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Artigos-->China. O Outro Lado da Muralha - Parte II -- 05/03/2003 - 12:36 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
China. O Outro Lado da Muralha - Parte II

(por Domingos Oliveira Medeiros)



A civilização chinesa tem uma longa história, cuja principal característica foi, até o século XIX, a imutabilidade de determinados elementos como o cultivo de cereais, a escrita, a importância da família ou o culto aos antepassados. Assim como outros povos da antiguidade, os chineses pensavam que a melhor forma de viver não consistia em modernizar-se, mas em repetir arquétipos do passado.



“Sítios paleontológicos de Zhou Koudian (Chou Kou-tien), próximo de Pequim, demonstram a presença de hominídeos primitivos, os chamados sinantropos, há mais de 200.000 anos. São pouco documentadas as origens da civilização chinesa. Na Mongólia e na Manchúria desenvolveu-se uma cultura mesolítica de caçadores e agricultores no período pós-glacial. Em Linxia e Chifeng apareceram as primeiras colônias agrícolas sedentárias. No início do quarto milênio antes da era cristã, surgiu na fértil região do vale do Amarelo a civilização neolítica de Yangzhou, caracterizada pela pintura em cerâmica, pelo aperfeiçoamento das técnicas agrícolas (cultivo de cereais) e pela domesticação de animais.”



República Popular.



“Durante os três primeiros anos do novo regime, presidido por Mao e com Zhou Enlai como primeiro-ministro, a China entrou numa fase de transformação econômica. Manteve-se o setor privado na indústria e, ao mesmo tempo, decretou-se uma reforma agrária.



Por outro lado, o novo estado socialista alinhou sua política externa com a da União Soviética e a dos países europeus do bloco soviético. Na Ásia, invadiu o Tibet em 1950 e logo enfrentou disputas com outros países vizinhos, como a Índia e o Paquistão. Em 1950, os chineses intervieram na guerra da Coréia apoiando o governo comunista do norte contra o do sul, respaldado pelas Nações Unidas.”



Em 1952, a reforma agrária acabara com o sistema latifundiário e a economia se estabilizara. O governo nacionalizou as instituições financeiras e comerciais e, em 1953, pôs em marcha o primeiro plano qüinqüenal, inspirado no modelo soviético. .



Em 1954 foi aprovada a primeira constituição do novo regime, que definia a China como um estado socialista, estruturado segundo os princípios do centralismo democrático. Em maio de 1956, iniciou-se a "campanha das cem flores", que pretendia estimular a crítica dos erros do regime à luz dos postulados do marxismo-leninismo. Isso serviu para catalisar a insatisfação de alguns setores, o que obrigou a direção do partido a lançar uma nova campanha ideológica de cunho antidireitista.”





Na década de 1970, a política internacional da China se orientou no sentido da distensão e da moderação. Essa nova postura criou condições para o ingresso do país nas Nações Unidas (outubro de 1971) e para a normalização das relações diplomáticas com muitos países capitalistas. Além disso, favoreceu a aproximação com os Estados Unidos, confirmada com a visita do presidente Nixon à China em 1972. Em 1975 promulgou-se uma nova constituição, inspirada nos princípios da revolução cultural.





A forma de governo da China ficou definida na constituição de 1954. As constituições posteriores (1975, 1978, 1982) só modificaram aspectos secundários, sem alterar a natureza do sistema político. Segundo a constituição, a China é um estado socialista. O poder legislativo cabe à Assembléia Popular Nacional, cujos membros são eleitos por sufrágio universal de cinco em cinco anos. A Assembléia se reúne uma vez por ano; seu presidente exerceu as funções de chefe de estado de 1976 a 1982, período em que vagou o cargo de presidente da república, que é meramente cerimonial. O poder executivo cabe ao Conselho de Assuntos do Estado, composto por um gabinete ministerial presidido por um primeiro-ministro.



Boa parte do poder político concentra-se nas mãos do Partido Comunista; a constituição confere-lhe papel central na direção do povo chinês. Formalmente, a liderança do partido cabe ao comitê central, cujos membros elegem o Politburo, órgão máximo do poder. Em 1982, aboliu-se o cargo de presidente do partido, substituído pelo de secretário-geral. Na prática, o poder efetivo esteve ora em mãos do presidente ou do secretário-geral do partido, como em alguns períodos do regime de Mao, ora em mãos do primeiro-ministro, conforme ocorreu com Zhou Enlai durante alguns anos. Foi exercido até mesmo pelo ocupante de um cargo secundário do partido, caso de Deng Xiaoping.





Administração territorial.



“Na organização territorial do estado chinês coexistem três níveis administrativos: as 21 províncias, as cinco regiões autônomas (a Mongólia Interior, o Tibet, Xinjiang, Ningxia e Qinghai) e as três municipalidades (Pequim, Xangai e Tianjin).



Apesar de suas dimensões e da diversidade de povos que a habitam, a China não é um país federativo, mas um "estado multinacional unitário", expressão que, sob uma suposta liberdade de ação local, encobre um férreo centralismo administrativo, característico da milenar tradição imperial.



