Vá... Vá... Amigo lê:
Um bom par de mamas...
E se quiseres ser "bem educado"
Dirás: um colo excelente...
Ou dirás ainda em tom gostosamente irónico:
Fafá de Belém !...
De imediato adiante, pois,
Uma bunda do outro mundo
Ou bundinha... Bundazinha...
Se acaso te der para ser meiguinho...
E logo a seguir, meu irmão,
Como é que chamas à visão?...
Bela cona ou vale do amor?...
Ah... E ao orificiozinho, tadinho...
Chamar-lhe-às cu de matar
Ou caverna de Ali Babá?...
Há quem lhe chame "ladrão"...
Um amigo meu designou-o
Por "pérola do porco"...
O mais vulgar é "botão de rosa".
Vá... Amigo... Vá...
Diz coisas que façam erecção,
Explica qual é a sensação
Que se experimenta e goza
Entre erótico e pornografia,
Ajuda-me a desfazer a mania
Que persegue a humanidade há milénios...
Olha, meu irmão...
Aquilata o que o Zezinho diz:
- Mamã... Mamã...
Papá tá deitando água da cana de pesca !...
- Tá... Zezinho?...
Então tá bêbado...
Ah... Meu amigo
Vá, proclama a liberdade de expressão
E ao mesmo tempo impõe "educação",
Aquela "educação" que o "educador" aplica
Para apalpar as coxas à aluna
Por debaixo da mesa, claro,
Enquanto a mocinha cora até rebentar...
Vá... Meu irmão...
Proclama a liberdade de expressão,
Vá... Diz comigo:
Grandes filhos da liberdade de expressão!...
No meio desta tralha toda
E de tanta "gente boa"
Já nem sei o que quer dizer "liberdade"
Nem "expressão"...
Se calhar quer dizer:
Fala, mas está calado...
Vê, mas não olhes
Faz, mas não mostres...
Oh... Meu irmão...
Tenhamos paciência
Até que mais se desenvolva ainda
Tanta... Tanta inteligência...
Inclusive... Já existem cemitérios
Para o pai da humanidade,
Saudade da viúva amante
À árvore da vida,
O marsapo, à guisa de Bocage,
O excelentíssimo senhor Carvalho...
Constata, meu irmão...
Um miúdo já não pode ir
Ao funeral do pai... Que tragédia!...
E tudo, tão-só,
Pelos "inconvenientes"
Da liberdade de expressão e da arte !...