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cronicas-->TJN - 004 = Terrorismo ou Misticismo? -- 10/09/2007 - 20:11 (TERTÚLIA JN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TERRORISMO OU MISTICISMO?

Como é possível que em pleno século XXI, um mundo medieval preservado pela crença, que sem qualquer lógica científica ainda persiste nos nossos dias, faça tremer a vanguarda tecnológica que já se preparava para a Guerra das Estrelas, obrigando-a a retroceder novamente à guerra Santa do tempo das Cruzadas? Como pode a mística e obscura Idade Média, surgindo nos confins da Terra, em plena era da exploração espacial e das tecnologias de ponta, desafiar estoicamente, sem tibiezas, de forma humilhante, o arrogante poderio da maior potência bélica da actualidade? Como é possível ainda surgirem indivíduos como fantasmas do passado, em trajos bíblicos e numa linguagem já esquecida há séculos, com total desprezo pela modernidade e pelos valores que foram impostos pelo chamado progresso, ameaçarem e atacarem o que se julgava inatacável, pondo em causa os conceitos e preceitos da vida que adoptamos?
O certo é que o inconcebível, o imponderável está a acontecer e os ocidentais, continuando a chafurdar no consumismo desenfreado e delirante, trocaram os templos pelos hipermercados, estão a ceder à irracionalidade, ao estímulo aliciante da matéria, ao instinto, à animalidade, secundarizando a racionalidade, o espírito e a consciência que distinguem o Homem dos outros seres da Criação. Já não têm a perseverança, a clarividência de vislumbrar outras formas de vida, de vivência social sem o poder escravizante do dinheiro e escondem os seus erros sob a capa do terrorismo.
Não pretendo enveredar pelo campo do misticismo religioso o que seria fácil, dadas as circunstàncias presentes mas aqui o misticismo confunde-se com a realidade e a inteligência obriga a penetrar no transcendente para compreender o incompreensível, neste caso o imperscrutável. Não será caso para meditar porque está isto a acontecer? Afinal o que somos nós? Em que estado nos puseram que já nada vemos?
Estarão aqueles fanáticos islamitas que pararam no tempo, impelidos por uma dinàmica que os transcende, a tentar mudar o curso da História? Estarão aqueles suicidas que pela Fé, sacrificam a sua vida, a tentar evitar o suicídio da Humanidade que, para alimentar o consumismo desenfreado, está a destruir irracionalmente os recursos naturais do planeta, do seu ambiente, levando à catástrofe ecológica que se aproxima? Estarão a lutar pelas suas crenças, convicções, pela diversidade étnica das nações ameaçada pela absorção amorfa da americanização global que está a levar à degeneração, à dissolução de valores morais e religiosos, à sodomia, aos costumes aberrantes, ao culto da violência e ao deboche e decadência do mundo ocidental? Irá aquela gente simples demonstrar finalmente à América poluídora e consumista e a todo o Ocidente alienado que afinal os seus interesses económicos não terão nenhum interesse se a vida do planeta não for preservada? Estarão esses pobres crentes, na sua pobreza, a querer provar que também se poderá viver sem subjugação ao grande poder financeiro dominante, que cria dependências, escravizando os povos? Que uma sociedade, embora pobre, poderá viver imune à ameaça a ao poder dos grandes exércitos financeiros (FMI e BM) que submetem nações e impérios? E que é precisamente esta imunidade que está a desorientar a América do capital, habituada a resolver os problemas desta espécie com embargos e ameaças de medidas económicas repressivas e eficazes em relação aos povos dependentes mas ineficazes em relação àqueles que preferem a pobreza à dependência?
Enfim a Idade Média, a crença religiosa (os caminhos de Deus são ínvios e sinuosos), subitamente, sem que ninguém o previsse, começou a ser falada até pelos ímpios, fazendo acordar, estupefacto, o mundo hedónico, materialista e ateu da vanguarda para a reflexão, para a meditação contemplativa necessária à tomada de novos rumos por outros percursos alternativos, deixando a via aliciante mas suicida que encetou, abrindo os olhos finalmente para outras formas de vida de harmonia com os Ensinamentos que os Profetas, os Messias e os Filhos de Deus ensinaram mas que já esqueceram.
Será que aquela gente cheia de misticismo, surgindo de repente num autêntico cenário bíblico, trajando e vivendo como Cristo e os Profetas, que, por via do seu fanatismo, sem se aperceber, está a ser utilizada como um instrumento divino que levará a Humanidade ao apregoado caminho da Salvação do qual foi desviada? E como Cristo demonstrou na lição da Cruz, isso nunca será possível sem sacrifícios e renúncias que já começaram com os milhares de pessoas que já foram sacrificadas. Os desvios ou erros pagam-se caros.

15 de outubro de 2001

Reinaldo Beça
(reibessa@hotmail.com)

Nota: Publicado no JN
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