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Artigos-->A Fome no Brasil -- 04/03/2003 - 15:15 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Fome no Brasil



Por Gert R. Fischer, Maria Helena Batista Murta,

Marcelo Baglione e Amyra El Khalili*



FOME ZERO!



Que tal pensarmos seriamente nas tristes imagens mostradas pelas TVs, desde que veio a pública o projeto Fome Zero? O quadro desvalido é sempre o mesmo: mães nordestinas com dez filhos — às vezes até mais! —, com rostos sugados pela fome e o calor da seca, aparentando, na melhor das hipótese, o dobro da idade. Não se espantam: é muito comum encontrar estas mesmas mulheres cuidando de toda esta prole, novamente grávidas, aptas para regar o deserto da fome com mais um faminto e um prato vazio.



A terra é seca, o ventre é fértil, mas a exploração colonial — a velha indústria da seca — que tanto caracteriza esta região é uma vergonhosa praga que precisa ser erradicada em nome da dignidade de nosso povo.



Vemos que se faz necessário, senão urgente, não somente um plano emergencial contra a secular e colonial fome que assola milhões e milhões de submiseráveis brasileiros: É fundamental que se fecunde um plano imediato de Controle da Natalidade, mas isso só se faz com uma palavra: Educação.



Não seria por aí o começo do FOME ZERO?



Sem querer agrider ninguém — e muito menos qualquer instituição — é necessário mostrar e ensinar para uma parcela de nossa nobre — mas desassistida!!!! — gente que os filhos não vem por acaso, ou muito menos porque Deus assim quis. Se junto com o cartão da fome fossem distribuídas Educação e instrução a respeito dos mais diversos métodos contraconceptivos, em pouco tempo estaremos ensinando e colaborando para que os nossos compatriotas aprendam lições básicas de economia e finanças. Mas repito: nada disso se faz sem Educação.



Com toda boa vontade, sem querer ser pessimista, mas dar créditos para os nossos irmãos famintos, sem que nesta cesta básica estejam incluídos a Educação e o planejamento familiar, é o mesmo que dar mais bônus para a miséria socioambiental brasileira, cuja fome é apenas uma modalidade que alimenta corruptos desde que o Brasil é colônia, mas tornam cada vez mais vazias as barrigas de milhões de cidadãos brasileiros.



Nascem mais famintos do que cartões de plástico que iremos distribuir. Conforme Antonio Ermírio de Morais, o custo burocrático dos cartões da fome será incalculável para serem administrados.



Devemos promover a mudança do modelo econômico, quebrando velhos paradigmas e estabelecendo novos rumos e parâmetros para orientar a nova sociedade, a sociedade que caminha para o modelo sustentável, conforme definido na Agenda 21. Precisamos de uma política econômica de longo e não de curto prazo, paliativa, que privilegia soluções estritamente financistas em detrimento das necessidades socioambientais.



O modelo sustentável não poderá caminhar estrangulando produtores com altas taxas de juros e apenas repetindo o velho e cansado sistema que se provou no mundo como falido e sem credibilidade.



Precisamos reconhecer que estamos conferindo uma importância absurda aos créditos, (papéis) sem nos preocuparmos em lastrear este papel com a moeda real — mercadoria, commodity — e que esta commodity seja "ambiental”, pois do contrário estaria apenas repetindo o modelo convencional que é insustentável. Somos nós que faremos as coisas acontecerem, como também os responsáveis por fiscalizar as ações em projetos e atitudes de mercado.



O CO2 absorvido pelas árvores transformadas em lâminas, vigas, tábuas, móveis, casas, ficam seqüestradas no lenho mais que 50 anos, quando retornam. Esse ciclo do carbono de fator 50 é importante. A floresta queimada como é feito na Amazônia brasileira, é a forma mais grotesca e ignorante de uso dessa nobre “commodity ambiental” (termo criado pela economista palestino-brasileira, Amyra El Khalili)



As Bolsas e o Mercado Financeiro



Temos mais um ativo (ecossistemas) para adicionar a estratégia de arbitragem — Fome + Água + Petróleo = (?) Será que alguém consegue decodificar esta equação? Como os operadores montam esta negociação nas Bolsas?



Vamos engenhando para ajudar a esclarecer a opinião pública sobre o que está por trás da cortina de fumaça.



A lógica do ICMS está incorporada no modelo convencional de produção, ou seja, tributo sobre bens privados ou serviços, porém, quando estamos tratando de bens difusos, não podemos utilizar a mesma lógica cartesiana.



