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Artigos-->Posta-restante II -- 11/03/2003 - 14:20 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
































Ponho para tocar a primeira faixa: "Kommt, ihr Töchter, helft mir klagen", "Vinde, oh filhas,



ajudai-me a prantear." (Do divino Bach, em "A Paixão, segundo Mateus"). Enquanto isso,



deixo meu Photoshop 7 de lado, e passo a registrar a conversa que acabo de ter.



__Bom dia.



__Bom dia.



__Por fineza, pela Muzambinho, pra gente sair lá no Santo Antônio.



__Pois não!



__Será que já é tempo de frio?



__Éhhhhhhh, houve uma queda brusca de temperatura.... A primavera chegou fria...



__Mas, então, já estamos na primavera? Ela começa é em 23... de fevereiro?



Ao som de Bach, fui conferir, poucos instantes depois: do Aurélio lê-se que



"Primavera [Do lat. primo vere, no começo do verão .]



S. f.



1.Estação do ano que sucede ao inverno e antecede o verão. [No hemisfério sul, principia



quando o Sol alcança o equinócio de setembro (dia 22) e termina quando ele atinge o



solstício de dezembro (dia 20); e, no hemisfério norte, principia quando o Sol alcança o



equinócio de março (dia 21) e termina quando ele atinge o solstício de junho (dia 20).]



Verão



[Do lat. vulg. veranum (< lat. ver, veris, primavera ), i. e., veranum tempus, tempo



primaveril .]



S. m.



1.Estação do ano que sucede à primavera e antecede o outono; estio. [No hemisfério sul



principia quando o Sol alcança o solstício de dezembro (dia 21) e termina quando ele



atinge o equinócio de março (dia 20); no hemisfério norte principia quando o Sol alcança



o solstício de junho (dia 21) e finda quando ele atinge o equinócio de setembro (dia 21).] "



Hoje é dia 11 de março, logo, estamos em fim de verão. É certo que o taxista



Paulo Marques patinou sem gelo, quando deveria surfar sem mar. Amplio:



"[Do lat. autumnu.]



Outono



S. m.



1.Astr. Estação do ano que sucede ao verão e antecede o inverno. No hemisfério sul principia



quando o Sol alcança o equinócio de março (dia 21) e termina quando ele atinge o solstício



de junho (dia 20); no hemisfério norte principia quando o Sol alcança o equinócio de setembro



(dia 22) e finda quando ele atinge o solstício de dezembro (dia 20). [Sin., poét.: o cair das



flores, o cair das folhas.] "



Conforto-me: estou ainda no verão e, em breve, estarei no outono, se Deus assim me permitir.



Mas, a conversa continuou em meio às orientações que eu lhe dava sobre o meu trajeto: por



aqui... dobre ali... agora, siga as plaquinhas... . Disse-lhe:



__Neste vap-ti-vupt que a gente vai levando a vida, a gente não tem o hábito de se situar em



relação às estações do ano, né? Acho importante isso, né, a gente poder se guiar pela



Natureza.



__Éhhhhh, a gente perde as referências. As estações do ano, a Lua... A gente só sabe que é



lua-cheia porque a gente vê aquela bola luminosa... Antigamente, todo mundo se guiava pela



Natureza... Até pra cortar o cabelo...



__É verdade. Para plantar também. Estou me lembrando de "Não muito além do jardim", em que



o jardineiro dispara a "podar no inverno para colher na primavera".



Lembrei-me que o maior peixe que peguei, "Madalena, o surupeuta", foi numa noite sem lua, a



Nova... Mas não deu para lhe falar sobre isso, pois ele continuou:



__Um amigo meu me disse que o mundo está disperso. As pessoas lêem, mas não entendem, nem



se entendem... Por exemplo, ele me chamou a atenção para um ditado popular. O povo vai



repetindo sem saber. A maioria diz: "Quem não tem cão caça com gato." Mas, ele me despertou.



Ele me disse que o certo é a gente dizer: "Quem não tem cão caça como o gato." Pois, gato é



que caça sozinho. A gente nem consegue levar gato pra caçada. Alguém leu, entendeu pela



metade e saiu repetindo, e a moda pegou. Todo o mundo quer ser superior, é uma soberba



danada...ninguém dá valor pro que lê. Lê, mas não cumpre...porque não entendeu direito.



__Você está até me lembrando de um provérbio religioso, com o qual estou incucado esta



semana: "Do pó vieste ao pó retornarás."



__Como é que é?



__ "Do pó vieste ao pó retornarás." Se lido ao pé da letra, fica parecendo que a gente é



mero pó. Fica parecendo que tudo que a gente já fez não vale nada. Por mais que a gente



construa: família, livro, amizade... Mas, se a gente interpretar o provérbio do meu modo,



a gente pega outro ar. Eu penso que vim do pó de Graça, que recebi de graça, da Graça



Plena de Maria, e o que me compete é retornar ao pó que me resta em vida, e cheirá-lo



como rapé. Uma pitada aqui, outra acolá, pra me lembrar de que estou vivo e ainda posso



construir muita coisa de Bem. Ao pé da letra, aquele provérbio pra mim soa como uma



falsa humildade.



