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cronicas-->De Homens e Aranhas -- 01/01/2008 - 23:38 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Último dia de um ano prolífico. Resolvi, em meio a detonações e reflexos de bombas explodindo, dizer o que sinto enfim. Sei que os aracnídeos me rondam, sei pelos seus múltiplos olhos que devo parecer um estranho, mas afinal, para um aracnídeo, que tem oito olhos, o que significa meu sincero sentimento e vamos e venhamos, do ponto de vista dele, que significa um ser bípede de dois olhos que fixa determinados objetivos e vai além?
Último dia de um ano comovente; senão, o que ia ser todo ano? Um pouco mais que uma fieira de dias insossos, numa interminável sequência de alvoreceres e pores de sol? Tem de ser mais do que isso. Pense, meu caro, pense afinal: Não é para isto que servem suas trilhões de conexões cerebrais, que projetam um sistema holográfico de informações além de sua mente, além de todo o tempo e espaço, sem passado ou futuro?
Não que seja muito diferente o tempo das aranhas, sempre tecendo suas infindáveis redes de intrigas, sempre se movendo no silêncio das noites a enredar suas presas inermes, em meio ao vento e à poeira. Não que seja diferente o tempo nosso, sempre preocupados com o que pensam os outros da gente, numa rede de intrigas feita por nossa própria mente e a dos outros, enredadas na trilha do escuro de nossa senda diferente. Pense bem: É diferente?
Bom, resolvi falar o que sinto: Medo danado de aranhas e da rede da vida que enreda a gente na intriga dela e move nossas mentes na senda escura do tempo que pensamos ser nosso. De quem é o tempo, afinal? Do relógio? Do pulsar das estrelas? Do silêncio das aranhas a contemplar suas presas inermes? Nosso? Nós medimos o tempo, ele se espalha relativo a nós e aos outros: Meu tempo não é o mesmo da aranha que de palpos adiante me observa de seu jeito de ser diferente: Pudera, tem oito olhos e nenhum dente! Resolvi falar o que sinto e o que penso, já era tempo afinal!
Que ano diferente, cheio de intrigas, cheio de teias de vida, cheio de reencontros e coincidências nada estranhas, sincronicidades ocultas em palavras e olhares cheios de esperança, cidades inteiras movidas a luz de estrelas, cidades eternas no mundo e na mente, tanto a minha quanto das aranhas e seus ninhos escuros, povoados de olhos sinistros e brilhosos, silêncios ocultos e sanguíneos, sem brigas ou sonhos, povoado de estranhos nem tanto, a teia da vida e dos múltiplos sons e vidas que eu vi e sonhei. Neste dia que finda junto com um ano todo, eu resolvi falar das aranhas e de meus sonhos, imbricados uns nos outros, em minhas esperanças que são de todos, sempre ao fim vem um recomeço, a palavra em si já supõe o significado oculto, dentro de si mesma como um roteiro de cinema que fala de um filme dentro dele próprio, o significado sempre é mais profundo e estranho que o que você num olhar rasteiro pode deixar escapar.
Num momento eu estou aqui, no outro, de taça na mão direita, dirijo um sorriso aos meus: O que os oito olhos vêem nos mil reflexos da taça de champanhe? Será que ela conhece a água, seria capaz de entender a significação das datas que passam, seria capaz de captar as vibrações sutis dos encontros que ocorrem nestas horas medidas em frações de eternidade, como se quiséssemos enclausurar o inominável que nos espera lá na frente em nossos pulsos, a controlar o fluxo das horas que nos separa do novo, bem adiante de nossos narizes?
Ah, resolvi falar o que penso e sinto, neste último dia de um santo ano do Senhor, mais um dos que ouso viver sem nenhum pudor nem tristeza à vista: Que seja bom, que seja seminal, para mim e para os meus e para as minhas companheiras de oito olhos, o milagre da multiplicação das teias. Saúde!
(Não é que a aranha me ergue um brinde?)
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