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cronicas-->O LIDAR COM A PALAVRA -- 11/09/2007 - 16:00 (José Virgolino de Alencar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Lidar com a palavra, no sentido de expressar o pensamento, expor idéias, defender convicções e princípios, é fascinante, mas tem suas complicações e complexidades. Stendhal diz que o homem criou a palavra para esconder seu pensamento. Não deixa de ser verdade, porque muitos homens, até pensadores talentosos, dissimulam o verdadeiro sentido do que estão dizendo através do uso da palavra sob forma de sofisma ou uma refinada dialética.



Afirma Drummond que "Lutar com palavras / é a luta mais và, / entanto lutamos / mal rompe a manhã". Muitas vezes nos abate esse sentimento de que lutar com a palavra é uma tarefa vã, inútil, ineficaz, mas para quem tem verdadeiro amor por ela, a palavra, continua a sua luta, logo ao amanhecer, utilizando sua arma eficiente, a força da palavra.



Pode a palavra ser amoldada a caprichos, a desejos, a estratégias, nem sempre revestida da melhor recomendação, seja ética ou moral, porém não é por isso que ela perde sua importància, que ela deva ser silenciada, abafada, amordaçada. Mesmo ajustada a situações que tencionam evitar os mal-entendidos ou os efeitos desagradáveis, jamais ela deve ser censurada, proibida. Com uma palavra leve podemos expressar uma idéia pesada. Por exemplo, quando se diz que um fulano "faltou com a verdade", na realidade estar-se-á afirmando que o fulano é um "mentiroso". Por outro lado, segundo Olavo Bilac, "a palavra pesada abafa uma idéia leve". Essas acomodações da palavra a circunstàncias que podem traduzir-se em uso inadequado, repito, não lhe tira o brilho, o fascínio, a força e seu vital papel no próprio viver da humanidade.



Os políticos são os mais useiros e vezeiros na deturpação do sentido das palavras. As raposas da política entortam seu raciocínio, dão voltas na língua, quando querem escapar de situações vexatórias em que são flagrados cometendo deslizes ou tendo comportamento aético e amoral. Nessas horas, o conceito de prova, de documento e testemunho probantes da safadeza, adquire o estranho sentido jurídico de insuficiência processual, de insubsistência instrucional, permitindo ao meliante escapar da punibilidade, por outro conceito absurdo de proteção garantida pelo instituto da imunidade que assegura a impunidade.



Até no campo da erudição há desvio no uso da palavra, porque nem sempre a pessoa, por ser sábia, prima pela boa ética ou bom caráter e, nessa condição, faz da sapiência escada para atingir objetivos inconfessáveis, artificializando o manejo com a palavra. O sofisma, que é o raciocínio através de argumento aparentemente válido, mas não conclusivo ou de conclusão travestida de má-fé, é uma criação de sábios. Também encontramos pessoas iletradas que demonstram capacidade de raciocínio, mesmo intuitivo, com certo grau de perfeição.



Nos tribunais, principalmente nos júris, onde há embates entre acusação e defesa de réus, é comum assistir-se as duas vertentes no uso expositivo e oral das palavras. Uns caminham apoiados em argumentação lógica e de respeito à ética e à moral, com brilhante explanação de suas idéias e articulação erudita das palavras. Outros tentam, na esperteza, expor raciocínio com enfeites e penduricalhos linguísticos, mal elaborados, verdadeiros sofismas, para não dizer enrolação na linguagem.



Todas essas nuances quanto ao uso da palavra, seja, bom uso ou uso desvirtuado, não deve ser motivo de desànimo para quem gosta e sabe manejar a palavra pelos caminhos lógicos, corretos, éticos.



Enfim, sempre vale a pena lidar com a palavra.



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