__Éhhhhhhhh, mas depende do momento em que ele é aplicado. Tem muita gente soberba,



que acha que é o rei do mundo e, nessas horas, vale a pena lembrar esse provérbio,



pro sujeito cair na real.



Agora, entra a segunda faixa de Bach, "Bub und Reu", "O rapaz e o arrependimento". E



continuo a relembrar-me da conversa. Ele disse:



__Tenho um outro amigo, um senhor mais velho que eu, que me despertou para uma coisa.



Ele me disse que quando Jesus disse: "Amai ao próximo..."



__ como a ti mesmo." Emendei.



__como a ti mesmo"... Ele é muito estudado... Ele disse que tudo nesse mundo é



questão de hierarquia: no trabalho, na orquestra, nas forças armadas, nas religiões,



na família... E que o mandamento, quando diz "próximo", não se refere a quem está do



lado mais próximo da gente e, sim, aos seres que não raciocinam, aos irracionais, às



plantas, os animais, os rios, os lagos... Porque, se a gente não cuidar deles como a



nós mesmos, a vida acaba neste planeta...



__Hum, faz sentido. Você ampliou minha compreensão sobre esse mandamento. Quer



dizer que ele se refere, também, aos demais seres vivos...



__É, aos irracionais, porque os racionais somos nós. Eles é que são os desprotegidos...



__Hum... vou refletir sobre isso. É isso aí, a gente vai ajuntado essas coisas e elas



vão nos servindo como referências...



Pensei em dizer-lhe que "próximo" se refere, também, às pessoas, que o mais próximo



de mim sou eu mesmo, e que, com a Internet, a proximidade, hoje em dia... Mas, deixei



pra lá. A corrida tinha chegado ao ponto.



__Isso aí. São R$6,99...



__Sete. Tenho duas de um. Me dá cinco de troco.



__Não tenho a de cinco. Comecei agora.



__Um abraço. Como é seu nome?



__ Paulo Marques.



__O meu é Elpídio, amigo do Tim. Você já o conhece?



__Não. Ele é taxista?



__Não, deixa pra lá. Até outra hora.



__Até!



Quando terminei de registrar esta conversa, disparei a terceira faixa de Bach, "Ich



will dir mein Herze schenken", "Quero presentear-te com meu coração." Leio do folheto



do CD, cujo autor é Fritz de Haen, que Friedrich Nietzche assim avaliou a composição,



em 1870:



"Esta semana eu ouvi a Paixão de São Mateus do divino Bach três vezes, cada uma delas



com o mesmo sentimento de um enorme contentamento. Quem quer que tenha esquecido



a Cristandade, vai ouvi-la aqui realmente como um Evangelho."



Ainda não tive esse "enorme contentamento", embora tenha a ouvido quase que diaria-



mente. Mas, quando a ouço, algumas faixas me dão um encorajamento e um entusiasmo



muito forte. Parece que essa obra ajuda a gente a combater o estresse do dia-a-dia.



Mas, o interessante do folheto de Fritz de Haen é ficar sabendo que o divino



Johann Sebastian Bach ajuntou muitas referências de obras anteriores a ele, sobre a



história da crucificação de Cristo que já vinha sendo contada desde a Idade Média,



cantadas desde o século XV.



O coro duplo da Paixão segundo Mateus resultou de uma técnica que ganhou força



durante o florescimento de Veneza, depois que já havia sido documentada na corte de



Ferrara. Heinrich Schutz introduziu a tal técnica na Alemanha, depois de nutrir-se



dela em Veneza, no século XVII.



Bach teria se valido, também, de recitativos e árias, além dos típicos corais



luteranos e de peças simples que proporcionam à comunidade uma forma de participar



dos serviços religiosos, ficando fácil de serem cantadas por ela. A faixa "Haupt



voll Blut und Wunden", "A cabeça ferida e cheia da sangue", teria tido como



referência uma composição do renascentista Hans Leo Hassler.



O texto básico teria sido fornecido pelo escritor "Picander", pseudônimo de



Christian Friedrich Henrich, 1700-1764.



E Haen diz que "Para os compositores contemporâneos, era quase normal citar obras



escritas anteriormente por eles, ou por colegas, e inúmeros exemplos desta atuação



podem ser encontrados através da obra deste grande músico... A extensão de quanto



ele foi bem sucedido com isso pode ser deduzida pela popularidade que a obra



conseguiu desde o princípio do século XIX."



De tudo isso, lembrando-me do Paulo Marques, concluo que quem sabe ler e põe em



prática o que lê, sem dúvida, pode até se tornar uma pessoa divina...Hora de me



lembrar do pó...



Agora, ponho em cena a faixa cinco, "So ist mein Jesus nun genfangen", "Então,



meu Jesus agora está preso". Paradoxalmente, quando acabo de criar um texto,



penso que ele é um fruto do ventre da minha Graça, desejoso de ser lido como



bendito, e tem Jesus como referência. É como se renascesse Jesus em mim, leve,



livre e solto.













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