Curupira
maria da graça almeida
Pela mata ressoando,
se ouvir um assobio,
talvez seja o Curupira
que lhe faz um desafio.
Tem na frente o calcanhar
o peludo e feio anão,
pra ninguém o alcançar,
pode ser esta a razão.
Os cabelos são vermelhos,
o sorriso esverdeado,
esse ser tão colorido
só na mata é encontrado.
No interior dos troncos velhos
vive bem o estranho anão
e conhece tanto a mata
quanto os dedos de sua mão.
Aprecia todo o fumo
que o roceiro deixa ao chão,
com a esperta intenção
de enganar o feio anão.
Assim, ele se distrai,
apanhando o tal do fumo.
Do contrário, ele fará
com que o homem perca o rumo.
Troca com os caçadores
muitas armas por comida,
porém, nunca a experimenta
se com alho ou pimenta.
Ao chegar das tempestades,
vê se as árvores de idade
estão firmes e sadias
pra agüentar a ventania,
afastando os animais,
se notar que as coitadas
pelos fortes vendavais
poderão ser derrubadas.
E com tanta ocorrência
fico sem opinião
se é bom ou se é ruim
o danado desse anão.
do livro Mitos do Folclore
de maria da graça almeida
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