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Cronicas-->A era dos descartáveis -- 20/10/2007 - 11:28 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A era dos descartáveis


É crível, sem se fazer grande esforço, que o homem entrou no terceiro milênio destruindo bem mais a natureza do que fazendo qualquer outra ação. Há uma vontade desembestada de crescer que o tem nivelado aos outros grandes destruidores , pragas mesmo!
O cumprimento, o respeito e a admiração não nos pertencem mais, enchendo nossas rotinas de vida. Há um isolacionismo egocêntrico e desnaturado e o que deduzimos de tudo isso é que o ser humano mudou e mudou para pior, no que tange ao seu relacionamento com seus pares.
Está aí a imundície dos nossos rios e lagos, consequência da estupidez do seu uso abusivo, principalmente através dos descartáveis. O consumismo tem sido uma de nossas ações mais perversas. Estamos destruindo o planeta com uma espantosa velocidade.
Tudo isso é um tiro partido de algum revólver e não se pega a bala com a mão para evitar que se acerte o alvo. Ser-nos-ia uma ígnea ilusão. Mas não devemos nos queixar e apenas cruzar os braços à espera do que outros possam vir a fazer de bom. É como se pensássemos que o que não está escrito fosse tudo permitido fazer. Esperar, nesse caso específico, é um pecado grande.
A gente ouve e escuta uma enxurrada de proposições de reformas, consertos, melhorias. No frigir dos ovos não se faz é nada! Nunca é tarde para amarmos a vida e o mundo. Basta querermos. Apenas isso!
Recentemente, dois anciãos franceses: um filósofo e o outro um palhaço de profissão, tiveram suas vidas transformadas. Um, o palhaço, no silêncio de uma ida mansa, silenciosa e natural. O outro, o filósofo, acho melhor deixar para o leitor uma possível justificativa para a cena que este cometeu consigo próprio.
O filósofo é o francês André Gorz, 84 anos, casado com Doriane de 83 anos, com quem viveu até a morte. Sua esposa estava com càncer e faleceu em sua casa, no Oeste da França, ao lado dele, o filósofo Gorz, como era mais comumente conhecido. Este se suicidou porque não reuniu forças para continuar vivendo sem a mulher amada após ter cuidado da mesma por todo o tempo em que durou a sua doença e assistido à morte dela.
Em 1983, aos então 58 anos de casados, vejam o que ele escreveu para ela: "Você continua sempre bela, graciosa e desejável... faz 58 anos que vivemos juntos e eu a amo mais que nunca".
Como esse velho filósofo sabia o sabor que tem o amor! Na amada, ele jamais enxergou o descartável ou o desamado ou o desprezível. Viveu a plenitude de um amor incomum de achar-se. Que bonito! Não sei o porquê de o filósofo Gorz ter enfeiado o final de seu lindo caso de amor, com as míseras cores do suicídio. Poluiu o final de sua vida amorosa. Destruiu seu planeta vívido.
Do outro lado dessa história, o outro francês, o palhaço e mímico Marcel Marceau, morreu como um passarinho solitário, mas levando a sua vida com um grande amor à sua sobrevivência ao tempo e a brincar, quase, com sua longevidade.
Nem 8 nem tampouco 80. Somos responsáveis por tudo o que acontecer com o nosso planeta e também por usarmos idéias descartáveis ou palavras bonitas que não põem em prática absolutamente nada. Para onde isso nos levará?
Não temos mais o tempo longevo que teve o filósofo francês para amar o planeta, como aquele que usou para amar sua esposa, nem tampouco poderemos nos demorar assistindo ao tempo passar e apenas isso, como se contemplar a velhice nos trouxesse sabedoria, qual risonho palhaço que às vezes precisou chorar para retirar gargalhadas alheias..
Passa da hora de arregaçarmos não mais a camisa, mas a calça também. A luta pela transformação dos hábitos mundiais que defendemos hoje como defensáveis, não nos serve mais.
E se a lona do circo de Ozónio continuar fenecendo através de seus buracos, não veremos nenhuma estrela luzidia e todos os palhaços morrerão. Filosofar, não descarto ser uma prática lúcida e bem-vinda, mas que também não limpa nossos ares, nossas terras e nossos rios. O que estamos fazendo hoje com o planeta está mais para um nem tão filosófico suicídio. Nem também poderemos morrer velhinhos como aquele palhaço francês, até porque não deveremos ter todo esse tempo de vida se não apressarmos o passo da reconstrução agora! O planeta necessitará de seus filósofos, seus palhaços, mas, antes de todos esses, precisa de cuidados especiais e de ser mais amado por seus inquilinos!
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