A mulher só mora ali, naquele sobradão antigo e frio.
Vive ali há muitos anos. Não é nova nem velha. É uma mulher só.
Se tem amores não sei. Mas sei que à noite seu olhar vaga perdido, vaga pela rua vazia.
Vazio são seus sonhos, mas não seus desejos.
Dia após outro, a mulher permanecia à janela como se esperasse alguém que nunca chegava.
Mas numa noite destas, vi que o sobrado estava cheio de luz, calor e sedução. Espreitei pela cortina translúcida da janela...
A mulher já não era só e senti que seu corpo estava cheio de vida ainda que fosse só por aquela noite e mais uma ela estava feliz !
Mesmo que outros dias de solidão chegassem( e viriam), havia agora a lembrança daquela noite...
E o dia chegou resgatando a magia da noite. O visitante partiu.
Outra vez vi a mulher à janela vagar seus olhos pela rua vazia como se esperasse alguém.