Se o ar que eu respiro é o mesmo ar que você respira, eu lanço na atmosfera gases e então elaboro um projeto onde vou deixar de lançar estes gases, eu serei o premiado por fazê-lo?



O que são créditos de carbono? O quê poderá vir a ser o mercado de carbono, debatendo estratégias com as comunidades para seus projetos? Créditos de Carbono são bônus, não são “commodities” nem derivativos. São títulos tal qual os Precatórios, tal qual os Títulos da Dívida Pública, tal qual as TDAs - Títulos da Dívida Agrária.



Derivativos — Derivado de Ativos: podemos construir um derivativo sobre um Título da Dívida Pública, ou uma TDA, ou um precatório. Os créditos são dos "donos do projeto?”



Mas poluição não é mercadoria, ainda mais quando se deseja eliminá-la, pois a “commoditização” pressupõe estoques, ou seja, nós somaremos na engenhoca e não diminuiremos. Troque os sinais + no lugar de - = (-), se você inverter o cálculo, estará promovendo estoques de CO2 e não redução de CO2.



Em uma entrevista na televisão informando que uma delegação chinesa visitou os pregões da BM&F — Bolsa de Mercadorias & de Futuros — soubemos que:



a) A delegação acompanhada do Diretor da Câmara Chinesa, veio ao Brasil para comprar soja transgênica e convencional, além de fechar contratos de boi para abastecer o mercado chinês de um bilhão de habitantes.



b) A soja transgênica é utilizada no mercado interno, e a convencional é reprocessada e vendida com alto valor agregado, para países da Europa e Japão que não aceitam o transgênicos.



Não seria então este o objetivo do mapa das Bolsas de Valores e Mercadorias mostrando a abertura de estradas para o pacífico? Alcançar os mercados da China e aumentar significativamente a produção de soja, em especial a transgênica, para atender a demanda desse potencial mercado asiático?



Fontes fidedignas informam que as Bolsas de Valores e de Mercadorias estariam concedendo “mesada" de quase U$1 milhão/ano para que algumas das UNIS brasileiras façam os cálculos dos índices dos contratos de "commodities" agropecuárias (derivativos) ou seja: boi, soja, milho, açúcar, álcool e outros que a criatividade mercadológica permitir.



Suspeitam as mesmas fontes que os índices agropecuários que as Bolsas estaria sustentando, não estariam dando os retornos esperados nos contratos negociados nos pregões, resultando, daí, prejuízos já acumulados em quase 15 anos de investimentos.



Não estaria o atual Conselhos de Bolsas e alguns de seus associados, descrentes para com estes contratos agropecuários — representam menos de 3% do volume negociado —, preferindo apostar nos contratos financeiros, como, por exemplo, os índices de câmbio, taxas de juros, ações entre outros títulos que fazem a festa dos banqueiros e, é claro, tem questionado a eficácia dos recursos investidos nos tais índices agropecuários?



Essa situação não teria feito com que alguns técnicos e pesquisadores voltassem suas atenções para a construção de um novo contrato, que pudesse manter a generosa ajuda financeira, além dos cursos, seminários entre outras benesses que as Bolsas fornecem tão gentilmente?



De tudo o que se sabe e vê, infelizmente não estariam alguns desesperados e mal informados cambistas por aí, vendendo gato por lebre, ou pior, definindo poluição como "commodities", imaginando abocanhar parte da gorda mesada e produzindo criativamente "novos contratos", entre eles os cobiçados — índices de gases do efeito estufa — em especial o CO2, esperando que estes papéis venham a se tornar em breve o grande negócio do mercado de créditos de carbono?



Os Projetos de MDL



Bem, mas o que é MDL — Mecanismo de Desenvolvimento Limpo?



Mecanismo vem de mecânico, engenharia, a mais pura engenharia que juntando os Créditos (bônus) + os Fundos = Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.



De que engenharia estamos falando? De engenharia de financeira, ora, pois o MDL nada mais é do que um conjunto de ações e reações do Mercado que estabelece um Mecanismo de Engenharia Financeira para os Mercados de Capitais.



Nos digam, nos respondam: como alguém que nunca trabalhou ou negociou na mesa de uma corretora de valores e mercadorias, ou sequer atuou com profundidade no mercado financeiro pode querer discutir um mecanismo de finanças tão engenhoso?



