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Cartas-->Pedra de calçada -- 28/05/2004 - 12:00 (Isabel Fontes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Será esta a última vez que te falo?
Já não sei que dizer! Apenas que está tudo um pouco seco e o cheiro a tempo morto e gasto, ultrapassou todas as barreiras, todos os sentidos.
Mas qualquer fim é assim! Porque ainda te surpreendes!? Nada dura para sempre, nem as pedras da calçada! Para quê continuar a lutar por um buraco escuro, por um lugar na tua mente, nada bate certo. Continuo na procura de não me magoar mais, na esperança que a clareza se avive na minha consciência.
Claro, que não fizeste nada de errado! A tua simples existência magoa-me!
Preciso de encontrar paz de espírito, paz de algo. Nunca me senti assim, tão livre de falar e escrever, mas, também muito triste. Preciso de saber se é o correcto.
Pode ser por carta?
Portanto, talvez eu esteja certa, neste momento, parada à tua frente. Olhaste para mim como quem olha para o fogo, mas nem por isso as tuas lágrimas me apagaram. È preciso muito mais, muito mais sofrimento da tua parte para que esta minha alma seca consiga se sentir banhada.
E choravas.
Olha o que perdeste! Eu cresci, nunca acreditaste nisso. Eu agora sou eu, e mais nada. As tuas lágrimas são salgadas e eu preciso de água pura. Mereço que sejas limpo comigo, nada de brincadeiras, nada de voltar atrás.
A vida continua, para mim já não existem voltas de retorno. Devias de ter vergonha das vezes que me enganaste, das vezes que dizias que vinhas e nunca respondias aos meus telefonemas. Acredita, que tudo isso me fez mais forte, e a minha vida vai continuar a correr.
Continuas a chorar.
Essas tuas lágrimas salgadas sem mar. Provavelmente, tentas limpar todos os teus erros com um simples condimento! Porquê? Se o que bebemos é simples, sem sabor! Porque se fôssemos puros, certamente que não haveria água nas torneiras, beberíamos as nossas lágrimas. Mas, são tantos os pecados, tantos os condimentos que usamos para nos mascarar que, é certo que as tuas lágrimas sejam salgadas.
Talvez como as minhas.
Aceita! Deixa-me fugir desse teu mar, desse teu som de choro agudo e revolto, que me expulsa, me enrola nas ondas cruzadas e me atira contra a areia grossa da tua praia. Não vez que o céu não é o mesmo? Que escureceu?
Paraste de chorar, mas continuas com as duras palavras...
Sim, levas-me e trazes-me, como se eu fosse uma bola, onde podes digerir a tua fúria de leão. Sim, espanca-me, com toda a tua sinceridade sobre a minha visão do mundo, sobre a minha falta de fé, os meus defeitos. Olha que são muitos, olha que te afogas, olha que sim, olha que...que és fraco!
Mas não te importes, todos o somos! Só mesmo as pedras aguentam tanto tempo, sendo pisadas todos os dias, mesmo depois de mortas. Nós vivemos num beco sem saída, com jogos de sentimentos que só param quando um desiste da tortura, quando um deixa de ter a garantia de que o outro lhe pertence.
Calaste-te. O silêncio dói mais.
Imóvel, de olhos postos no chão, dizes que não consegues olhar para a minha cara. Mas, até as crianças sabem o que é certo e errado! Não percebes que já não aguento mais este turbilhão de sentimentos nesta loucura de relação que temos?
Não aguento!
Calo-me. Afinal não te consegui transmitir nada. Continuas a chorar. Os sentimentos para ti são uma montanha de palavras para mim, um conjunto para uma nova alma.
Hoje sinto-me linda, o teu sal, as tuas palavras não me fazem baixar guarda, hoje nada do que possas fazer ou dizer me fará mudar de ideias ou de sentimentos.
Eu sou linda! Uma pedra de calçada renovada.
Talvez seja eu que me deva calar.
Calo-me, então.


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