Só me dei conta do quanto uma simples crónica pode afetar alguém ao ler o e-mail de um amigo internauta dizendo que chorou ao ler uma das que escreví.
Era uma hora da madrugada e, de repente, ele voltou atrás anos de sua vida relembrando fatos vividos em sua infància e juventude.
Aí eu me perguntei: e não é justamente isso que nós escritores esperamos que aconteça? Que alguém leia nossos textos e se sensibilize a ponto de chorar ou morrer de rir?
Afinal de contas, não é por acaso que dedicamos bom tempo de nossas vidas sobre livros e folhas em branco!
Minha intenção como escritora é a de fazer exatamente isso, de tocar lá no fundo, de fazer o coração travar.
Escrevo sobre minhas experiências, minha infància, juventude, namoros, tudo o que marcou em minha vida. E se alguém se identifica com minhas vivências, coloca-se em meu lugar, sente o que sentí, vive o que viví e chora o que chorei, minha missão pode se dar por cumprida.
Na crónica em questão eu escreví sobre meus pais, ele enxergou os dele, falei de meus namorados e ele se viu namorando no fundo de um quintal, Ã luz vermelha dançando abraçadinho ao som dos Bee Gees. Falei do meu filho e ele se viu no hospital aguardando o nascimento da filha, sentindo as dores do parto de sua esposa, rolou em seu rosto a mesma lágrima da hora do primeiro choro do nenê, voltou toda a ansiedade e o medo por se sentir impassível diante de um dragão.
Tudo isso por causa de algumas palavras escritas por uma pessoa que ele nem sequer conhece pessoalmente! Por alguns momentos, no outro lado do mundo, um coração travou-se com minhas palavras.
Ele até me pediu para no futuro, quando escrever textos semelhantes, colocar ao lado do título o grau de profundidade que irei abranger.
Não são todas as pessoas que conseguem sentir a profundidade das palavras do escritor, mas as poucas dotadas desta sensibilidade servem como estímulo nesta árdua luta tentando encher folhas com palavras que transmitem um sentimento!
O coração dele travou, o meu só se abriu!