Uma a uma vão se delineando no horizonte. A primeira atinge um rosto rosado e lembra a relva das manhãs na primavera. Parece solitária como a lágrima que umedece os olhos da garota. De gota em gota, multiplica-se, molhando seu corpo e confundindo-se com as lágrimas que rolam.
Chuva e lágrimas. Cheiro de terra molhada. Saudade.
É uma manhã cinzenta, como cinzento é seu estado de espírito. Lembra outra manhã, e a lembrança traz de volta o sorriso à face molhada, agora menos rosada, devido à emoção. Quanto tempo? Como medir o tempo do coração?
Minutos parecem horas. Dias se transformam em meses. E a tristeza parece não ter fim. É apenas um estado de espírito, aguçado pelas gotas da chuva transformadas em temporal. Interior e exterior. De dentro para fora. De fora para dentro.
A imagem que a faz sorrir é recente. Lembra dias felizes. Outras chuvas. Um rosto. O beijo molhado e quente. O aconchego do abraço apertado vendo a chuva através da vidraça. Outros tempos. Tão recentes. Tão distantes. Outras imagens, outras lembranças. Riso e lágrimas. Uma dor doída, sofrida, alimentada. Gotas...Lágrimas...