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cronicas-->Filhos Pródigos -- 30/10/2007 - 21:55 (Ivan Guerrini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Com Leloup aprendi a olhar para as parábolas e histórias da Bíblia de uma forma transdisciplinar, muito além da lógica clássica e da realidade única. Ao fazer isso com o Filho Pródigo, os resultados ultrapassam o nível de uma bela história bíblica apenas, a qual nos mostraria, como dizem os interpretadores oficiais da Bíblia, que é pecado desprezar "os que estão do lado certo da vida" e gastar os bens com prazeres mundanos. Em meus momentos de questionamentos profundos, fiquei pensando que para ser um filho pródigo, não precisamos ser aquele que sai da casa dos pais em busca de aventuras imorais ou aquele que abandona a sua igreja ou suas crenças de certa época da vida. Podemos ser filhos pródigos, aliás, estando na própria casa dos pais ou frequentando a igreja onde fomos criados ou, pior ainda, onde nos "convertemos" e nos achamos salvos. Ou seja, o filho mais velho que fica em casa na história bíblica também pode ser pródigo. É preciso humildade para reconhecer o momento em que estamos comendo alimentos de porcos e nos lambuzando nas esquinas da vida com as crenças que acabamos comprando um dia para dirigir nossas vidas. E isso pode estar acontecendo em qualquer lugar, mesmo em "locais sagrados". É fácil verificar que ao fazer essa abordagem, pinçamos aspectos quànticos controversos do tipo que pede para trocarmos o "é" pelo "pode ser". Sempre pode ser que alguém esteja envolvido por algum tipo de lama na vida que leva. Claro que essa visão incomoda os clássicos que sempre acham que estão do lado certo por ainda estarem na "casa do pai", ou seja, em seu grupo, em seu labirinto conhecido, em sua caverna, em sua igreja, fiéis ao "seu compromisso" pessoal, aos seus valores morais e éticos, agarrados às suas crenças, etc... Na lógica deles, os filhos pródigos são sempre os outros. O mesmo ocorre com os corruptos. Pois é... Entendi que um dos grandes valores da mais bela parábola contada pelo Mestre, exclusivamente no evangelho de Lucas, é justamente descobrirmos que todos somos filhos pródigos, em diferentes graus e em diferentes situações, a cada dia. A parábola parece ser contada para que esses se identifiquem como tais e não para ser olhada de fora, pelos donos da verdade, com conotações de julgamentos e passíveis de punições. Somos filhos pródigos quando dizemos não a nossa essência, à nossa "casa", quando insistimos em dizer não ao Ser que habita em nós, não ao Ser que "é aquele que é" escondido lá dentro, quando, portanto, não queremos ouvir a voz interior. Jonas, por exemplo, foi pródigo enquanto não quis ouvir a voz que o chamava para Nínive e insistiu em ir para Társis. Ir para Társis, o conhecido, muitas vezes significa ficar do mesmo jeito na vida, do lado tido como certo, só porque o lado clássico dos pais, da ciência ou da igreja o exigem. É preciso ir além dessa superficialidade e questionar o que o self quer, o que deseja lá no íntimo o Ser que nos habita. Em termos astrológicos, é preciso entender onde está nosso nodo norte e nosso meio do céu no mapa natal. Em termos da Nova Ciência, é preciso sair do comodismo e decidir viver "longe do equilíbrio". E para isso, só o auto-conhecimento. Confiar que o outro, seja ele quem for, sabe melhor de meus caminhos que eu mesmo, é ainda estar na lógica clássica, aquela que apregoa que alguns sabem o que é certo ou errado para mim e eu devo sempre consultá-los para saber onde estou e qual caminho escolho. Claro que precisamos consultar as pessoas em quem confiamos, mas sempre no sentido de uma orientação, não no sentido de nos mostrar o que é certo ou errado de forma bem definida só porque "está escrito na Bíblia". Não é fácil passar da lógica clássica para a quàntica! Quando o fizermos, veremos que fomos e somos pródigos também, sempre, em várias situações de nossa vida. Quantas e quantas vezes nos afastamos de "nossa casa" e o Ser que habita em nós fica esperando todos os dias para ver quando vamos voltar? Ao esperar longamente, esse Ser nos dá sinais, às vezes traduzidos em doenças, perdas e crises. Jonas teve a tempestade para lhe indicar que ele havia "fugido de casa", mesmo estando na zona confortável de sua igreja, indo para um lugar conhecido, com seus amigos e dizendo crer no Deus vivo. Foi a grande tempestade que o fez se questionar e perceber que ele estava sendo um filho pródigo. Ao descobrir que podemos estar sendo pródigos, podemos até voltar à casa paterna no sentido clássico do termo. É apenas uma possibilidade, como diz a quàntica. Mas há casos e casos e não é porque ontem fizemos um movimento de voltar ao Ser que hoje não precisamos fazer outro, igual ou diferente. Quando voltamos, o Ser faz a festa. É a alegria e a paz de viver que o Mestre diz, através de João, que ninguém conseguirá tirar. É a festa interior, espiritual! É preciso estar sempre perscrutando nosso Ser interior para ver se não precisamos, hoje, voltar a nossa casa. E esse é um movimento constante de ir e vir, fazer e refazer, construir e reconstruir, começar e recomeçar, como a dança de Shiva, a dança da vida. Nuances de filho pródigo temos todos os dias. E como é bom descobrir que podemos sempre voltar mais à unidade conosco, à realização plena, à sintonia perdida. Como é bom poder olhar para essa parábola de forma mais aberta, transdisciplinar, quàntica e perceber que o Mestre sabia bem que precisávamos voltar sempre à casa paterna para saborear desse néctar dos deuses presente somente no Ser que habita em nós.
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