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Cronicas-->O CRIVO E A PENEIRA -- 14/11/2007 - 17:15 (José Virgolino de Alencar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Embora, à primeira vista, não pareçam ter relação, a palavra "crivo" e a "peneira" são estreitamente correlacionadas. O processo de formação das palavras tem esse mistério, elas começam com um sentido e ao longo de gerações vão tomando novas formas e significados, distanciando-se de sua origem, contudo, a tradução mais atual não deixa de ser explicada pela sua etimologia, sua história.

"Crivo" é, por exemplo, mais usado como chancela, como sanção no sentido de aceitação, concordància. Dizemos que uma lei só entra em vigor se passou pelo crivo do Poder Legislativo, na sua formulação, e pelo crivo do Poder Executivo, na sua sanção e aplicação. O subordinado só pode executar uma providência depois de passado o assunto pelo crivo do chefe. Seria feio dizer que a lei ou a providência do subordinado teriam eficácia e efeito se passassem na peneira do Legislativo ou na peneira do chefe. Mas, do ponto de vista etimológico, não estaria errado.

Do latim "cribrum", a palavra "crivo", já na origem, era usada para definir o objeto com fundo cheio de furos, para selecionar grãos, espécie de separação do joio do trigo. À frente, na evolução, tomou o sentido de aprovação, de uma coisa ou ação submetida ao "crivo" de alguém. E aí, nem se denomina o objeto de fundo furado de "crivo", nem se fala que a ordem passou na "peneira" de um superior hierárquico.

Sócrates, ao usar a palavra no sentido de aprovar, de submeter ao apoio, foi traduzido para o português usando-se o termo "peneira" mesmo, no seguinte episódio: um jovem procura o filósofo grego dizendo que queria lhe contar um segredo. Sócrates, com a perspicácia própria dos filósofos, indaga ao jovem: "o que você vai me contar já passou pelas três peneiras?". "Três peneiras?"........"Sim. A primeira é a da verdade. O que você quer contar é um fato concreto? Se é de `ouvir dizer´, nem quero saber. Se for verdade, deve passar pela segunda peneira: a da bondade. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o próximo? Se o que você vai contar é verdade e é bom, ainda tem que passar pela terceira peneira: a da necessidade. Convém contar? Interessa à comunidade? Melhora o mundo? Então, se passar pelas três peneiras, conte! Caso contrário, esqueça, porque fuxico eu não escuto.

Nesse caso, o segredo do jovem não passou no "crivo" de Sócrates, ou seja, "crivo" e "peneira" aí tiveram o mesmo sentido e a mesma aplicação. Entretanto, hoje, se os aloprados quisessem tornar Lula ciente de suas besteiras, dir-se-iam que eles submeteram as melecas ao crivo do presidente. Não diríamos que passou na peneira de Sua Excelência. Se disséssemos que havia passado na peneira de Lula, ao invés de se entender que ele aprovou, na certa iríamos dizer que o assunto escorreu pelos furos da peneira, ele não viu e portanto podia falar que de nada sabia.

Quer dizer: "crivo" e "peneira" não passam, porque é perdido passar, em decisão do presidente Lula, em cujo dicionário e cuja língua presa, os vocábulos não existem.




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