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Artigos-->FALAR EM LÍNGUAS -- 15/03/2003 - 22:13 (LUIZ ROBERTO TURATTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
FALAR EM LÍNGUAS



Por padre Oscar Quevedo (www.clap.org.br)



Glossolalia no Hinduísmo



1.- Pergunta Carlos Eduardo:



"Olá, caríssimos integrantes do CLAP: O que vocês acham a respeito de falar ou cantar em línguas´, que é praticado principalmente pelas reuniões das igrejas evangélicas e parece estar ganhando um bom espaço na Renovação Carismática Católica. Ou vocês negam o fato na Renovação Carismática? Obs.: Se a resposta for dada pelo Pe. Quevedo ficarei agradecido, já que tenho uma grande admiração pelo mesmo (Pe. Quevedo: Muito agradecido. Sou sempre eu que respondo no "Diálogo com os Internautas", assim como são meus os artigos assinados).Obrigado pela atenção. Abraços".



2.- Pergunta (ou reclama) Deise:



"Padre Quevedo, o senhor sabe do meu carinho e admiração, mas não entendo uma coisa. O senhor disse no curso que assisti e nos seus livros, que a Parapsicologia só encontrou milagres em ambiente judaico antigo, cristão até as diversas separações e depois exclusivamente católico. Eu concordaria, mas fico meio... A Renovação Carismática Católica afirma muito convictamente que é milagre do Divino Espírito Santo e dos Anjos que estariam falando ou cantando em línguas. E esse mesmo milagre acontece continuamente na Igreja Universal do Reino de Deus, assim como em outras muitas denominações pentecostais. Em que ficamos? Por favor, me explique. Aquele abraço!"



3.- Reclama Luciana:



"Querido Pe. Quevedo, antes de mais nada abraços de sua amiga. Valeu a experiência da agulha no meu braço, especialmente pela amizade conquistada. Estou esperando outra oportunidade para me candidatar em outro curso seu. Mas agora quero "protestar": O senhor disse, e certamente não entendi mal, pois o senhor foi muito claro, que a Igreja Católica durante séculos considerou o falar em línguas como argumento de possessão demoníaca. Ora, também é católica a Renovação Carismática e considera esse mesmo fato como coisa do Espírito Santo e dos Anjos. Deus e o Diabo nas mesmas ações?! Bem, eu percebo... Basta um pouco de senso comum, sem precisar sem grande mestre em Psicologia e Parapsicologia, que "grande" eu não sou, para compreender que o falar em línguas dos carismáticos e de tantas outras denominações pentecostais, como também no Candomblé etc., não passa de alterações psicológicas, inclusive ridículas. Mas gostaria que me explicasse como é que teólogos católicos antigos puderam cair em semelhante erro!"



4.- Pergunta "Renport", Brasília:



"Nunca fui praticante de nenhuma religião, embora tenha feito a Primeira Eucaristia, na infância, até que há 5 anos me converti para o Catolicismo. Hoje realizo várias atividades dentro da Igreja, na paróquia de meu bairro, inclusive na área musical e estou bastante feliz por ser católico. Porém, ultimamente tenho visto uma série de mudanças acontecendo na minha paróquia, o que tem me desagradado bastante. Tem ocorrido uma verdadeira invasão do movimento que ficou chamado de Renovação Carismática Católica. Até aí tudo bem. Mas o que me incomoda são alguns momentos de oração com oração em línguas´ e repouso no Espírito´, entre outros (...). Tais fatos têm me incomodado muito, fazendo com que nesses momentos a nossa tão linda Igreja Católica se aproxime de práticas das seitas evangélicas ou mesmo dos espíritas. Tenho visto isso acontecer em várias paróquias, não só na minha, e estou um pouco desanimado. Já conversei com alguns padres, e vejo que não sabem explicar... Qual a sua opinião sobre esse fenômeno? Desde já agradeço".



5.- Protesta Thiago Leandro V. C.:



"Realmente não entendo como um site católico (Catolicanet), que tem por objetivo evangelizar e portanto trazer almas para Deus, permite que haja no seu portal uma página desse tal de Padre Quevedo, que classifica o dom de línguas como desequilíbrio. Fala muito contra os dogmas da Igreja, põe em dúvida a infalibilidade do Papa, discorda do magistério da Igreja. Realmente protesto". (Pe. Quevedo: Parabéns por sua adesão sincera à Igreja. Eu também. Nunca falei contra nenhum dogma, nem pus em dúvida a infalibilidade Papal quando fala "ex cátedra", e ao magistério ordinário da Igreja jamais desobedeci publicamente nem sequer na ordem meramente disciplinar. São calunias que lançam contra mim, inclusive na mídia, os que propagam falsidades e não têm argumentos contra as refutações que fazem os parapsicólogos mais esclarecidos).



6.- Concorda Renato A. N. P., Salvador:



"Fiz aqui o curso do CLAP. Concordo plenamente com a interpretação da Parapsicologia a respeito do dom de línguas´ tão difundido pelos carismáticos".



7.- Pergunta Clovis M. de G.:



"Sou seminarista e tenho uma dúvida. Como reconhecer a veracidade ou não como um Dom do Espírito Santo a prática de orar em línguas, que os católicos carismáticos, mas também os evangélicos de diversas denominações pentecostais afirmam possuir? Desde já muito obrigado"



8.- Pergunta Roselene R.:



"Padre, gostaria de saber sobre oração em línguas ou orar na língua dos anjos no repouso no Espírito. Por favor, padre".



9.- Pergunta Jandira P.:



"Prezado padre Quevedo, fiz um curso com o senhor aqui em Belo Horizonte na década de 70, e gostei muito. Foi no Colégio Santo Agostinho. Gostaria muito de ser esclarecida sobre o Dom de Línguas na RCC. Eu sou uma pessoa católica , catequista, pratico a meditação, faço a Lectio Divina, enfim gosto mais de uma oração silenciosa a Deus, mais quieta. Essa coisa de falar em línguas me deixa dúvidas. Nos Atos dos Apóstolos aqueles que os ouviam falando em línguas as entendiam perfeitamente em suas próprias. O que não acontece hoje, quando as pessoas ficam cantarolando algo meio parecido e ninguém entende nada. E o `repouso no Espírito´, também da RCC, onde as pessoas simplesmente caem no chão? Obrigada. Um grande abraço. Fique com Deus".



10.- Pergunta "Smokey":



"Oi, padre, gostaria muito de saber sobre falar em línguas, pois vejo muitas pessoas relatar que em muitas denominações de igrejas evangélicas e até mesmo na católica carismática falam em línguas. Não sei bem o que a Bíblia fala sobre esse fenômeno. E qual o poder das pessoas que fazem as traduções? Muito obrigado por seu tempo. Paz de Cristo".



11.- Pergunta Samuel A.:



"Padre Quevedo, gostaria de saber mais sobre o `Dom de Línguas´, se existe e se existiu no passado. Grato".



12.- Pergunta "Mariolon":



"Sou de Taubaté, interior de São Paulo, e tive uma dúvida: o senhor acha que orar em línguas, o que muitos membros de grupos de oração da RCC fazem, seja o `Verdadeiro Dom de Línguas´ ou é o fenômeno `xenoglossia extra-normal´ da Parapsicologia? Por favor, espero sua resposta. Desde já, grato".



13.- Reflete Jorge Fernando:



"Numa missa carismática e num culto evangélico se fala em línguas estranhas. Seria realmente a atuação do Espírito Santo apoiando diversas doutrinas e mesmo contraditórias?".



14.- Reclama Yvonete:



"Falam em línguas. Que fenômeno ocorreu? Seria o Divino Espírito Santo na Renovação Carismática Católica? E os demônios na época da bruxaria, e hoje em muitas pessoas que se dizem curadas nos cultos na IURD? E Lúcifer nos Cultos Satânicos? E os Orixás e Exus no Candomblé? E os espíritos dos mortos no Espiritismo? E... Por que todas essas diversas interpretações se o fenômeno é idêntico?".



