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Teses_Monologos-->PÓS-MODERNIDADE: TÃO LONGE DE TUDO -- 16/01/2004 - 09:05 (Carlos Frederico Pereira da Silva Gama) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PÓS-MODERNIDADE: TÃO LONGE DE TUDO
(ENTRE SIMULACROS E VELHOS MAPAS, ONDE ESTAMOS?)

Flashbacks de 2003: Invasão e ocupação do Iraque, enquanto as armas de destruição em massa de Bush Jr. e Blair ocupavam o noticiário. A captura de Saddam “como um rato” quando o tínhamos no comando dos ataques erráticos aos “libertadores” anglo-saxões e aos pacificadores da ONU. Para consumo doméstico, Cancún e o “novo papel” do Brasil no cenário internacional, via G-X, amplificado pelo Risco-Brasil em queda e pela ascensão celeste dos C-Bonds. No Brasil “real”, compasso de espera pelo espetáculo do crescimento.

Emblemáticos, os dias que correm, do que podemos chamar Pós-Modernidade. Contexto de voraz aceleração temporal. Parecemos vivenciar “em tempo real” cada um desses acontecimentos via próteses midiáticas, em toda sua celeridade e imprevisibilidade, por um instante participando de momentos (propalados como decisivos), antes que tais eventos compulsoriamente se tornem Passado antes mesmo de terem sido Futuro. Ao que parece, presenciamos (no duplo sentido de testemunhar e “tornar Presente”) a inexorável marcha da História, bem como influenciamos seus rumos. Nosso papel na narrativa hodierna da História seria trazer Hoje o Amanhã.

No entanto, as aparências enganam, não obstante sejam inegáveis nos dias que correm. Guy Debord (DEBORD, Guy-Ernest. The Society Of Spectacle. Londres: Zone Books, 1995) é eloqüente quando caracteriza a contemporaneidade como “Sociedade do Espetáculo”. Jean Baudrillard (BAUDRILLARD, Jean. Para uma Crítica da Economia Política do Signo. Rio de Janeiro: Elfos, 1995), por outras vias, desvela um alargamento contemporâneo da noção capitalista de valor de troca, abarcando abstrações como os símbolos, sentimentos, sensações, conhecimento. Adornando todas essas e outras análises (Vide JAMESON, Fredric. “Pós-Modernismo e Sociedade de Consumo”. Novos Estudos Cebrap 12, 1995; LYOTARD, Jean-François. O Pós-Moderno. Rio de Janeiro: José Olympio, 1988; CAMPBELL David. “Political Prosaics, Transversal Politics, and the Anarchical World”. Challenging Boundaries: Global Flows, Territorial Identities. SHAPIRO, M & ALKER, H.. Minneapolis, University of Minnesota Press, 1996 e DERRIDA, Jacques. Of Grammatology, trans. Gayatri Spivak (Baltimore: John Hopkins University Press, 1976), a constatação de que a “materialidade” cede precedência à “imaterialidade” na caracterização acurada de nossos dias, dilemas, disputas, reflexões, identidades e “formas de vida” (sem que isso implique a obsolescência da matéria, para alívio dos empiristas).

Trata-se de constatar que a nosso acesso à materialidade, já bastante limitado pelos sentidos e pelos labirintos da mente, se torna algo socialmente tão distante do que vivenciamos como “real” que, no dizer de Cynthia Weber (WEBER, Cynthia. Simulating Sovereingty: Intervention, the State and Symbolic Exchange. Cambridge: Cambridge University Press, 1995), a noção de representação torna-se impraticável – passamos a vivenciar simulacros, representações de representações, numa cascata incessante de símbolos. Constatação ultrajante, surpreendente, mais afeita a obras de Ficção Científica – não convivêssemos com abstrações diárias como cyberespace e mercado de futuros; não tornássemos algo cotidiano a busca por “auto-ajuda” no diálogo com nosso “eu interior”; não fôssemos, enfim, participantes do proverbial “show da vida”. Nas formas de sociabilidade hodiernas, encontramos o que Anthony Giddens (GIDDENS, Anthony. As Consequências da Modernidade. São Paulo, Editora da UNESP, 1991, p.84) argutamente caracterizou como “um mundo universalmente povoado por estranhos”. Estranhos em relação aos demais estranhos e, mais grave, em relação a si mesmos, banalizando o dístico de Sócrates – conhece-te a ti mesmo.

