PÔR DO SOL
Renato Ferraz
Mudou o tempo lá fora.
Rapidamente entardeceu.
Num piscar, avançou a hora.
O sol que brilhava forte, cedeu.
Já o calor resistiu e não foi embora.
A atenção seria dada ao pôr do sol
que estava para acontecer.
O céu era uma obra de arte.
Um quadro pintado com riscos
que, embora parecessem ser aleatórios,
paradoxalmente tinham a digital
de que quem os fez, conhece bem a natureza.
Era uma imagem inefável,
porém eram visíveis as cores
azul-acinzentado e róseo-amarelado.
Uma ampla tela, divinamente bela.
A despedida de uma tarde de verão,
durante essa transição do ocaso,
trouxe a lembrança do poema feito mais cedo.
Ainda extasiado com a visão do espetáculo
folheei e li o poema várias vezes:
há um espelho em cada verso,
naquele poema.
Eu olho para cada um
E me vejo fazendo para ela.
Deslumbrado, porque ela também me vê,
se eu conseguir fazê-la entender
O quanto significou aquele pôr do sol,
considero ter valido a pena ter feito.
Ao ler-me, viu ser para ela que eu olhava.
Se seu coração consentiu o que viu
Digo que refletiu o meu desejo
Logo mais, o meu a convidará para uma festa.
Os meus sentidos ficaram satisfeitos
porque em cada verso que via
tinha seu cheiro, tinha seu olhar
tinha seu toque e tinha sua voz
Essa imagem produzida
que deu luz às estrofes
fez o poema brilhar.
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