15...- E outras muitas perguntas ou reclamações parecidas.



Glossolalia no Espiritismo



RESPOSTA GERAL



Em Psiquiatria chama-se glossolalia o fenômeno de tagarelar palavras sem sentido.



--- É simplesmente sintoma de histeria. São Paulo não tem autoridade direta em ciência, senão em Religião. Mas indiretamente, disciplinarmente, pastoralmente deve ser obedecido. Sem dúvidas, São Paulo alcançou de Deus a compreensão de tão importante problema pastoral, e mandou: "Se vossa linguagem não se exprime em palavras inteligíveis, como se há de compreender o que dizeis? Estareis falando ao vento" (1Cor 14,9) "Ora, se não conheço a força da linguagem (...) aquele que fala será como um bárbaro para mim" (ibidem, 11). "Aquele que fala em línguas, deve orar para poder interpretá-las" (13). "Numa assembléia prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência, para instruir também os outros, a dizer dez mil palavras em línguas" (19). "Se, por exemplo, a Igreja se reunir e todos falarem em línguas, os simples ouvintes e os incrédulos que entrarem não dirão que estais loucos? (23). "Se há quem fale em línguas, falem dois, ou no máximo três, um após o outro. E que alguém as interprete. Se não há interprete, cale-se o irmão na assembléia" (27s). "Se alguém julga ser profeta ou inspirado pelo Espírito, reconheça nas coisas que vos escrevo um preceito do Senhor" (37).



Não há porque insistir nessa histeria. Passemos a autênticos fenômenos parapsicológicos:



Falar línguas desconhecidas (ou escrever, entender, empregar de alguma maneira...), línguas que a pessoa não aprendeu, este fenômeno em Parapsicologia é chamado xenoglossia. (Em Teologia aplica-se incorretamente o termo glossolalia ao que deveria chamar-se xenoglossia).



Não é xenoglossia propriamente dita, ou é xenoglossia impropriamente dita inventar línguas, como é o caso maravilhoso da língua marciana e outras línguas de muitos outros planetas, caso que enganou a todos os sábios de Europa e América até que os excelentes parapsicólogos Flournoy, Lhermitte, Henri, Grasset... explicaram e demonstraram que se tratava de línguas inventadas pelo maravilhoso talento e incrível memória do inconsciente de Helena Smith (Srta. Muller).



Não é o demônio que

fala línguas...



Na enumeração no antigo Ritual Romano, o primeiro argumento de "possessão demoníaca" era "Falar línguas desconhecidas..." ("Ignota lingua loqui...").



--- Sem fraude e com certa desenvoltura a xenoglossia é bastante rara entre os casos apresentados como demonológicos. É típico que o "demônio" não saiba línguas estrangeiras! Só algumas palavras soltas! Glossolalia, sim, é freqüente, freqüentíssima, entre os "endemoninhados", umbandistas, lamas do Tibet, aissáuas da África, pentecostais, carismáticos, etc.



No famoso caso de Anneliese Michell, por exemplo, o exorcista, Pe. Arnold Renz, aproveitando que passara quinze anos em missões na China, teve a idéia de falar em chinês com o "demônio". Sem sucesso. "Se queres falar comigo - respondia sempre Anneliese -, fala alemão", língua natal da "endemoninhada".



"...Ou entender a quem fala" ("... vel loquentem intelligere"), na formulação do antigo Ritual:



--- O Ritual Romano simplesmente apresentava o que considerava argumentos (?) de "possessão". Não provava por que seriam argumentos.



Alcançou o máximo de fama em xenoglossia, das atribuídas ao demônio, o caso de Germana Cele, a "endemoninhada" Cafre. Segundo as testemunhas, "entendia todas as línguas em que era interrogada". Não falava nenhuma outra língua diferente da sua, só as entendia.



--- Acrescentam alguma coisa à adivinhação por HIP? Hiperestesia Indireta do Pensamento, captar o pensamento da pessoa que está presente, é um dos fenômenos mais vulgares em Parapsicologia. Absolutamente natural. Ora, "o que se pode explicar naturalmente, não se deve explicar sobrenaturalmente"...



