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Artigos-->Castro Alves - Dia da Poesia -- 07/03/2003 - 22:38 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CASTRO ALVES – DIA DA POESIA



Francisco Miguel de Moura *





Por uma coincidência muito feliz e muito justa, o Dia da Poesia é comemorado no dia 14 de março, justamente a data de nascimento do grande poeta Castro Alves. Também neste dia é comemorada data consagrada aos livreiros, o que tem muito, muito a ver.

Antônio Frederico de Castro Alves, como foi batizado em 9 de julho de 1847, havia nascido justamente naquele ano, em 14 de março, na fazenda Cabaceiras, na então freguesia de Muritiba, comarca de Cachoeira, na Bahia.

Viveu pouco, pois falecera com 24 anos, depois de ter publicado um único livro: “Espumas Flutuantes”, 1870, na Bahia. Diz a sua biografia que justo às 3,30 horas da tarde, deu o último suspiro junto a uma janela banhada em sol, para onde fora levado, em cumprimento do seu último desejo. Viveu pouco, mas produziu muito para a idade. E a qualidade e a aceitação de sua poesia são atestadas pela freqüência de edições que tem obtido, talvez o poeta mais editado no Brasil, até hoje.

É o maior poeta do Brasil, título que até bem pouco era disputado com Gonçalves Dias, na opinião da crítica mais autorizada. De qualquer forma é um dos maiores da América, senão o maior.

Sua última declamação, portanto sua última aparição em público, foi no dia 10 de fevereiro de 1871, recitando o poema “Meeting do Comité du Pain”, em benefício das crianças desvalidas por causa da guerra franco-prussiana. Era muito vaidoso, pela sua beleza física, pela sua inteligência, por sua grande sensibilidade. Imaginemos quanto o abatiam a doença e o pé amputado. Desistiu de aparecer em público até falecer, em 6 de julho de 1871.

Disse um poeta clássico de cujo nome não me lembro agora, que se começa a morrer quando a família e os amigos começam a esquecer-nos. Pensando assim, Castro Alves não morreu. Os amigos e os familiares jamais esqueceram sua morte (física), seus sofrimentos e os belos poemas que escreveu, a maioria deles publicados postumamente. É o caso de “A Cachoeira de Paulo Afonso”, 1876, onde, segundo penso, está grande parte da melhor produção do poeta baiano.

Com 24 anos, morreu coberto de glória. Seu drama “Gonzaga ou a Revolução de Minas” tinha sido representado não sei quantas vezes; seus poemas eram recitados em muitos recantos e cidades do país. E ainda hoje o são. Ele mesmo os recitava onde quer que estivesse: Salvador, Recife, São Paulo.

Amou o quanto pode amar um rapaz da sua idade, de sua condição social, vivendo no meio em que viveu. Amou muitas mulheres, mas especialmente apaixonou-se pela atriz Eugênia Câmara, portuguesa, casada, que naqueles tempos morou no Brasil e esteve representando em várias capitais. E essa paixão quase o leva à loucura. Se não o levou a tanto, ocasionou uma tragédia que foi o começo do seu fim.

Que a poesia de Castro Alves seja romântica, com os vícios da escola, todos sabemos. Mas sabemos também que ele acrescentou muito ao ultra-romantismo brasileiro, com qualidades atestadas por inúmeros críticos de qualidade; foi o paladino do “condoreirismo” que, se não o inventou, com ele chegou ao auge, trazendo a grandeza de Vitor Hugo e de outros poetas franceses da época para a nossa literatura, através de sua imitação e de traduções que fazia. Mas se ele imitou poetas da Europa, aqui foi imitado também por centenas, durante seu tempo e depois ao longo dos anos.

Ao Piauí chegavam seus ecos através de dois poetas que receberam enormemente sua influência: Raimundo de Arêa Leão (1846-1904) e Anísio Auto de Abreu (1862-1909). Ambos fizeram poemas a la Castro Alves, inclusive em favor dos escravos e lutando pela Abolição da Escravatura. Um dia ainda farei um estudo completo, ou quase, das influências de Castro Alves na literatura brasileira e dos seus reflexos no Piauí.

O legado de Castro Alves está aí, para todas as gerações. É um legado de bons sentimentos, de bons poemas, e ele foi perfeito até nos erros que cometeu, pois todos os estudiosos atribuem-nos à influência do seu tempo e do seu meio, dos quais só se libertaria se muito vivesse. E não viveu, mas bem viveu, para a glória da nossa literatura.



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*Francisco Miguel de Moura é poeta, romancista, contista, crítico literário e cronista, com mais de 20 livros editados. Membro da Academia Piauiense de Letras e do Conselho Estadual de Cultura.





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