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Cronicas-->Recordando a vitrolinha -- 18/01/2001 - 01:38 (Mastrô Figueyra de Athayde) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Lembro como se fosse hoje. Salão decorado, lustre multicolorido, garotas de vestidos rodados, garotos de topetes, avolumados pela brilhantina fosforescente e pela eterna e boa música lenta, soada pela velha vitrolinha.
Quem na vida jamais participou de um baile com os amigos do tempo de escola? Naquele tempo, dançar com a garota mais bonita da festa era sinónimo de conquista. Era simplesmente o "feito" do ano, se tornando comentário obrigatório das rodinhas entre amigos. Nesses bailes que alegram nossas queridas lembranças, o beijo era uma "fantasia" pouco realizada, tamanha a ingenuidade dos jovens. Para se ter uma idéia, o simples toque nas mãos da garota cobiçada era suficiente para ser enamorado. A música que pairava no ar, tocada pela velha vitrola, era a trilha sonora perfeita, digna dos grandes clássicos do cinema mundial.
No tempo do faz de conta, havia um garoto que adorava ficar prestando atenção em tudo a sua volta, principalmente no objeto de seu desejo: a vitrola. João de Deus, esse era seu nome, adorava ficar prestando atenção no ritmo cadenciado da agulha, inserida sobre o disco de vinil. João ficava admirando e imaginando como era possível realizar tal feito: retirar música de um pedaço de plástico prensado, com intermináveis ranhuras feitas milimetricamente, com a incrível precisão cirúrgica. Em sua análise, João ficava totalmente fora do mundo. Enquanto todos dançavam ao som da vitrola, João ficava matutando e admirando esse fabuloso aparelho.
Passado os anos, João continuava a admirar a impressionante evolução da tecnologia. Aparelho 3 em 1, CD, Minidisc. Mesmo com a evolução tecnológica, João ainda preferia a nostalgia da velha vitrolinha.
Nos altos dos seus 25 anos, João foi trabalhar fora do Brasil, na cidade de Kioto no Japão, por onde permaneceu durante 15 anos de sua vida. Ao retornar, os amigos de antigas baladas realizaram uma festa surpresa ao bom e velho João.
O salão estava enfeitado como de costume. Os amigos eram os mesmos e as amigas também. Sai a brilhantina, entra a pintura para cabelos Wellaton. A festa estava completa, mas João estava sentindo falta da coisa mais importante da sua vida. A velha vitrola, que cedeu lugar ao aparelho de CD. Mesmo com essa sensível falta, João fica sentado em seu canto, admirando o vai e vem dos amigos. Nesta profunda melancolia, João levanta da cadeira, acena aos amigos e sai do salão sem dizer nada, para nunca mais voltar.

Mastró Figueira de Athayde é cronista e vendedor de CD pirata
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