O célebre Pe. Moigno, conceituado sábio da França de meados do século XIX, falando das mesas girantes pretende provar o porquê este "argumento" do Ritual Romano, a xenoglossia, é prova de intervenção demoníaca. Escreve o Pe. Moigno, analisando as experiências do Dr. Vauquelin: "Desta vez, o caso é por demais extraordinário, e definitivamente cai em plena magia (evocação do demônio). É chegado o momento de denunciá-lo a Roma".



"Porque a mesa responder ao pensamento de alguém que lhe impõe as mãos, é psicológica e fisicamente explicável. A mesa então não passa de instrumento puramente passivo. Mesmo que a pessoa não tenha consciência disso, é certamente ela que emite tanto a pergunta como a resposta. Mas se, como dizia Arago (um dos pioneiros na pesquisa do hipnotismo), a mesa sobre a qual uma pessoa impõe as mãos, interrogada numa língua que esta pessoa ignora, dá por meio de um número exato de pancadas resposta à pergunta que se lhe faz, neste caso não se trataria nem de magnetismo, nem de eletricidade, nem de influência da vontade sobre a matéria".



" Admite, então, a possibilidade e mesmo a verdade da magia e da intervenção dos espíritos? , me dirão. Sim, forçosamente, sim (...) se admitis que às perguntas que lhe fazeis, a mesa responde numa língua qualquer, ignorada daquele que toca o móvel; se admitis (...) que uma pessoa adormecida (em transe, em hipnose) sabe, compreende, fala línguas que ele jamais aprendeu".



"Se não fostes ludibriado, se os fatos extraordinários que nos afirmais são verdadeiros, estamos então com a verdade: a intervenção dos espíritos e a magia são então tristes, mas grandes realidades (...). As inteligências que rejeitassem essa dedução do bom senso seriam inteligências anormais, e discutir com elas seria o mesmo que fazê-lo com verdadeiros loucos".



--- O Pe. Moigno não prova que a xenoglossia se deva ao demônio (ou aos espíritos, etc.). Ele não prova que adivinhar o pensamento, que a HIP seja coisa do demônio. Dá por suposto que esta faculdade -de atuação tão freqüente!- não existe no homem! Portanto -deduz- se existisse qualquer adivinhação, seria coisa do demônio!



Por quê? Simplesmente porque não o sabe explicar. Sabe explicar os movimentos da mesa. Sabe que a mesa gira por efeito de movimentos inconscientes das pessoas que nelas põem as mãos. Portanto -deduz- não são obra do demônio nem dos espíritos... Por que não admitir, então, que os tais movimentos inconscientes correspondem a pensamentos também inconscientes? Por que não pode responder a perguntas formuladas em línguas estrangeiras, se basta que mexa correspondendo ao pensamento de quem perguntou em outra língua?



Em outro caso célebre, "nescio loqui latine" ("não sei falar em latim"), dizia o "demônio" na Cochinchina com grande pasmo do Pe. Delacourt.



--- Frase feita. Essa é a frase que conhece quem -entre tanta gente que naquela época sabia latim-, não sabe mais latim do que dizer que não sabe. Qualquer analfabeto, hoje, sabe uma frase equivalente em inglês: "I don t speak English".



"Pluribus verbis": Mas o Ritual Romano não apresentava como argumento de possessão simplesmente dizer uma ou duas ou poucas palavras em língua desconhecida. Expressamente diz "com bastantes palavras".



Apesar de ser "com muitas palavras", seria errado dar qualquer significado sobrenaturalístico ao simples repetir, mesmo que seja capítulos inteiros em língua estranha. Alfredo, de sete anos, o mais velho dos irmãos Pansini, "depois de haver assistido várias vezes a sessões espíritas, caiu em profunda sonolência (= transe, auto-hipnose, "repouso no Espírito"...). Repetiu-se mais vezes. Neste estado falava com voz insólita (ecolalia, em Parapsicologia e Psiquiatria) como um grande tagarela. Em grego, latim e francês e recitando muito bem alguns cantos da Divina Comédia".