Que dizer da Política, num tal contexto fragmentado em que as formas de representação se tornam commodities que nos informam outras commodities? Urgente notar, num contexto em que o Futuro é compulsoriamente “presenciado”, a diminuta possibilidade de que reescrevamos as “regras do jogo” ou, sem metáforas, nossos papéis nas narrativas dos dias que correm. Que diremos, então, da possibilidade de reescrevermos as próprias narrativas! Mesmo nas raras ocasiões em que o script é mal-encenado (Iraque), sabemos de antemão seu performático “final feliz” (Bin Laden, no entanto, discorda). Muitas vezes nos comprazemos com este “final feliz”, por sinal.

Isso, quando não nos fiamos na virtualidade, algo bastante compreensível nos dias pós-representativos que se seguem. Projetamos no presente um futuro que ainda não veio (a julgar pela apatia social vigente, improvável). Para muitos, o Brasil de 2003 foi sumamente diverso do Brasil de 2002, 2001, 2000...Para além do flagrante das estatísticas e da brutal evidência do dia-a-dia, vige o triunfalismo midiático, costumaz no maquinário político brasileiro, por décadas pautado por toda sorte de mandingas populistas, com resultados por demais conhecidos.

A nova versão dessa narrativa perspicaz por natureza (atenção à estruturação) nos apresenta um mundo crescentemente se ajustando a um país que, finalmente, resolveu demandar “seu lugar ao sol”, seja liderando outras nações nos embates com os “poderosos” do agronegócio mundial, seja assumindo sua liderança “natural” no subcontinente, seja dando tratos à bola para resolver 500 anos de injustiças sociais em 4 (ou 8?) anos. Em todos os sentidos, revertendo a “herança maldita” dos governos anteriores e do seu antecessor, em particular.

Não é preciso dizer muito mais, senão que temos em mãos mais um exemplo da incessante cascata de símbolos em busca de um arremedo de referência material (C-Bonds ou mesmo o fichamento de turistas norte-americanos nos aeroportos, “desafio” ou “resposta” à Nova Roma). Cynthia Weber (obra citada), novamente, nos alerta para a necessidade perene de “produção de referenciais simbólicos” num contexto de vigência da simulação. Então temos, para o mundo, as armas de destruição em massa. Para nós, o espetáculo do crescimento e o “Brasil potência”. Antes de crescermos, já somos grandes “por definição”.

Nada mais justo numa nação “gigante por natureza”. Como sempre, o problema são “os outros”, a população que não vê conseqüências palpáveis dessa grandeza inata; os demais países, que (ainda) não se curvaram frente aos “fatos antecipados” da grandeza brasileira. Já fomos por décadas “o país do futuro” – nada mais adequado que decidamos ser o futuro, quando este se torna prematuramente presente não? Só falta combinar o resultado com os outros “times”, diria o saudoso Garrincha (Segundo o finado cronista Sandro Moreyra, Garrincha teria perguntado ao final de uma extensa preleção, em 1958, se seu treinador na época (que afirmara o jogo já estar ganho) já havia combinado o resultado da partida com os adversários).

