ZUMBIDO
Renato Ferraz
chove forte
noite fria de inverno
um olhar exposto à mesa
palavras vindas do copo
umedecem as bocas
a procura do (des)equilíbrio
cede-se às investidas
a pele é macia e arrepia
e o cheiro bom aproxima
mais doses de palavras
misturadas às do copo
afinam-se aos desejos...
o sinal é intermitente
já é madrugada
as mãos
entram na contramão
a esquina e o beco
são a mesma coisa
calçada e cama
são volumes paralelos
não há quem diga o contrário
a hipocrisia é enterrada
amanhã se saberá o que houve...
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