--- O que tem isso de misterioso para quem saiba que o inconsciente não esquece nada? Pantomnésia (=memória de tudo). Assim é a memória do inconsciente. Quem nunca ouviu longos e longos parágrafos em língua estranha, na TV, no cinema, no rádio, na rua...? Nada acrescentam esses casos à mais descarnada pantomnésia.



Xenoglossia inteligente: Como não lhe escapa que não se deveria dar importância ao fato de simplesmente repetir como o faria um gravador frases aprendidas de cor -isto é muito freqüente-, o Pe. Balducci -exorcista em Roma!- interpreta o "pluribus verbis" no sentido de uma xenoglossia inteligente: "A xenoglossia consiste em falar ou escrever em uma língua existente, presente ou passada, mas de todo desconhecida ao paciente. Trata-se, pois, de uma conversa, de pronunciar ou escrever frases que tenham um nexo lógico com quanto se pergunta, com a conversação que se está desenvolvendo, e isto em uma língua completamente ignorada, mas verdadeira"



A xenoglossia, assim entendida, seria o argumento mais importante (?), ou o único válido (?) do antigo Ritual. Diz o Pe. Balducci expressamente: "A xenoglossia assim considerada, parece de origem preternatural (demoníaca). Entre os diversos fenômenos que examinaremos é este o único para o qual retemos que se pode suster uma semelhante afirmação". Poucas linhas mais adiante o Pe. Balducci se atreve a dizer que o argumento por ele apresentado "dá um valor absoluto" (!?) à sua afirmação "de que a xenoglossia (inteligente) se deve ao demônio".



Por que? O Pe. Balducci vai procurar o "argumento" no espírita Bozzano!, (que o esgrime contra o grande parapsicólogo René Sudre!): "Para compreender uma língua não é necessário que o médium a conheça, porque lhe basta perceber o pensamento do consulente (de acordo: HIP). Não assim quando se trata de falar uma língua. Neste caso é taxativamente necessário que o médium conheça a língua. A clarividência (HIP, seria o termo correto aqui) é impotente para fazê-la conhecer, a tal impotência deriva do fato de que a estrutura orgânica de uma língua é pura abstração e, em conseqüência, não se pode ver nem perceber no cérebro de outrem".



--- É que em Bozzano naquela época os conhecimentos de Parapsicologia eram ainda um tanto deficitários. Mas não desculpável no Pe. Balducci. Como muito bem sugeria Lombart -e repito mais uma vez-, desconhecimento da explicação natural não é prova de sobrenaturalidade: são fatos "cuja explicação ultrapassa nossos conhecimentos atuais (Lombart escrevia em 1907) ou nossos meios de informação". Para atribuir ao alem não basta o desconhecimento, há que apresentar provas.



Os mesmos Bozzano e Balducci se contradizem. Primeiro admitem que "nos livros ou no cérebro de outrem poder-se-ão, quando muito, ler frases em língua estranha, mas não entendendo o seu significado, coisa que pressupõe o conhecimento abstrato da língua". Concedem também que "para compreender uma língua não é necessário que o médium a conheça, porque lhe basta perceber o pensamento do consulente". Ora, se quando o "endemoninhado" ouve uma frase em língua estranha pode entendê-la na mente do interlocutor, por que não poderia entender na mesma mente do interlocutor a frase que nela captou? Por que só se pode entender o ouvido e não o captado? Capta o pensamento e a frase com que o formula, capta a frase e o pensamento que a acompanha.



Além do mais, que necessidade há de entender a frase para poder usá-la? Balducci e Bozzano concedem que o sensitivo pode captar frases na mente do interlocutor. Pois bem, quando o interlocutor faz uma pergunta, é evidente que se associa, ao menos no inconsciente, automaticamente, uma frase-resposta adequada. O sensitivo pode captar essa frase resposta. Ao menos no inconsciente: HIE, Hiperestesia (Indireta do Pensamento) Inconsciente Excitado, mais freqüente do que o HIP, no consciente. Quanto mais consciente menos fenômenos parapsicológicos...