Voltemos à Pós-Modernidade num sentido mais amplo. Nem todos se dispuseram à empreitada de lidar com a complexa, angustiante temporalidade pós-Moderna (quiçá, em caso de sucesso, tornando verdadeiramente agentes - autônomos - os atuais espectadores). Duas alternativas tradicionais, surgidas no decorrer do soerguimento do “edifício moderno”, ainda são forças consideráveis. Por um lado, os remanescentes do Iluminismo, exemplares da Modernidade, nos acenam com uma universal temporalidade linear “progressiva”, irradiando por espaços cada vez mais amplos a inesgotável perfectibilidade humana, até que as Luzes tenham alcançado a todos. Inevitavelmente iremos nos reconciliar conosco mesmos, à imagem de Kant (KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura (Tradução: J. Rodrigues de Merege). São Paulo: Acrópole, 1985), através do processo civilizador que nos descreve Norbert Elias (ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, 1990/1993). Por outro lado, menos otimistas, remanescentes da pré-Modernidade nos acenam com diversas versões do “eterno retorno” de Nieztsche (NIEZTSCHE, Friedrich. The Will To Power. Nova York: Vintage, 1968), trazendo à tona traços de uma cosmologia mítica em que tempo e espaço são intrinsecamente unidos, porém em formas muy diversas e incomensuráveis.

As Relações Internacionais, nos indica Nicholas Onuf (ONUF, Nicholas G. (1989). World of Our Making: Rules and Rule in Social Theory and International Relations. Columbia, South Carolina, University of South Carolina Press, p.36-43), é apenas um dentre os muitos “mundos sociais”, guardando intrínseco relacionamento com muitos outros (em que pese o prejuízo originado das fronteiras interdisciplinares, derivadas de uma visão positivista da Ciência, transformando o conhecimento em compartimentos incomensuráveis). Uma vez tomadas as Relações Internacionais como “ponto de encontro”, é lícito, pois, abordá-las como microcosmos no seio do qual podemos localizar as diversas respostas dadas às problemáticas da Pós-Modernidade.

Nas Relações Internacionais, as respostas tradicionais associam-se, por um lado, às diversas versões do Liberalismo, cientes da inexorável perfectibilidade humana via Razão iluminada, superando antagonismos e disparidades. Por outro lado, cientes dos limites intrínsecos à perfectibilidade humana para além de vãs intenções, as diversas versões do Realismo brandem o “eterno retorno” da Realpolitik.

Ambas as facções tiveram problemas ao lidar com os “efeitos colaterais” da Modernidade. Respostas insuficientes foram dadas por liberais e realistas para diversos fenômenos tais como a emergência do Nazismo (ARENDT, Hannah. O Sistema Totalitário. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1978) e o fim pacífico da União Soviética (KUBÁLKOVÁ, Vendulka (2001). "Soviet "New Thinking" and the End of the Cold War: Five Explanations", in Vendulka Kubálková, (ed.) Foreign Policy in a Constructed World, M.E.Sharpe). A disparidade entre os respectivos corpos teórico-políticos inerciais e os fenômenos, dinâmicos, hodiernos, pós-Modernos, nos indicam, com reforçada clareza, a confusão nos velhos mapas, a desorientação dos velhos guias, a gagueira incoerente dos velhos discursos. Muito barulho para nada – ou quase.

Adicionemos a este cenário o tradicional privilégio dado ao “mundo dos estados” pela disciplina (novamente, no dizer de Onuf (ONUF, Nicholas G. (2001) The Strange Career of Constructivism in International Relations. Center of International Studies, University of Southern Carolina(working paper), p.6-8), apenas um dos ‘sub-mundos’ que perfazem as Relações Internacionais, um sub-mundo diminuto e autocentrado, não desprovido de importância, mas certamente, nos dias que correm, hipertrofiado em sua relevância). Resta-nos refletir criticamente: a disciplina das Relações Internacionais, nos seus moldes canônicos, mais tradicionais, guarda respostas às problemáticas com que somos confrontados hodiernamente?

