeiros momentos de correção de rumos até o atual processo de abertura, que se deverá consolidar com a posse do novo presidente.

Temos permanecidos fiéis aos seus objetivos, embora conflitando em várias oportunidades com aqueles que pretenderam assumir o controle do processo revolucionário, esquecendo-se de que os acontecimentos se iniciaram, como reconheceu o Marechal Costa e Silva, “por exigência inelutável do povo brasileiro”. Sem o povo não haveria revolução, mas apenas um “pronunciamento” ou “golpe” com o qual não estaríamos solidários.

O Globo, desde a Aliança Liberal, quando lutou contra os vícios políticos da Primeira República, vem pugnando por uma autêntica democracia, e progresso econômico e social do País. Em 1964, teria de unir-se aos companheiros jornalistas de jornadas anteriores, aos “tenentes e bacharéis” que se mantinham coerentes com as tradições e os ideais de 1930, aos expedicionários da FEB que ocupavam a Chefia das Forças Armadas, aos quais sob a pressão de grandes marchas populares, mudando o curso de nossa história.

Acompanhamos esse esforço de renovação em todas as suas fases. No período de ordenação de nossa economia, que se encerrou em 1977. Nos meses dramáticos de 1968 em que a intensificação dos atos de terrorismo provocou a implantação do AI-5. Na expansão econômica de 1969 a 1972, quando o produto nacional bruto cresceu à taxa média anual de 10%. Assinala-se que, naquele primeiro decênio revolucionário, a inflação decrescera de 96% para 12,6% ao ano, elevando-se as exportações anuais de 1 bilhão e 300 mil dólares para mais de 12 bilhões de dólares. Na era do impacto da crise mundial do petróleo desencadeada em 1973 e repetida em 1979, a que se seguiram aumentos vertiginosos nas taxas de juros, impondo-nos uma sucessão de sacrifícios para superar a nossa dependência externa de energia, a deterioração dos preços dos nossos produtos de exportação e a desorganização do sistema financeiro internacional. Essa conjunção de fatores violaram a administração de nossas contas externas obrigou-nos a desvalorizações cambiais de emergência que teriam fatalmente de resultar na exacerbação do processo inflacionário. Nas respostas que a sociedade e o governo brasileiros deram a esses desafios, conseguindo no segundo decênio revolucionário que agora se completa, apesar das dificuldades, reduzir de 80% para menos de 40% a dependência externa na importação de energia, elevando a produção do petróleo de 175 mil para 500 mil barris diários e a de álcool, de 680 milhões para 8 bilhões de litros; e simultaneamente aumentar a fabricação industrial em 85%, expandir a área plantada para produção de alimentos com 20 milhões de hectares a mais, criar 13 milhões de novos empregos, assegurar a presença de mais de 10 milhões de estudantes nos bancos escolares, ampliar a população economicamente ativa de 29 milhões para 45 milhões, 797 mil, elevando as exportações anuais de 12 bilhões para 22 bilhões de dólares.

Volvendo os olhos para as realizações nacionais dos últimos vinte anos, há que se reconhecer um avanço impressionante: em 1964, éramos a quadragésima nona economia mundial, com uma população de 80 milhões de pessoas e uma renda per capita de 900 dólares; somos hoje a oitava, com uma população de 130 milhões de pessoas, e uma renda média per capita de 2.500 dólares.

O Presidente Castello Branco, em seu discurso e posse, anunciou que a Revolução visava “à arrancada para o desenvolvimento econômico, pela elevação moral e política”. Dessa maneira, acima do progresso material, delineava-se o objetivo supremo da preservação dos princípios éticos e do restabelecimento do estado de direito. Em 24 de junho de 1978, o Presidente Geisel anunciou o fim dos atos de exceção, abrangendo o AI-5, o Decreto-Lei 477e demais Atos Institucionais. Com isso, restauravam-se as garantias da magistratura e o instituto do habeas-corpus. Cessava a competência do Presidente para decretar o fechamento do Congresso e a intervenção nos Estados, fora das determinações constitucionais. Perdia o Executivo as atribuições de suspender os direitos políticos, cassar mandatos, demitir funcionários e reformar militares. Extinguiam-se as atividades C.G.I (Comissão Geral de Inquéritos) e o confisco sumário de bens. Desapareciam da legislação o banimento, a pena de morte(nunca foi aplicada), a prisão perpétua(nunca foi aplicada) e a inelegibilidade perene dos cassados. Findava-se o período discricionário, significando que os anseios de liberalização que Castello Branco e Costa e Silva manifestaram em diversas ocasiões e que Médici vislumbrou em seu primeiro pronunciamento finalmente se concretizavam.