A resposta será de acordo com as circunstâncias. Xenoglossia inteligente não significa que quem fala entenda, senão que o que fala está de acordo com a conversa.



Por HIE explica-se, por exemplo, o caso de Laura Edmonds, que manteve uma conversa em grego com o Sr. Evangelides sem que ela nada entendesse. Na base de captar no Sr. Evangelides as respostas que seu próprio inconscientes dava às perguntas que dirigia a Laura. Laura nada entendeu do que ela disse.



Quem fala, aliás, geralmente não entende o que fala, está em profundo "repouso no Espírito", em transe, em auto-hipnose, em estado de inconsciência, não lembra nada do que disse ou aconteceu durante o transe, inclusive freqüentemente é um retardado mental...



Hoje, contra o moderno Balducci, a Parapsicologia concede razão ao antigo grande Dalbiez, que escrevia: "Se como acontece a maioria das vezes um membro do auditório ou o interrogante conhece a língua em questão, a xenoglossia (inteligente) não é argumento (como demoníaca, espírita, etc.), porque se pode supor que eles elaboram inconscientemente a resposta e que o paciente então se apodera dela através da leitura do pensamento. Pela mesma razão, o fato de compreender uma ordem ou uma pergunta em língua desconhecida ao paciente, mas conhecida pelo experimentador, não é probatório: pode ainda tratar-se de simples leitura do pensamento".



Curioso Estratagema: Recentemente, alguns autores com conhecimentos de Parapsicologia arquitetaram um meio que lhes parece engenhoso para evitar a HIP nas respostas e assim poder determinar se a xenoglossia é mesmo demoníaca (!). Aradi, inspirando-se nos excelentes parapsicólogos e padres Tonquédec, Thourston, Bruno de Jésus-Marie, e muitos outros, recomenda:



"Por isso é importante que o exorcista e seus assistentes falem com o paciente durante o inquérito em uma língua que não compreendem. As respostas (do paciente, que podem ser gravadas) são traduzidas depois do interrogatório. Essas perguntas, cuidadosamente preparadas por outra pessoa (que deve ficar ausente), são lidas para o paciente. A razão desta precaução é que, se conhecer a significação do que pergunta, o exorcista formulará a resposta em seu subconsciente, e por telepatia (o correto seria dizer HIP e melhor HIE; à telepatia nada importa a distância), essa mesma resposta será percebida pelo paciente e devolvida ao inquiridor".



--- Reconheço que esta estratégia pode ajudar um pouco. A resposta em língua estranha fica um pouco dificultada. Só dificultada, não impossibilitada. Se surgir a resposta xenoglóssica, o estratagema servirá apenas para enganar mais profundamente ao exorcista. Porque a resposta, breve, pode ser captada precisamente por telepatia, à distância, na pessoa que formulou a pergunta. HIP é mais freqüente do que PG (a telepatia é uma divisão de PG), mas PG também existe!



Mas, repito, o estratagema pode ajudar, porque além de PG ser menos freqüente que HIP e HIE, por PG só pode surgir uma xenoglossia muito breve, uma frase não muito comprida, umas palavras. PG nunca manifesta coisas complexas. Daqui a importância do "pluribus verbis".



E há outras possibilidades. O próprio Aradi alude a outras possibilidades: "O emprego de uma língua desconhecida não significa necessariamente que o paciente saiba falá-la. Em tal caso, poderia ser criptomnésia (pantomnésia, memória do inconsciente, não reconhecida como tal pelo consciente), reaparecimento de recordação lingüística perdida. Poderia também significar que os ancestrais do paciente conheciam a língua que reaparece nele" (herança genética).



--- Esta última hipótese está longe de ser comprovada, inclusive é falsa, mas não seria absurda: sempre seria mais lógica como hipótese, do que a hipótese demoníaca, espírita, etc. Não se deve explicar sobrenaturalmente o que poderia explicar-se naturalmente...



