Lei do Ventre Livre
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Mais um ângulo da hipocrisia. Esta história de cotas para negros é absurda, imprópria e injusta. Falaciosa, também, a argumentação de que seria para o pagamento de uma dívida para com os negros. Que dívida? Que negros?
O ensino público, durante muito anos, foi infinitamente melhor do que o particular. E todos tinham acesso garantido. Eu mesmo passei no vestibular logo de primeira. Sem precisar de cursinho. Do mesmo modo que muitos amigos meus, da época, que eram negros e que, como eu, pertencíamos a famílias de baixo poder aquisitivo.
Mas todos tivemos a mesma oportunidade: estudar num colégio público de qualidade igual e, em alguns casos, bem superior ao ensino dito particular. Por que, agora, conceder privilégio aos meus amigos e irmãos negros?
Só se for para os brancos e negros, considerados pobres, e, assim mesmo, nascidos de, digamos, 1980 para cá, época em que a rede pública de ensino começou a se deteriorar. Seria, aqui sim, uma espécie de uma segunda Lei do Ventre Livre incluindo os brancos pobres.
E isto porque, vale enfatizar, antes daquele ano, só não estudava e se preparava bem para o vestibular quem não quisesse.
Domingos Oliveira Medeiros
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