UM PUTA ESCRITOR
Cara, cê é mesmo um puta escritor.
O papo é o seguinte meu, foi a mina que deu a dica: “Vai lá e vê cara, tem redação prontinha. É só escolher uma, trocar o título, tirar o nome do cara, colocar o teu, e a professora nem vai notar, cara”. Então eu deixei de ver pornografia no compu, e fui na Usina de Letras. Cara, nunca vi tanta letra. Cara, não entendi como que as pessoas agüentam ficar olhando o tempo todo pra letra, meu. Mas aí a mina falou tipo assim, que eu ia gostar, e que o cara era mesmo um puta escritor, e fazia as imagens na cabeça da gente. Cara, fui lá. Redação. Cara, confesso que gostei. Li um todinho, cara. Pensei em ler outro, mas não tô acostumado com isso e me dá muita indigestão... Mas daí cara fui, ver o erótico porque pensei tipo assim, que tinha mulher pelada. Cara, chamei a mina na hora. Ela veio, e já achei que esse papo de letra é muito mais massa que pornografia. Falei pra mina, tipo assim, pra escrever pro cara porque ele é um puta escritor. Aí ela começou escrever, e eu falando pra ela o que é que ela ia escrever. Converti, cara: vou ser escritor. Mandei ela escrever aí cara, que sou o autor intelectual dessa porra de carta, meu. Eu mesmo não sei o que é intelectual, cara. Mas já começo treinar essas palavras. Dá uma dica aí, cara. Puta cara, essa mina que escreveu essas cartas do “erótico” pra você é foda, cara. Maneiro, meu. Não vou falar umas coisas dela porque, cá entre nós fica chato, né cara? Mas eu queria até encontrar essa mina, só pra curtir um papo cabeça com ela, meu. Muito maneiro, meu.
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