Agora é só o que lhe posso dizer...
Doce sangue
(à Severina )
Morena menina,
canela tão fina,
que falta, que pena,
que pobre pequena!
Tão às escondidas,
biscoitos do pote,
comia incontida,
zombando da sorte.
A fome mais forte,
a gula sem corte,
depressa a puseram
ao lado da morte...
Se doce não fosse,
nem exagerada,
eu sei não seria
tão cedo levada.
Com olhos profundos,
em meio à doçura,
deixou neste mundo
discreta candura!
O pote quedou-se
deveras vadio,
meu peito apertou-se
queixoso, vazio.
Lá em cima, por certo,
com potes à mão,
de vez, cederá
à antiga intenção!
Que não mais se turve
sua pouca visão,
ou verá nas nuvens
um doce algodão!
Maria da Graça Almeida
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