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Artigos-->A refinaria é nossa, e a peroba também -- 06/03/2003 - 01:56 (ji) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A refinaria é nossa, e a peroba também.

Oligarquias dominantes: o que esperar das mídias regionais?



A situação é crítica. Após anos de marasmo midiático, com manchetes "combinadas" não raro pautadas por releases da prefeitura, o município de Campos dos Goytacazes, no interior do Estado do Rio, sucumbiu em denúncias de corrupção em outubro do ano passado, envolvendo pessoas íntimas do prefeito Arnaldo Vianna, dentre os quais sua esposa, Ilsan Vianna, responsável pela Secretaria de Planejamento. A partir de então, os jornais apresentaram suas caras: de um lado, o jornal O Diário, orquestrado por Anthony Garotinho; do outro, o restante dos quatro impressos norte-fluminenses. As denúncias passaram, as apurações nem se avistaram, e o que ficou de tudo foi apenas a guerra diária nas bancas. E a população, os leitores, mera platéia.

Ao ver seu índice de popularidade cair vertiginosamente em sua terra natal, e usando-se de sua presença na mídia nacional logo após as eleições do ano passado, a metralhadora do ex-governador entrou em ação, "seu" jornal idem, e, como até o Jornal Nacional da Rede Globo noticiou, não teve jeito e todos saíram das tocas. Durante quase um mês, as manchetes tiveram tema certo. Tal como ocorre na Bahia de todos os grampos, a população de Campos fica à mercê de um jornal - sinicamente - de oposição para saber o que se passa com o dinheiro público. Só que nesse caso, as credibilidades tornam-se cada vez mais questionáveis.

Os dois maiores jornais de Campos, O Diário e Folha da Manhã, cada qual com sua ideologia, travam desde então uma verdadeira guerra em busca da mais discarada manchete, cada um buscando - ou aguardando - a denúncia da vez para atacar o adversário. Os outros, A Cidade, A Notícia e Monitor Campista, buscam uma postura que continua a apoiar, ainda que um pouco - só um pouco - mais velada, o governo municipal.

Seria isso o máximo que se pode esperar das mídias regionais, sempre fiéis às rédias das respectivas oligarquias?! Afinal, se compromisso com a busca pela verdade é pedir muito, ao menos reveladas as respectivas bandeiras sabe-se os "pontos de vista" defendidos. Suspeitas no governo municipal eram - e são - muitas, e apesar de o jornal de "oposição" ter livrado as denúncias do silêncio, a abordagem é discarada e vergonhosa. Pois então, é só o que se espera? É aguardar o duelo interpoderes para, enfim, saber o que se passa?!

De tão ridículo, vão pensar que é mentira... mas meninos, eu vi. Todos os campistas - infelizmente - viram acusações sem qualquer pudor, acreditem, até de assassinato da prefeitura. Explico: certo dia, um menino engasgou com um alfinete e, por falta de um equipamento simples e barato, quase morreu no leito do Hospital Ferreira Machado - orgulho do prefeito. A manchete d O Diário? "Menino quase morre engasgado por um alfinete por culpa da prefeitura". Sem comentários.

Eis outra manchete bastante elucidativa - e, infelizmente, tragicômica: jornal O Diário do dia 21 de fevereiro de 2003, sobre o depoimento do ex-secretário de Fazenda, Antonio Carlos Sasse, na CPI dos fiscais: "Fábio Paes afirma que Sasse, ex-secretário de Fazenda, mentiu na CPI ". E no subtítulo: "Segundo Fábio Paes, ex-secretário de Turismo e Comércio de Campos, em nenhum momento empresários queriam um paraíso fiscal no município e o então governador Garotinho não admitiria tal ato ilícito ".

Fábio Paes, além do explícito acima, é dono do jornal que estampou a manchete - e claro, homem de confiança de Garotinho - sendo estes os motivos argumentados pelo prefeito Arnaldo Vianna para demitir seu então secretário, quando na ocasião o jornal O Diário era uníssono às denúncias do ex-governador. Parenteses: nem nas colunas que assina no dito jornal, Fábio Paes especifica seu cargo, como de praxe acontece em todos os outros artigos; todavia, boatos quanto ao verdadeiro dono do diário sempre foram comuns na sociedade campista...

