Graças a Deus! Pensei que ia ser rejeitado. Sei que estou chegando um pouco atrasado, mas prometo não me demorar. Quero só deixar um recado para um amigo meu, o Sr. João. Sei que está perturbado por não ter conseguido lograr um dinheiro fácil de D. Márcia. Não tenho medo de citar nomes, pois confio em sua discrição. Então, queira dizer-lhe que o que fez não foi honesto.
Pensei que pudesse enrolar o amigo aqui, que fosse entrar nessa de bonzinho. É pena que esteja tão atento, porque senão eu ia embromá-lo. Quero agora deixar o “cavalo” em paz e me retirar, pois muito ainda tenho de fazer hoje.
Não quero ouvir o que estão a me dizer. Sei que estou errado, mas quem vai atirar a primeira pedra? Se não me facultarem a minha saída, vou...
Eu ainda estou aqui, mas vou fazer tudo para me retirar. Não quero ouvir mais nada... Que tem se eu falei?! Eu posso falar porque fui convidado... Eu não vim por livre iniciativa e ainda por cima estou todo amarrotado por estas cordoalhas imundas que me prendem. Sei que não estou agindo direito, então, por que não me libertam?
Não pretendo fugir, pois sei que não iria longe.
COMENTÁRIO — HOMERO
As ligações que prendem o irmão sofredor ao seu oponente na carne são muito fortes e antiqüíssimas. Evidentemente, será conduzido para uma “prisão” no plano espiritual, sob o efeito de sedativos, onde lhe serão ministrados os socorros habituais para tal espécie de deformação.
Não conseguimos doutriná-lo, por mais esforços que fizemos, pois se trata de ser muito apegado aos apetites carnais e muito magoado, furioso mesmo, com a pessoa do Sr. João. É por isso que, mesmo estando em catalepsia, é capaz de emitir vibrações muito fortes para perturbar o seu desafeto.
Por outro lado, tem recebido de volta vibrações de mesma intensidade, o que está onerando sobremodo o trabalho socorrista. Seria interessante e mesmo plausível que se proporcionassem momentos de tranqüilidade ao ser que está revestido de carne, para que possa livrar-se do peso de sua insatisfação, o que se conseguirá através de diálogos edificantes sobre temas espirituais. Sabemos da dificuldade, mas também temos certeza de que saberá o irmãozinho introduzir na conversação os assuntos convenientes.
Aguarde os acontecimentos e saiba que estaremos atentos para o necessário apoio magnético. Não precisamos enfatizar a necessidade de que esta comunicação fique reservada, para que não caia em mãos inábeis. Por isso, solicitamos-lhe que a subtraia das demais. Mais tarde, poderá ser inserida em coletânea, como exemplificação de espécie de problema, para o que se deverão substituir os nomes verdadeiros por outros fictícios. Sugerimos nomes anódinos, como João, Márcia e José, nomes com os quais muitos podem ser identificados, não sendo possível, portanto, descobrir-se a quem o texto se refere. Pode-se ainda utilizar-se de nota de rodapé, fazendo referência ao fato de serem imaginárias as personagens e a situação, fundamentadas, evidentemente, em caso real. No mais, temos a informar que estamos trabalhando no afastamento dos espíritos perturbadores, conforme pedido do irmãozinho e explicação na mensagem “Em atenção a uma prece”.
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