As províncias e as regiões autônomas se subdividem em prefeituras, distritos e municípios. Em todos esses níveis existem assembléias populares que elegem os órgãos locais ou de base, cujos membros, por sua vez, escolhem os componentes das instituições de nível superior, e assim por diante. Cada assembléia nomeia um comitê permanente que a representa nos intervalos entre as sessões e assume a administração de sua circunscrição.







nível de vida dos chineses é baixo: no fim da década de 1980, sua renda per capita não chegava a 500 dólares anuais. Mas as condições de vida na China melhoraram muito a partir da revolução de 1949 (fim da fome generalizada, progressos na saúde e no ensino), apesar das limitações econômicas que uma população de mais de um bilhão de habitantes traz para uma sociedade baseada na agricultura.





Educação.



Com a instauração do comunismo, o sistema educativo chinês sofreu diferentes mudanças, determinadas pelas alterações políticas. Apesar disso, mantiveram-se duas constantes: a tentativa de minimizar a separação entre trabalho manual e intelectual e a ideologização do ensino. A partir de 1977, o radicalismo da revolução cultural foi substituído por modelos educativos mais tradicionais; paralelamente ganharam estímulo a seletividade e a especialização nos níveis superiores de ensino.

A alfabetização, ainda incompleta, acelerou-se, graças à adoção do dialeto pequinês como língua unificadora e à simplificação da escrita ideográfica tradicional. O ensino está organizado em ciclos de quatro a cinco anos, exceto o pré-escolar, que vai dos três aos seis anos de idade. O ensino superior é ministrado em instituições universitárias e técnicas. Dá-se também grande importância à formação profissional, ministrada em centros cujos alunos trabalham durante uma parte do dia.





Religião.





“Embora a constituição chinesa garanta a liberdade religiosa, a política do governo não incentiva a prática dos diferentes cultos. O confucionismo e o budismo são as religiões mais difundidas. O taoísmo, originalmente limitado a um sistema filosófico, tornou-se uma religião autóctone com ritual estabelecido. O islamismo, introduzido na China em meados do século VII, acha-se difundido entre as comunidades turcas do Uigur e Hui. A influência do lamaísmo limita-se ao Tibet. A evangelização cristã da China começou muito cedo; religiosos nestorianos foram para lá no século VII, e no fim do século XIII o franciscano Montecorvino tornou-se arcebispo de Pequim. Em fins do século XVI, a evangelização foi contínua, embora seu avanço mais importante tenha vindo com a penetração ocidental do século XIX. O governo da China popular combateu o cristianismo por considerar essa religião uma influência estrangeira negativa.







Cultura





Isolada quase totalmente durante milênios, a civilização chinesa caracteriza-se pela originalidade e pela permanência de suas formas culturais. Sua ascendência sobre outras culturas asiáticas, sobretudo a japonesa, foi transcendental.





A China é um país com antiga e rica tradição no campo do pensamento. A filosofia teve duas vertentes que se desenvolveram com variações ao longo de toda a história: a idéia de mutabilidade e de permanência da natureza, que se explica a partir da doutrina dos princípios do yin e do yang, ao mesmo tempo opostos e complementares, e o fundamento ético do homem.



Tais idéias se manifestaram nas três escolas mais importantes da China, que floresceram entre os séculos V e III a.C.: o confucionismo, o taoísmo e o legalismo.



Depois da revolução de 1949, a filosofia dominante foi o chamado maoísmo, uma vertente do marxismo-leninismo desenvolvida por Mao Zedong, à luz da qual se interpretava a história chinesa como uma síntese entre as concepções tradicionais e os princípios fundamentais do marxismo.



O isolamento secular da China e a complexidade de sua cultura concorreram para que a literatura chinesa por muito tempo fosse incompreendida e ignorada pelo Ocidente. A partir do século XIX, o progressivo desenvolvimento dos estudos sinológicos permitiu o gradativo resgate dessa tradição literária, uma das mais fecundas e criativas do mundo.





“Qualquer caracterização geral da literatura chinesa exige uma prévia distinção dos diversos elementos que a constituem. Em primeiro lugar, é preciso levar em conta a extrema complexidade da escrita caligráfica (ideogramática) chinesa, que, sobretudo na poesia, buscou produzir efeitos ao mesmo tempo visuais e sonoros. Essa característica propiciou, por um lado, uma tendência à máxima concisão e, por outro, o predomínio da literatura "culta", dada a dificuldade de tal escrita ser reproduzida em linguagem corrente. As peculiaridades da fonética chinesa fizeram até que a distinção entre poesia e prosa fosse muito menor do que em outras literaturas.”



“Outra peculiaridade da literatura chinesa é a inexistência de escritos épicos e mitológicos ou heróicos, em parte resultante da tendência da linguagem à essencialidade, mas devida também à implantação, desde as origens, de dois sistemas religioso-filosóficos, o confucionismo e o taoísmo, que não possuíam mitologia no sentido da tradição ocidental. Seus "deuses" pareciam muito mais abstrações espirituais. A expansão posterior do budismo acentuou ainda mais essa tendência.”



É comum afirmar que a literatura clássica chinesa foi, em essência, tradicionalista, submissa a hábitos seculares. Essa observação é relativa. Se, por um lado, a ética confucionista marcou por dois mil anos o modo de vida da sociedade chinesa e impôs o respeito à tradição, por outro, pode-se dizer que o taoísmo e o budismo propiciaram o surgimento de uma visão de mundo mais esotérica e mística, que na literatura se manifestou, quase sempre, por um individualismo muito subjetivista, no qual a intuição e o sentimento predominavam em prejuízo da racionalidade.



Domingos Oliveira Medeiros

05 de março de 2003 – Continua.

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