O óleo de peroba continuou sendo usado nas impressões dos jornais, até que um dia... acabou. Silêncio. Nada mais se fala sobre o assunto. De tudo, só restaram lembranças: o prefeito que ameaçou demitir os acusados de corrupção, voltou atrás e demitiu apenas o Fábio Paes; uma CPI que se fez e desfez, e quando se desfez, sem qualquer cerimômia, a Folha da Manhã se mostrava exultante, estampando algo mais ou menos assim: "Acabou o show de Garotinho". Os acusados?, até hoje trabalham livremente. As denúncias de corrupção, como se sabe, mudaram de lado, e recentemente a Folha apareceu até no JN, ironicamente nas mãos de Garotinho, que exibiu a foto de capa (em que aparecem Sasse e Silveirinha numa reunião em Campos em 1999) e escondeu o ácido e irônico texto da edição.

A pauta do dia foi se revesando, mas, sempre que possível (o que não foi nada difícil), continuou sendo a corrupção no governo estadual e municipal, com manchetes de enfoques de folhetim, obviamente cada um defendendo - ou acusando - um candidato. E enquanto isso, a população de Campos se pergunta, até hoje, o que restou de toda(s) a(s) denúncia(s). Mas a resposta está a cada dia nas páginas dos jornais: apropriação de dinheiro público é o de menos; mais vale o embate entre as segundas intenções dos jornais. Primeiro os jornais, depois vem o resto.



O que é que essa terra tem?



A pergunta certa seria: o que é que debaixo dessa terra tem?, e a resposta pra qualquer conterrâneo, por mais simples que seja, seria: petróleo. Enfim, o autor adverte: o parágrafo seguinte contém excesso de ?milhões?; recomenda-se aos campistas manterem distância, sob os riscos de altas voltagens de realidade.

O município de Campos recebe nada menos que R$ 1,3 milhão por dia, estando entre os 20 maiores orçamentos municipais, dentre 5559 cidades brasileiras, incluindo as capitais. Atualizando: só no mês de janeiro de 2003, o caixa municipal recebeu aproximadamente R$ 84 milhões de recursos de royalties. Já em fevereiro, quer dizer, até o dia 20 de fevereiro, a Prefeitura embolsou mais R$ 16 milhões. Foram cem milhões de reais em apenas cinqüenta dias. R$ 2 milhões por dia. Cerca de R$ 500 milhões a cada ano que passa. E passa...

Paralelamente, o único que se aproxima de Campos em recursos é Macaé, com seus R$ 15 milhões mensais. Já o município vizinho de Quissamã que, diga-se de passagem, construiu recentemente uma estação de tratamento de esgoto, recebe a ?esmola? de R$ 3 milhões. E enquanto isso, os moradores da comunidade de Chatuba, uma das mais carentes de Campos segundo dados do IBGE, só agora vêem o início das obras de uma central de tratamento, já que vivem à margem de um valão. A promessa de casas populares, em contrapartida, resiste há mais de cinco anos. Detalhe: investir na qualidade de vida da população é uma das prerrogativas para os municípios beneficiados com royalties de petróleo, segundo a ANP – Agência Nacional de Petróleo.



Enquanto isso...



Segundo estudos do IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), utilizando-se de dados do IBGE para ítens como expectativa de vida ao nascer, longevidade, escolaridade e renda familiar, Campos ficou em 54º lugar, entre as 92 cidades do Estado, e em 1818º dentre as 5559 cidades de Brasil. Em 1991, a colocação era 44ª, no Estado, e 1579 no país.

Em suma: nas gestões de Garotinho, Sérgio Mendes e Arnaldo Vianna (os dois últimos eleitos sob a tutela do ex-governador, e ambos atacados após o crescimento de seus índices de popularidade), com toda a arrecadação proveniente do petróleo, o IDH piorou. Vá saber por que...

Enquanto isso, rádios (várias, muitas inclsuive piratas), TV s (quatro jornais locais) e mídia impresa (cinco) se unem em prol da Renorte - Refinaria do Norte Fluminense, lançando a campanha "A Refinaria É Nossa". Além do interior do Rio de Janeiro, o Espírito Santo e o Nordeste também desejam refinarias - "e seus 30 mil empregos e enorme progresso", como não se cansam de propagar toda a mídia norte-fluminense. Discussões quanto a impactos ambientais e na infra-estrutura da cidade? Que nada... não há tempo para isso.

Melhor - e mais prático - fazer campanha para arrecadar assinaturas, e assim, tentar diminuir mais um dos amargos índices campistas: segundo ranking anual da Revista Exame, Campos ficou de fora das 1000 cidades brasileiras que mais atraem investimentos.
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