Ao contrário da quixótica afirmação de Margareth Tatcher (A ex-primeira ministra inglesa, perguntada a respeito da adoção de políticas ultraliberais no Reino Unido dos anos 1980, dizia a respeito: “Não há alternativas”), há sim alternativas à inércia pasma dos antigos ou ao errôneo pragmatismo paroquial das “vias médias”, hibridismo dos velhos referenciais, tão comum nos dias que correm. Estas têm que, sim, se debruçar, mergulhar, responder ao que podemos denominar falência da Modernidade – ao invés de negá-la estoicamente ou buscar reerguer castelos que as ondas já há muito levaram. Se necessário, derrubando os muros disciplinares que, por exemplo, lançaram as Relações Internacionais na vala da incomunicabilidade e da insuficiência.

Tal tarefa complexa foi abraçada nas Relações Internacionais, entre outros, pelos Teóricos Críticos – buscando resgatar a Modernidade de seu atoleiro – e pelos Pós-Modernos, criticando e desvelando sistematicamente os velhos referenciais em prol da constituição de novos, tomando a Modernidade como irremediável. Correndo paralelamente à problemática da falência da Modernidade, ainda temos contribuições significativas vindas dos Construtivistas – estes recolocam os seres humanos no centro da empreitada de “construção dos diversos mundos sociais”. As parcas páginas deste artigo me impedem um tratamento pormenorizado destas alternativas - elas não são tampouco o objeto do artigo em questão. Numa caracterização panorâmica que seja de nossos dias, mister fazer referência à respostas que foram dadas para as problemáticas com que somos confrontados.

Se no microcosmos das Relações Internacionais as correntes alternativas são ainda decerto (mas cada vez menos) minoritárias frente aos cânones (que acabam configurando “a imagem” da disciplina para os leigos), nada surpreendente constatar que a atitude condescendente, passiva ou reducionista predomina globalmente nas condições atuais. Mais fácil, mais cômodo, mais conveniente negar a complexidade espaço-temporal hodierna, a fragmentação identitária e o limite às formas de representação, ignorar nossas condições de vida, nosso pequeno engajamento político, buscando conforto nos velhos escritos, no senso comum, no status quo, nas profecias auto-realizáveis e na esperança de que vivemos “o melhor dos mundos” e de que um futuro glorioso inexoravelmente (seja a Paz ou a Guerra, triunfantes) virá.

Num tal contexto, é um “alívio” que tenhamos descortinados diante de nossos olhos “grandes narrativas” de estados nacionais (com identidades claramente definidas), líderes políticos, questões de vida ou morte para a Humanidade, “vilões” e “heróis” claramente delineados, lógicas de ação pré-determinadas. Assistimos ao desenrolar das “aventuras” em “tempo real”. Para compensar os momentos menos agradáveis da história, loas tecidas ao progresso técnico, à nossa pujante “aldeia global” mcluhana (MCLUHAN, Marshall & FIORE, Quentin. Guerra e Paz na Aldeia Global. Rio de Janeiro: Record, 1971), ao mundo da virtualidade ao toque de um botão, capaz mesmo de tornar as guerras cirúrgicas e de levar “o progresso” às massas. Pouco importa se tudo isso é real ou simulacro. Precisamos escapar de nossa condição e, paradoxalmente, na fuga a reforçamos, reproduzindo-a.

Mais importante – somos “convidados” a participar da História, tornando vãs as elucubrações acerca do porvir e as dificuldades de sua construção. Domesticado sob nossas próteses eletrônicas, o Amanhã vem Hoje, seja para confirmar nossa inexorável marcha rumo à Paz Perpétua (KANT, Immanuel. “Morality, Politics, and Perpetual Peace” in VIOTTI, P. & KAUPPI, M. International Relations Theory, New York, Macmillan Publishing Company, 1993), ao paraíso na Terra, seja para derrubar de vez o panteão kantiano (KAGAN, Robert, Power and Weakness. Why the United States and Europe see the World Differently, in: Policy Review Online, n.113, June 2002 (http://www.policyreview.org)), não deixando dúvidas quanto à irrefreável insociabilidade humana. Agindo de ambas as formas, conseguimos alguma medida de segurança ontológica (ainda que derivada de profecias auto-realizáveis) – no entanto, às custas de nossa autonomia e dignidade humanas (isso sem contar a parcela ainda mais expressiva da população do globo, atrelada a condições de vida sub-humanas ou mesmo inumanas). Ondas eletromagnéticas, o mais “material” que temos nas estruturas de domínio hodiernas, nos saúdam com uma inequívoca mensagem de “BOM PROVEITO”!

