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Humor-->O CÉU NÃO É O LIMITE -- 09/04/2005 - 15:25 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

SUA EXCELÊNCIA, O ASTRONAUTA
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Nasceu no sertão. Cresceu no agreste. O pobre menino. O cabra da peste. Passou a infância, como aventureiro. Sonhando seus sonhos, de bom companheiro. Naquele lugar, sem água e sem mar. O sonho, por certo, não é navegar. Pois o mais provável, decerto, ali, é voar. No curso das aves, pra longe da seca; pra perto do mar.

Olhava pro céu, de noite e de dia. O sol escaldante, a estrela guia. Alimentava seus sonhos. Sua fantasia. Sair pelo mundo. Desejo que um dia. Acreditava. Concretizaria. No seu coração, uma voz lhe dizia.

E o tempo correu, o menino cresceu. E todo o desejo, conforme pensava, aconteceu. Saiu pelo mundo. Estrada e poeira. Ficou para trás. No seco sertão. Sujando ss rodas. De um caminhão. Sentado o menino, na carroceria. No “pau-de-arara”, deixava seu chão. Em busca do sonho, que tanto sonhara. No rumo, afinal, o sul maravilha. A cidade grande. Industrial. A grande São Paulo. Destino final.

Cimento e asfalto. Cidade crescendo, crescendo pro alto. São tantos olhares. Daquele imigrante. Olhares do moço. A dor no pescoço. Foi muito o esforço. De olhar para cima. De tanto edifício. De muitos andares. De muito alvoroço.

Fumaça e barulho. Lugar agitado. Um mundo de gente. Um mundo isolado. O clima tomado. Pelas chaminés. A placa de aviso. Oferta de emprego. Emprego sonhado. E tão desejado. Estava pertinho. Bem ao seu lado. Depois, assustado. Se viu pressionado. Para melhorar. O seu rendimento. Voltou pra escola. Voltou a estudar. Novo aprendizado. Tornou-se torneiro. Especializado. E vira o seu sonho, ali, começado.

Descobriu a palavra. O grito engasgado. A melhor vocação. Proteger o explorado. Contra a exploração. Capital e trabalho. Operário padrão. Emprego e salário. Justiça, união. O líquido e certo. Virou cidadão. Na carroceria. De um caminhão. Tornou-se o líder. De um sindicato. Vestiu a camisa. Com seu uniforme. O seu macacão. E soltou a língua. Arrastou multidão.

Fundou um partido. Levantou a questão. Do povo oprimido. Sem água e sem pão. Fez muita pressão. Do alto-falante. Nascia o refrão. Fazia sentido. Trabalhador unido, jamais será vencido. E veio a prisão. A primeira derrota. A decepção. O tempo corria. Passando por dentro. Do pão bolorento. Da Revolução. Que foi combatida. De novo, no grito. Pela multidão. Até que de novo. A Democracia. Renasce com força. E com alegria. E junto com ela, a eleição.

Muitas candidaturas. Muitas pleitos perdidos. Mas, sempre, insistente. O bom companheiro. Sonhava, um dia. Ser o Presidente. E muito aprendeu. De tanto apanhar. Um dia, cedeu. Mudou o discurso. E o macacão. Pendurou a gravata. Aprendeu a lição. Dos conservadores. Aliou-se à mídia. Subiu na pesquisa. De opinião. Sorriso no rosto. Sapato brilhando. Pisando no chão. Ficou elegante. O grilo falante. Embora distante. Do ser verdadeiro. Daquele imigrante. O bom companheiro. Deu seus recados. Ganhou aliados. De todos os lados. Abraçou todo mundo. Fernando e Raimundo. Operário e banqueiro. Sonho realizado. Ganhou a cadeira. A tão cobiçada. De maior mandatário. De nossa nação. Mais precisamente. O ex-imigrante. O ex-operário. Virou presidente.

Não tem mais salário. Nem carteira assinada. E nem compromisso. Com o operário. Avesso ao trabalho. Voltou a sonhar. Comprou avião. Para navegar. O céu é o limite. O imigrante persiste. Rodar pelo mundo. Falar, discursar. Do sertão do nordeste. Já foi ao Japão. Pisou no deserto. Já teve bem perto. Do’Afeganistão. E ainda, por certo, Não tá satisfeito. Continua sonhando, do mesmo jeito. E luta, portanto. Pra ser reeleito. E continuar, desse modo. O seu viajar.

Não será surpresa. Depois de algum tempo. Virar astronauta. Voar bem mais alto. Fugir do Planalto. Tocar nas estrelas. Conhecer Saturno. Mercúrio e Plutão. Comprar aeronave. Vender o avião. E chegar em Vênus. Subir no palanque. E soltar o seu verbo. Fazendo campanha. Fazendo gracinha. Pra todo habitante. Em Vênus usar. A tal camisinha.

Por fim, caro amigo. Vou dar meu recado. Não seja apressado. Na conclusão. Diz o ditado. Qualquer semelhança. Qualquer parecido. Tenha paciência. Poderá ter sido. Mera coincidência.

09 de abril de 2005














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