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Cronicas-->Wilson, o "gaúcho" -- 17/10/2007 - 19:04 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Wilson, o "gaúcho"


Wilson foi assassinado no dia 14 de outubro, em latrocínio que vai se banalizando, ao sair de sua barraca de praia.
Wilson estava em Salvador, com a mãe e um irmão há 14 anos e, com eles, era dono da barraca Biruta Tché, na praia de Stela Maris, mais conhecida por barraca do gaúcho.
A mãe, uma senhora muito simpática, cuidava da cozinha, o irmão Newton controlava o bar e o gaúcho fazia o serviço externo, divulgava os bons pratos do dia, conversava com um, com outro, molhava com mangueira os pés dos que pisavam na areia quente, sobretudo os das belas moças, enfim, fazia relações públicas e animava o ambiente.
Era um atleta bonito, malhado, provavelmente o dono de barraca mais elegante e simpático da Orla.
Sou frequentador de sua excelente barraca desde os anos noventa, provavelmente pouco depois que ela foi instalada e só tenho motivos para elogiá-la. O serviço de um modo geral, o atendimento da parte dos donos e dos auxiliares, os petiscos, com louvor para o caldinho de sururu, os peixes servidos no almoço, o asseio e higiene, enfim, o que se deseja ter numa boa barraca tinha por lá.
Wilson também possuía alma de artista, não sei se estudou para tanto, mas decorava seu espaço com inúmeras esculturas que construía com materiais diversos fornecidos pela natureza: troncos de coqueiros, seus frutos, madeira que encontrava na praia. Construía e pintava, dando-lhes uma aparência de obra de arte.
Era um sujeito educado, que se relacionava com muita facilidade com os frequentadores, homens idosos como eu, jovens, rapazes e moças bonitas, tanta gente que frequentava seu estabelecimento atrás do que ela oferecia e desse prazeroso atendimento.
A barracas de Stela Maris não serão a mesma coisa sem a presença vigorosa, cordial de Wilson Souza da Silva, um nome típico de baiano nascido no Rio Grande do Sul, que certamente se apaixonara por nossa terra.
É com imensa tristeza de rabisco estas linhas para lembrar o amigo que se foi de modo tão inesperado, vítima da violência que não escolhe hora, lugar ou pessoa para manifestar-se . É a forma delicada e sincera de homenagear esse homem gentil que tinha verdadeiro prazer em nos servir, em realizar seu trabalho de modo alegre e competente, disputando com os concorrentes a preferência dos frequentadores de barracas de praia, eles e nós agora espezinhados pelos que, à distància, julgam esses equipamentos de lazer de forma tão superficial, preocupados com aspectos meramente estéticos, oportunistas e demagogos defensores do meio ambiente, acumpliciados por políticos "dandys" entocados em seus gabinetes com ar condicionado, que certamente têm medo de aparecer nesses lugares.
De todas as barracas que frequento, desde os anos setenta, a do gaúcho é a melhor.
Espero que sua família não nos abandone e nem nos culpe genericamente pelo que um alucinado, um destruidor inconsequente de vidas fez com Wilson, o gaúcho. Todos nós, seus clientes, amigos e admiradores haveremos de continuar frequentando a barraca, apesar da falta que sentiremos dele, o aparentemente feliz Wilson Souza da Silva, com seu riso franco.
17/10/2007
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