A CPI DO VAMPIRO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

O Brasil é campeão em rotulagem de si próprio. Basta dar um passeio pelo tempo e relembrar: o país em se plantando, tudo dá, o país que não é sério, do toma-lá-dá-cá; o país do futebol, do carnaval e do futuro; também chamado de emergente, em desenvolvimento, celeiro do mundo, dos descamisados, do apagão, das eleições; e, mais recentemente, o país do jeitinho, da impunidade, das cotas, do vale-transporte, do vale refeição, da reeleição, do recesso de meio de final de ano; dos sem- teto, sem-emprego, sem-renda, sem-escola, sem-hospital sem saneamento básico, segurança, investimentos e, por fim, o país do sobrenatural, do milagre do crescimento, que ninguém consegue enxergar a olho nu.

Acredite se quiser. Incrível fantástico, extraordinário. O país dos fantasmas. Fantasma das crises: econômica, política e social. O fantasma do medo. Fantasmas que convivem com outros monstros. O Frankstein das reformas tributárias e previdenciárias, por exemplo; o fantasma do medo de ser feliz. E outros seres horrorosos.

Tem gente invisível, que parece que não existe. Mas vive remetendo dinheiro sujo e misterioso para os paraísos fiscais. Ninguém consegue prendê-lo. E temos, também, nossos roedores. Que continuam chupando o sangue dos brasileiros. E transmitido doenças incuráveis.

Em Brasília, por conta da falta de saneamento básico, e melhores condições de vida, os ratos tomaram conta de uma cidade inteira. Coincidência, ou não, bem próximo das eleições.

No Ministério da Saúde, os morcegos não dão trégua. Há tempos montaram suas cavernas. E bebem o sangue da população carente. Não respeitam nem os aposentados. Todos querem sua cota de sangue.

O governo, de um lado, tentando tapar a peneira da Previdência, com o sangue do aposentado. Que já está pra lá de anêmico. Como se isso fosse resolver o fantasma do rombo. Que acontece em plena luz do dia; com o sol a pino. Rombo que já está provado, não se trata de morcegos, mas de serpentes que se enroscam na impunidade para roubar o Erário.

É o caso da Georgina e daquela quadrilha comandada por um juiz imperfeito. É o exemplo dos que sonegam à Previdência, e não s~;ao cobrados. É o caso do governo, que desvia recursos da Previdência para outras finalidades que não aquelas para as quais foi criada.

O Brasil, hoje, é uma imensa e antiga catedral. Daquelas de filmes de terror; que possuem sótãos escuros, onde vivem milhares de morcegos. Ou se parece, às vezes, com uma imensas e profunda caverna, escura e sombria, onde proliferam as asas da corrupção.

Precisamos abrir a CPI dos morcegos. Para tentar reaver o sangue derramado pela impunidade. Já temos o seu relator: o Bat-Man. E seu presidente: o Robin; e alguns de seus membros já indicados. Só falta instalar a comissão e iniciar os trabalhos de investigação. Para isso, devemos contar com todos os super-heróis: o Fantasma, o Capitão Marvel, o Homem Aranha, o Capitão América, o Pato Donald, os Sobrinhos do Capitão, e até o Zé do Caixão, enfim. Só não podemos deixar que o “Fantasminha Camarada”, ou o “Zé Gotinha”, ponham água na fogueira. Aí, nesse caso, nem o Mandraque resolverá o problema.