MASCANDO CHICLETE
Toda vestida de negro,
numa manhã como as outras,
devia seguir seu caminho -
levava na cesta umas ostras
No salto alto, molengue,
tinha o calcanhar seguro
As pernas firmes andavam
na sombra ao lado do muro
A saia solta no vento
nem ligava pra maldade,
transparecia o tesouro
num cinto de castidade
Cintura fina, pilão,
segurava o corpo fixo
O seio, charmoso creme,
era berço do crucifixo
Pescoço puro de pomba
era uma linda coluna
sustentando cara e cabelo
numa arte pura e una
A face linda, rosada,
apoiava um bel topete
A boca rubra, molhada,
carnuda, mascava chiclete
© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943 - )
(in Coisas do Coração - Editora João Scortecci
São Paulo/SP - 1993)
http://tanajura.cjb.net
|