Mas ainda é possível mudar o canal na TV Pós-Moderna.

No dizer de Robert Cox (COX, R.W. (1986). Social Forces, States and World Orders: Beyond International Relations Theory. Neorealism and its critics. R.O.Keohane. New York, Columbia University, p. 242), “para mudarmos nosso mundo temos de começar por onde estamos”. O que não implica necessário enveredar pelo pragmatismo das “vias médias” que prolonga o caminho rumo aos becos sem saída. O pragmatismo é fugaz ponto de partida, intervalo necessário ao reexame de nossas condições atuais. A atitude crítica, na pós-Modernidade, torna-se mais que nunca necessária, uma vez deixados a sós com representações de representações. Trata-se de superar o império do “possível” (traduzido em reforço da estrutura de simulacros), ampliando perenemente o escopo do “possível” por via da crítica incessante, da paulatina construção de novas respostas, de alternativas. Do cidadão para a coletividade, nas diversas formas de ação pós-Modernas, sejam relativas ou não à Política “formal”.

Nesse sentido, cabe menção a Simone Weil (WEIL, Simone. Simone Weil. A condição operária e outros estudos sobre a opressão. São Paulo: Paz e Terra, 1980) – o futuro não nos dá nada, nós é que precisamos “nos doar” para construí-lo, munidos do que o passado nos legar de útil. Transladada para nossos dias, a sentença implica um reexame crítico do edifício das experiências e respostas do passado, selecionando o que puder lançar luz sobre caminhos abandonados ou nunca tentados. O passado, longe de um fardo ou uma prisão, é, no dizer da autora, “um tesouro” a ser explorado, desvendado, redescoberto. Temos um dos melhores exemplos da reapropriação seletiva do passado na releitura da herança política ocidental levada a cabo por Robert Walker (WALKER, Robert B.J. Inside/Outside: International Relations as Political Theory. Cambridge, Cambridge University Press, 1993).

Enfim, cabe a nós buscar e construir respostas para os questionamentos de nossos dias, como dantes ocorreu no passado com nossos antecessores, nas condições com as quais somos confrontados (afinal, já dizia o velho Marx (MARX, Karl. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Paz e Terra, 2003), os homens fazem a História mas não nas condições em que desejariam). Lidar com a complexidade e desorientação do “novo” dos dias que correm é um passo fundamental, se queremos viver num mundo melhor.

Guardemos, pois, postura crítica frente a nossos atos e escritos. Verifiquemos amiúde se somente assistimos passivamente ao desenrolar dos acontecimentos, com a ilusão de que deles participamos – não podemos fazer nada a respeito, achamos que vivemos no melhor dos mundos, é suficiente crer que o futuro já veio quando o presente nos diz o contrário? Façamos franca análise sobre nossos escritos – configuram apenas reedições de velhos tomos sobre assuntos de outrora, pouco úteis e quase totalmente inadequados? Ou tratamos dos problemas de nossos dias, na proporção de sua gravidade e complexidade, sem nega-los ou toma-los como velhos problemas em novas embalagens? Produzamos, pois, antes de querer colher frutos ou propalar êxitos. E que nesse 2004 e em todos os anos que se seguirem, possamos construir novos mapas, novas respostas, melhores que as anteriores, partindo de cada um rumo ao “nós” que há de ser construído, tanto no cotidiano mais rotineiro quando nas “grandes ocasiões” da Política “formal”. Não custa lembrar: “a revolução não será televisionada” (GILL SCOTT-HERON, ativista estadunidense dos direitos civis e músico. Da música e disco homônimos, lançados em 1974).
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