(HIP ou HIE, Pantomnésia ou Criptomnésia, Talento do Inconsciente, PG...Tenho que dar aqui por conhecidas essas faculdades de conhecimento parapsicológico, que explico nos meus livros).



Os casos mais famosos: O caso mais famoso da demonologia, em todo caso um dos mais famosos, foi o dos "endemoninhados" de Illfurt.



--- Mas sob o aspecto de xenoglossia a história se reduz a frases excessivamente gerais, que não podem ser consideradas de especial valor, sem casos concretos que possam corroborá-las e em contradição com o único fato um tanto mais concreto que se publicou. Manifestamente o estilo dos redatores é entusiasta e empolgado, exagerado...



De Teobaldo se afirmava que "se queria, falava perfeitamente todas as línguas, sem o menor erro; e freqüentemente falava o dia inteiro no mais puro francês que se possa encontrar".



--- Não ultrapassaria as possibilidades parapsicológicas que os "endemoninhados" (?) falassem qualquer língua que algum dos presentes conhecesse (HIP). Mas isso não é igual que afirmar que "se queria falava perfeitamente todas as línguas". E falar com soltura uma língua desconhecida, só francês.



Afirma-se que os meninos "falavam corretamente as línguas mais díspares; respondiam sem hesitar em francês, em latim, em inglês. E compreendiam os dialetos da França e da Espanha".



--- Estranha que se fosse o demônio, só entendesse, mas não falasse os dialetos da França e da Espanha.



"Se queria" se diz: assim resolve-se com excessiva facilidade que o "demônio" não conseguisse falar aqueles dialetos, ou com soltura os complicados latim e grego... Afirmou-se que "respondia sem hesitar (...) em latim", mas com respeito a esta língua expressamente em outra oportunidade se reconhece que tinha maior dificuldade: "Entretinha-se de bom grado com os que vinham a seu encontro, respondendo em ótimo francês; ou em latim, mas não tomava a iniciativa nesta língua". Só umas palavras.



O fato da clara preferência pelo francês, precisamente sendo tantos os visitantes franceses, já está indicando a origem natural do fenômeno.



E quando se cita um caso concreto, o exagero das ponderativas frases lançadas anteriormente fica manifesto: um dia dois estudantes "lhes dirigiam algumas perguntas em um dialeto que se parecia muito ao espanhol, e do qual o senhor Tresch não entendia nada. Os meninos (os "demônios"!) responderam em francês, mas perfeitamente de acordo. Tendo eles, de novo, perguntado se sabiam donde vinham e aonde se dirigiam, responderam em alemão" (a língua natal).



--- Isto é, frases elogiosas a respeito da xenoglossia dos "endemoninhados" de Illfurt, mas ao concretizar demonstra-se que é pouca coisa. Tudo encaixa em pantomnésia e em HIP. Compreende-se que os meninos tivessem mais facilidade nas línguas mais ouvidas. Não se compreende se a origem da xenoglossia fosse o demônio.



As freiras de Loudun: Outro grande caso esgrimido pelos partidários da interpretação demonológica.



--- É que após séculos de coexistência com os humanos, o demônio ainda não conseguiu dominar o arrevesado latim?



Em novembro de 1612, o exorcista, diante do Sr. Cerisay, mostra a Sagrada Hóstia aos demônios Asmodeu, Leviatã, Balaam, Behemoht e Isacaaron, pelos quais a Madre Jeanne des Anges pensava estar possuída, e pergunta a qualquer deles: "Qüem adoras?" (A quem adoras?). A "endemoninhada" responde: "Jesus Christus" em vez de "Jesum Christum", pelo que um dos presentes ironizou: "O diabo não é exato". Então o exorcista modifica a pergunta para que a resposta do diabo (?) pudesse encaixar em exata declinação: "Quis est iste qüem adoras?" (Quem é este a quem adoras?), mas a coitada da freira (o demônio!) nem adivinhou a boa intenção do exorcista, e repetiu outra declinação tantas vezes ouvida, mas aqui errando de novo: "Jesu Christe". Desta vez o excelente parapsicólogo Prof. Lhermitte ironicamente conclui: "entre os demônios reunidos, não havia nem sequer um pobre latinista!".



