Usina de Letras
Usina de Letras
164 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62188 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50588)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->BARNABÉS, TECNOCRATAS E BUROCRATAS PÚBLICOS -- 04/10/2007 - 10:26 (José Virgolino de Alencar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um samba de Haroldo Barbosa e António Almeida, lançado no distante ano de 1947, consagrou a expressão "barnabé" como designativa de funcionário público, principalmente o servidor de categoria modesta, conforme define o infalível dicionário Aurélio. O sentido pejorativo de "barnabé" a essa altura praticamente desapareceu, embora uma pontinha de humor zombeteiro sempre aflore, quando alguém usa a conhecida expressão. Hoje, para o funcionário público, pejorativo mesmo é a designação de "tecnocrata" e "burocrata", como maldosa alusão ao domínio dos técnicos e dos servidores administrativos que lidam com os papéis da máquina governamental.

O termo "tecnocrata" tornou-se uma verdadeira excomunhão depois que a imprensa fez enorme alarde sobre os chamados marajás e as mordomias usufruídas, principalmente em Brasília. A designação de "burocrata" tornou-se pejorativa quando o governo empreendeu uma verdadeira guerra contra a burocracia, tentando desburocratizar a estrutura administrativa pública, perdendo a inglória batalha. Mesmo com a tecnologia moderna, a burocracia resiste, ao peso de carimbos, protocolos, instrução processual que não dispensa o papel.

O império da burocracia é decorrente da força da tecnocracia. Foram os "tecnocratas" que engordaram o organismo administrativo, injetando-lhe verdadeiras porções de gordura burocráticas, tornando-o balofo, obeso, cansado, inoperante. As maquinações dos "tecnocratas", ao caírem nas mãos dos "burocratas", servidores comuns, habituados a rotinas e procedimentos bitolados, transformaram-se em verdadeiros monstros, de muitas cabeças, capazes de engolfarem qualquer cidadão usuário dos serviços públicos, envolvendo-o numa teia que é uma mistura de processo kafkiano com escabrosos personagens da ficção cinematográfica.

O "burocrata" foi incapaz de absorver as complexas criações dos "tecnocratas", não soube dar curso normal às estruturas, modelos e formulários novos, muito ao contrário, transformaram tudo numa bobina tão bem enrolada que não há força que desate o nó. Dessa complicação toda, não poderia sair outra coisa senão a repulsa ao funcionário que, do alto de seu bureau, move os cordéis de uma papelada que, na maioria das vezes, não leva a nada, ou leva para onde não se desejaria ir.

Ser "burocrata", então, virou uma desgraça, é um condenado, tão xingado quanto juízes nos campos de futebol. Tudo por culpa dos "tecnocratas", trancados em seus gabinetes, gozando confortáveis mordomias, distantes da realidade, sem perceberem a profunda diversificação regional de nosso imenso país. O modelo administrativo criado a partir de Brasília foi implantado sobre linha uniforme, valendo tanto para os treinados funcionários de um Estado como São Paulo, quanto para os despreparados amanuenses da Prefeitura de Carrapateira, na Paraíba, um dos mais pobres do Brasil. Essa diversidade gera situações de certo modo cómicas.

Contam a história do Inspetor do Tribunal de Contas da União que procurou um prefeito de uma cidadezinha mineira para cobrar a prestação de contas do Fundo de Participação dos Municípios-FPM. Informaram ao técnico do Tribunal que o Edil encontrava-se no seu roçado, cuidando de sua lavoura.

O Inspetor foi ao seu encontro, deparando com o prefeito montado num jeguinho, carregando lenha. Quando o agente do TCU cobrou do alcaide municipal as contas do "Fundo", o matuto-edil ficou vermelho, partiu para cima do Inspetor com dedo em riste, desafiando para que o mesmo repetisse o insulto, ameaçando fazer estranho uso de um toco de lenha. O Inspetor deve estar correndo até hoje do toco de lenha do prefeito.






Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui