O JARDIM DO POETA
Renato Ferraz
O poeta selecionou ideias,
espalhou palavras e as aguou com emoção.
Germinariam, assim as primeiras estrofes.
Fertilizou com metáforas, silepses,
metonímias e outras figuras.
O jardim foi ficando mais colorido.
Dali começaram a aparecer vários aromas
que se expandiam pelas imediações.
Surgiram então o que era esperado, vários poemas.
Os pássaros atraídos pelas cores
descobriram o caminho do bosque e vinham se divertir.
Pulavam e cantavam e brincavam.
Iam e passeavam e voltavam várias vezes.
Alguns durante seu passeio levavam o pólen dos jasmins
para outros lugares e jardins.
Beijavam as rosas-vermelhas e se apaixonavam por elas;
por isso voltavam logo para repetirem o beijo.
Pousavam e namoravam,
faziam o seu ninho e acasalavam.
Enquanto isso o poeta cuidava do seu jardim:
aguava, podava e retribuía, lendo seus poemas
ouvindo os pássaros e a natureza:
cante, cante passarinho.
Cante, cante, venha fazer seu ninho.
Voe, voe passarinho
Voe, voe livre e alto; já não está mais sozinho
Seu destino é cantar.
Mostre também a sua arte,
Quando canta, ouvimos seu poema
Cante, cante apaixonado, passarinho
Não precisa se preocupar com nada.
Não tem a vaidade para incomodar
Quando canta, encanta.
Então vá, cante alegre, voe feliz.
Recite o seu poema, passarinho!
10 / 01 / 2024
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