Por isso, o sábio Aldous Huxley, que apresenta várias explicações da xenoglossia, duvida que algum suposto endemoninhado tenha apresentado uma xenoglossia um tanto mais aceitável, o mínimo que seria de esperar se fosse o demônio o interlocutor: "Nos casos nos quais as pessoas em estado de transe mostraram um conhecimento inequívoco de alguma língua da qual eram desconhecedores no consciente, geralmente a pesquisa tem mostrado o fato de que tinham falado aquela língua na infância ou que a tinham ouvido falar, e sem compreender o significado das palavras, tinham se familiarizado no inconsciente com os seus sons... Parece questionável se algum suposto endemoninhado passou realmente na prova da linguagem (xenoglóssica) de uma maneira completamente inambígua e definitiva".



A atual pesquisa parapsicológica possui casos como, entre muitos exemplos, o de Iris-Lucía (caso que exponho detalhadamente em "A Face Oculta da Mente". Após uma crise, "esquece" a língua natal e passa a falar uma língua desconhecida. Laboriosas pesquisas demonstraram que era uma língua (o espanhol) que em criança tinha ouvido muito (tivera uma aia espanhola), e só o inconsciente a aprendera. Pantomnésia.



No mesmo livro analiso detalhadamente também as famosas experiências realizadas com os meninos Hilga, Ludovico, Bo etc. Liam sem livro e falavam em qualquer língua em que lessem ou pensassem as pessoas que estavam presentes. Xenoglossia perfeitamente inteligente. Até discutindo com sábios. E os meninos eram analfabetos e retardados mentais. Foi demonstrado que era HIP.





Glossolalia entre evangélicos

pentecostais...

Glossolalia nas confissões pentecostais...



Antes de concluir: Prescindamos da glossolalia, que é ridículo e mesmo falta de respeito atribuí-la (pentecostais e carismáticos) aos Anjos ou ao Divino Espírito Santo.



E deixo para outras oportunidades a exposição da xenoglossia SN, Supra-Normal, milagre. É enormemente superior, clarissimamente superior, poder de Deus. Como São Pedro no Dia de Pentecostes, que falou ao mesmo tempo em 18 línguas, ou em nenhuma, ou em uma só, mas que foi entendido em 18 línguas diferentes por tantos milhares de pessoas, que se batizaram 3.000..., e os que não se batizaram. São Vicente Ferrer que pregava durante horas a fio em todos as línguas e dialetos de todos os países da Europa de seu tempo que foi visitando. Conversões em massa por tão sobrenatural xenoglossia, levantando-se muitas Igrejas como lembrança e testemunho... São Francisco Xavier que pregava horas seguidas em 400 línguas e dialetos das regiões da Índia que ia visitando. Ele mesmo escreve que cansava o braço de tanto batizar aos que se convertiam após testemunhar tal xenoglossia SN. Etc., etc.



CONCLUSÃO



O principal argumento esgrimido pelo antigo Ritual Romano como prova de possessão demoníaca, não vale absolutamente nada. É falsíssimo. É inclusive contraditório. Com o avanço da ciência, a Igreja também foi avançando. Primeiramente havia proibido sob pecado grave administrar os exorcismos sem consultar aos cientistas especializados. Por fim, recentemente, tirou os exorcismos do Ritual Romano.



Os casos que costumam apresentar os que atribuíam, ou ainda atribuem supersticiosamente, a xenoglossia ao demônio, aos espíritos, à reencarnação, aos exus, etc. são imensamente inferiores a outros muitíssimos casos recolhidos e explicados pela moderna Parapsicologia. Com o talento do inconsciente, com a pantomnésia e com HIP a xenoglossia se faz compreensível e plenamente explicável como fenômeno natural. Geralmente fenômenos EN, Extra-Normais. Alguma xenoglossia, muito breve, pode dever-se à faculdade PG, fenômeno PN, Paranormal.



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