Enquanto vários líderes oposicionistas pretenderam considerar aquelas medidas fundamentais como “meros paliativos”, o então Deputado Tancredo Neves, líder do MDB na Câmara Federal, reconheceu que a determinação governamental “foi além do esperado”.

Ao assumir o Governo, o Presidente Figueiredo jurou dar continuidade ao processo de redemocratização. A concessão da anistia ampla e irrestrita, as eleições diretas para Governadores dos Estados, a colaboração federal com os novos Governos oposicionistas na defesa dos interesses maiores da coletividade, são demonstrações de que o presidente não falou em vão.

Não há memória de que haja ocorrido aqui, ou em qualquer outro país, que um regime de força, consolidado há mais de dez anos, se tenha utilizado do seu próprio arbítrio para se autolimitar, extinguindo os poderes de exceção, anistiando adversários, em plena liberdade de imprensa. É esse, indubitavelmente, o maior feito da Revolução de 1964.

Neste momento em que se desenvolve o processo da sucessão presidencial, exige-se coerência de todos os que têm a missão de preservar as conquistas econômicas e políticas dos últimos decênios.

O caminho para o aperfeiçoamento das instituições é reto. Não admite desvios aéticos, nem afastamento do povo.

Adotar outros rumos ou retroceder para atender a meras conveniências de facções ou assegurar a manutenção de privilégios seria trair a Revolução no seu ato final.

*

Prezado Amigos

Após assistir os dois primeiros capítulos da nova novela resolvi enviar o texto abaixo para a Rede Globo. Gostaria que vocês estimulassem outras esposas de militares a também enviar mensagens contando suas experiências. Nosso lado também tem histórias que devem ser contadas, mas somente nós podemos contá-las. Nosso silêncio permite que outros divulguem somente seu ponto de vista e a história, para ser fiel aos acontecimentos, deve ser contada considerando todos os lados. Alguns podem achar que não vale a pena, mas se não tentarmos, nunca saberemos.

Um grande abraço

Maria Tereza

Prezados Srs

No ano de 1968, eu era a jovem esposa de um tenente que morava na Vila Militar. Vivíamos constantemente em sobressalto com as ameaças dos terroristas que enviavam mensagens informando que iriam seqüestrar nossas crianças, jogar bombas em nossas casas. Nossos maridos estavam sempre de prontidão, confinados nos quartéis por conta da arruaças dos "estudantes", e nós permanecíamos sozinhas em casa, com medo das continuas ameaças. Muitos podem nos dizer -- Eram somente ameaças -- Mas o terrorismo é assim mesmo, a imposição de terror através de ameaças nem sempre compridas. Em uma determinada ocasião, uma militante ficou presa no quartel de meu marido, que tomou todos os cuidados para que ela tivesse privacidade e fosse respeitada por todos, tendo até mesmo comprado com seu próprio dinheiro, absorventes higiênicos para seu uso. Costumava conversar com ela para amenizar sua solidão, até um dia em que ela disse -- Quando eu sair daqui eu vou colocar uma bomba em cada casa desta Vila Militar. Meu marido lhe disse --Mas minha família mora aqui na Vila. E ela respondeu - Pois vou colocar até mesmo na sua casa. Depois disso, ficou impossível continuarem as conversas. Também houve um senhor mais velho, que durante o tempo que esteve preso contou com sua atenção. Anos depois, durante um jantar em casa de um antigo colega de escola, fomos surpreendidos quando uma das convidadas se revelou com filha deste senhor e disse que o mesmo já havia falecido deixando com ela a incumbência de, se algum dia tivesse a oportunidade de encontrar meu marido, agradecer a ele por tudo que lhe havia feito num momento de tanta angustia. A grande maioria dos militares jamais participou da repressão direta aos terroristas, faço questão de assim chamá-los, pois fui vítima de seu terrorismo. Eles assaltaram bancos, seqüestraram pessoas, jogaram bombas, enfim lutaram com todas as armas que tinham. Todos sabemos que o que eles queriam era implantar um governo de esquerda, como Cuba. Nós ganhamos a "guerra" e felizmente o sonho deles não se realizou. Qual não foi nossa surpresa quando após a anistia eles passaram a contar outra história e se mostram aos nossos jovens como defensores da democracia. E é esta história que está aparecendo na novela, parece que eles eram os mocinhos e os militares os terríveis vilões. Espero que a TV Globo tenha o cuidado de mostrar todos os lados da questão, seria uma excelente oportunidade para que os jovens tivessem uma visão global desta página de nossa história. Sugiro que vocês solicitem que outras pessoas, não apenas esposas, mas filhos, pais, irmãos de militares que viveram nesta época colaborem contando episódios que possam ilustrar melhor este tempo conturbado.

Agradeço sua atenção e espero ver atendida minha solicitação.

Maria Tereza Baumotte





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