A Desinformação Sobre a Previdência É Grande
(por Domingos Oliveira Medeiros0
Caro Lumonê. Você é uma pessoa inteligente. Não deveria desgastar-se tanto para defender o indefensável. A diferença salarial a que vocÊ se refere no seu artigo, entre R$240 reais e R$ 18 mil, é a diferença entre o servidor público que ingressou na carreira de Auxiliar de Limpeza, por exemplo, e o Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Concordo que o salário mínimo é indecente. Mas foi o que o governo do Lula conseguiu aprovar. Este fato, no entanto, nada tem a ver com a taxação dos inativos. Volto a lembrar: que as causas do déficit da Previdência são outras. Corrupção, devedores e desvios de recursos para outras finalidades.
Ademais, tanto o servidor público, como o trabalhador privado, são regidos por leis distintas. Ser ou não ser servidor público, depende da opção de cada brasileiro. Basta submeter-se ao concurso público. E pronto.
A diferença básica, entre as duas leis, é que, no serviço público, quem ganha R$18 mil, por exemplo, desconta, todo mês, para a previdência, cerca de R$ 1.800,00; enquanto que o trabalhador, com o mesmo salário, desconta cerca de R$ 216,00. Por isso, no final de 35 anos de trabalho, a aposentadoria do servidor público é integral. E a do trabalhador limitada a 20 salários mínimos.
Em compensação, o trabalhador tem direito ao FGTS, que não se aplica ao servidor público. Gente como o Boris Casoy, por exemplo, prefere ficar no INSS, porque seu salário é muito alto, paga pouco para o INSS, receberá uma importância volumosa de FGTS ao se aposentar, e ainda sobrará dinheiro para complementar uma boa aposentadoria por fora.
Outro detalhe: Salário de R$18 mil no serviço público, não representa nem cinco por cento da folha de pagamento. Basta dizer-lhe que 95% de todos os aposentados, seja na área federal, estadual ou municipal, recebem, de aposentadoria, no máximo, R$2 mil reais. Onde estaria o privilégio? Resposta: Não há privilégios.
As aposentadorias indecentes, existem , sim. Mas são minorias, criadas pelo legislativo local, e que não representam nem um por cento do total de servidores. Claro que todos somos contra esse tipo de aposentadoria.
Mas é preciso saber que elas foram homologadas pelos respectivos governadores, que meteram a mão no dinheiro da Previdência, e agora querem cobrir o rombo da maneira mais fácil: cobrando, novamente, dos aposentados. Ao invés de cobrar de quem realmente deve à Previdência. Esta é a verdade. Pergunte ao gerente do banco onde você tem conta, quanto ele recebe de salário e quanto desconta para o INSS.
Domingos Oliveira Medeiros
08 de junho de 2002
|