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cronicas-->Mãe Terra -- 18/11/2007 - 22:57 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A visão deslumbrante do planeta à frente era perfeita: Nuvens prateadas assomavam da superfície enquanto abaixo se divisava imensa massa de água, possivelmente um Oceano de inimagináveis dimensões. As nuvens cobriam boa parte da superfície do planeta, o que fazia imaginar serem as condições climáticas atuais pouco propícias à vida.
--Calculando probabilidade. Um contra cem, vida pouco provável.
--Possíveis causas?
--Vida baseada em aminoácidos, carbono, respirando oxigênio, possivelmente existiu.
--Não há indícios?
--Desta altitude há interferência nos paràmetros.
Um sol no zênite deixa ver uma camada azulada que recobre o planeta. Reflexos de beleza indizível saem das águas do possível oceano. São reflexos de água, da forma que conheço, como Delta-Centri, o sistema binário de Água e Metano, um planeta sulfuroso, habitado por um horrendo povo de seres que respiram metano e outro planeta oceànico, habitado por seres abissais que se comunicam por curiosos cantos que percorrem o planeta de calota polar a calota polar. Curioso era o Planeta Azul, muito semelhante a este que catalogo agora, um gigante gasoso que tinha um quinto da massa de seu sol, povoado por miríades de anêmonas flutuantes que baseavam sua, se é que se pode chamar assim, civilização, em enormes encontros de lentos movimentos estranhos e longos ciclos de reprodução que levavam anos. Seu oceano era de gás liquefeito sob pressão, enorme devido à massa do planeta e lá, bem próximos à superfície, ficavam os inimigos das anêmonas, seres parecidos a vórtices tropicais de tormentas que as sugavam quando elas estavam por perto, tragando-as para o fundo do mar azulado de gás líquido...
--Altitude?
--Cem vextars.
--Que estruturas são estas?
--Possíveis regiões erodidas pela água corrente.
--Ainda há rios?
--Pelo que conste até agora, não mais. Só a massa oceànica. Decepcionado?
Sempre me impressiona como ela consegue detectar meus estados de espírito, mesmo quando eu não exteriorizo meu ànimo. Ela foi treinada para isto, foi devidamente amalgamada à nave e faz parte dela, mas sua voz, seu comportamento... São decididamente...
--Relate superfície.
--Altura, vinte vexstars. Posso divisar estruturas alongadas, possivelmente construções.
--Construções?? Há vida inteligente?
--Sem vestígios de atividade. Temperatura ambiente incompatível com civilização. Extremos durante o dia e noite. Varia entre zero absoluto e 70 graus; Infelizmente, se houve vida, decididamente não era inteligente.
Ela sempre me provoca, procurando espicaçar em mim a raiva que sinto de sua exatidão. Meus circuitos neurais imersos nela deixam vazar e ela capta instantaneamente meu desassossego. Passa a emitir dados que possam ser mais animadores.
--No entanto, próximo das regiões tropicais...
--Relate.
--Há indícios de queima de combustíveis fósseis. Pode conferir na tela.
--Que é aquilo?
A imagem impressionante de tubos de onde jorrava imensa labareda, que lançava fumos metálicos ao ar rarefeito, era clara.
--Que pode ser isto?
--Primitivos indícios de que houve aqui extração de combustíveis baseados em fósseis vegetais e animais.
--Não acredito!
--Pode acreditar. Não há ninguém operando as chaminés. São gases que vêm do fundo da superfície. Queimarão por milhares de ciclos-luz.
Na superfície agora visível graças aos olhos gigantescos de nosso visualizador, podíamos ver os vórtices de pó cobrindo com fina camada tudo o que existia, estruturas achatadas onde nada era visível, nem um traço de vida era palpável, nem um filete de esperança brotava do nada absoluto, a começar pelas frequências de comunicação vazias.
--Posso captar com definível certeza quàntica que há certo grau de radiação de fundo que supera o sussurro cósmico em dez mil ciclos para um.
--O que raios isto significa?
--Significa que o que quer que tenha havido aqui, se relaciona com esta radiação de fundo. Detalhe importante: note estruturas maiores à esquerda de seu olhar.
Havia estruturas maiores que as que ladeavam as chaminés, estruturas alongadas. Tudo parecia torto, entortado para os lados, como se algo tivesse forçado as estruturas a vergar, em torno de uma espécie de centro onde dominava uma espécie de cratera...
--Queda de asteróide?
--Sem vestígios de cristais cósmicos. Isto, caro doutor, parece ser algo que veio de dentro para fora. Algo produziu isto e decididamente, mais do que nunca, jamais poderia ter sido vida inteligente.
Não poderia ser pior, mais um relatório meu iria parar no item "Autodestruição", mas eu era persistente.
--Capto algo em frequência audível. Talvez um emissor anódino, talvez uma estação retransmissora.
--Qual a impressão sonora?
--Convertendo: Ponto ponto ponto traço traço traço ponto ponto ponto.
--Origem do sinal?
--Repetitiva. Vem de uma estação, dentro da cratera.
--Decididamente...
--Estação repetidora.
Por onde estivemos a mesma imagem, estruturas arrasadas, povoações cheias de poeira branca, radiação de fundo superior ao suportável.
--Este planeta não mais se sustenta. Seus oceanos evaporarão em breve, pois o ar seco faz com que a água seja absorvida para as profundidades; uma vez que os oceanos evaporarem, a atmosfera ficará mais e mais rarefeita e com o aquecimento inaudito, escapará deixando este planeta mais morto do que está. Coloque no registro: Terceiro planeta de sistema solar amarelo, tamanho médio, com dois companheiros parecidos, um avermelhado e outro semi-gasoso, cercado de três gigantes gasosos, um dos quais tem possibilidade de vida, planeta extinto. Catalogar e partir.
--Catalogado. Esterilizar?
--Ele já é estéril. O que quer que tenham feito fizeram bem, conseguiram exterminar com toda e qualquer forma de vida!
--Já vimos isto.
--Continuo me surpreendendo, não entende? É um comportamento repetitivo... Monótono... Próximo curso!
--Alinhando astronave.
--Previsão de chegada?
--Dois mil ciclos-luz.
--Preciso dormir...
A luz suave faz meu sono vir depressa. Numa noite de lindos sonhos, eu e minha companheira estamos a caminho, de novo... Deixando a Terra para trás.
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