No entanto, uma das maiores vivências — senão a maior de todas — na luta ambiental e na proposição biosférica como um todo está na multidependência, na interdiciplinariedade e na solidariedade que a todos — e a tudo! — pode unir, sejam eles advogados, esportistas, artistas, economistas (sejam eles financistas ou não), jornalistas, agrônomos, cientistas, donas de casa e leigos, por exemplo, pois somos todos, sem exceção ou exclusão, Filhos Eleitos da Biosfera.



Esta constante e obrigatória interpenetração gerada pela vivência na defesa do meio ambiente, proporciona o seguinte reflexo no tecido social no qual “vivemos e nos movemos”: ninguém sabe tudo, embora participemos do Todo: o meio ambiente, a biosfera. É necessário, portanto, humildade para aprendermos a depender e conhecer o que nos é estranho, ou, por hora, difícil.



Mas já que estamos falando de equações...Não seria uma equação perigosa: Transgênicos+Água+Carbono? Não seria um formato sedutor para: trandings a serviços das transnacionais - que migram de um país para outro sem compromisso com o investimento nas comunidades e com o meio ambiente que exploram?



A coincidência vai favorecer, talvez, a proximidade da indústria do agroquímicos. Seria interessante conhecer maiores detalhes sobre o mapa que se encontra na fonte do CARBONO*. Quanto à experiência e pelos equívocos já concretizados nesses projetos de abrir fronteiras no Centro-Oeste, na presença das poucas e últimas preciosas áreas de PRESERVAÇÃO PERMANENTE, não seria repetir equívocos que estão totalmente na contramão? Estaria o atual governo sabendo desses imbróglios e desses apoios inconsequentes com benefícios mal explicados, sem respostas por parte dos técnicos-cientístas (consultores-ambientalistas!?) que elaboraram tais propostas? O atual governador do MT é o maior produtor de soja. Não foi ele que sempre lutou para derrubar todo cerrado e abrir estradas na Amazônia detonando todo o patrimônio, cultural, genético e logístico brasileiro ainda remanescente? A que interesses (manifestados abertamente ou não) alguns dos "doutores" destas tão conceituadas universidades estão servindo?



Depois, tem a máxima muito em voga: "Quem não deixa de aprovar um projeto desses quando a conta bancaria pode engordar na Suíça?" Depois do que foi mostrado ao Brasil sobre a corrupção dos fiscais e das empresas estrangeiras no Rio de Janeiro, realmente não se podemos ser mais muito otimista em relação ao ser humano. As mudanças do clima acontecerão. O planeta terra continuará o seu destino e promoverá seus reequilíbrios inexoravelmente com ou sem a espécie humana.



Sinceramente aguardaremos respostas objetivas, sem a velha e desgastada tática da tergiversação climática, uma vez que não podemos mais ficar à deriva das MARKAS contratuais construídas com propostas que omitem FONTES e quando questionados dizem ao povo que.....SIM, DANem-se!



Fontes* - PACTO SOCIAL, BM&F oferece plano para aumentar fronteira agrícola, facilitar assentamentos e atacar o problema da fome. Resenha BM&F, n.151 - http://www.bmf.com.br/





Gert Roland Fischer: eng. agrônomo, especialista em Mata Atlântica, produtor de água doce, auditor ambiental, autor de livros de gestão ambiental. Presidente da Fundação SOS Euterpe edulis, fundador da APREMA-SC 1977. Coordenou por 15 anos a rede de ações aos agroquímicos no Brasil. Premio Global 500 ONU-UNEP-1989. Prêmio von Martius 2001. Medalha do Mérito - CREA-SC 2001. E-mail: gfischer.joi@terra.com.br



Maria Helena Batista Murta: advogada, gestora ambiental, trabalha com recuperação de bacias hidrográficas e educação ambiental, para crianças e jovens, criadora do Instituto Criança Viva, atuando na bacia do Rio Doce e na região Amazônica h´mais de 20 anos. E-mail: mariahelenamurta@uol.com.br



Marcelo Baglione: publicitário, escritor e articulista ambiental da Rede CTA. Trabalha na COOPAS — Cooperativa de audiovisual, saúde e meio ambiente, onde atua como pesquisador e organizador de conteúdo desta produtora. E-mail: mbaglione@rionet.com.br



Amyra El Khalili: é economista, Presidente da ONG CTA, Co-Editora da Rede Internancional de Comunicação CTA-JMA, Coordenadora do Projeto CTA-SINDECON-ESP e membro da Diretoria do Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo. E-mail: ongcta@terra.com.br



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