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Cartas-->Brasil em cores -- 04/05/2004 - 12:12 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

As Cores do Brasil
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Quando próximo a janeiro. Com a esperança renovada. Janeiro é todo verde. A promessa reiterada. O começo de um futuro. Início de nova jornada. Abrem-se todas as gavetas. Rasgam-se toda a papelada. Escritos há tanto tempo. Papéis que não eram lembrados. Como uma folha amarelada. Surgem planos e projetos. Amores antigos desfeitos. Novas leis e novos decretos. Tudo pelo social. Assume o governo novo. A manchete do jornal. Viva o povo brasileiro. Viva o verde do Brasil. Viva nosso companheiro! Assim o presidente assumiu. Janeiro verde, que tal?

E o tempo sempre implacável. Avançou em fevereiro. É isso aí, companheiro. Entramos no carnaval. Promessas são adiadas. Em nome da alegria. Agora é festa e bonança. Damos vivas à folia. O batuque contagiante. Escolas de samba e de frevo. Mulheres extravagantes. Bonitas e quase nuas. Desfilam em carros alegóricos. Por todos os cantos das ruas. Mulatas, louras e morenas. E outras ruivas amenas. Desfilo de brilho e cores. Movimentos de corpos sadios. De mentes, um tanto, vazias. Fevereiro de todas as cores. Que tal a cor da magia?

Março aponta lá longe. As chuvas de São José. Inundam lares e rios. Barreiras são derrubadas. Pessoas são soterradas. As manchetes dos jornais. A população assombrada. Mortes são anunciadas. Famílias abandonadas. O governo é chamado. A primeira comissão. É de pronto instalada. E começam as promessas. Mais de uma vez anunciadas. Bombeiros, defesa civil. Organizações convocadas. Pessoas acomodadas. Apelo à fraternidade. Alimentos arrecadados. Roupas e agasalhos. Choros e lamentações. Mês de março, das enchentes. Mês do cinza, aparente. Do nublado e das nuvens carregadas. Do sofrimento da gente.

Começa o mês de abril. Ano de 2004. Assim é nosso Brasil. O verde, o amarelo e o anil. Logo é anunciado. O verde ficou pra trás. O amarelo sumiu. O ouro foi retirado. Do solo abençoado. Pela mão do estrangeiro. Vale dizer, o banqueiro. O dinheiro arrancado. Pra pagar o emprestado. E o juro do especulador. Do sistema financeiro. O mês é de cobrança. Da reforma que não vinga. A terra se tem de sobra. E gente pra trabalhar. Só falta o governo deixar. A reforma agrária implantar. A favor do homem do campo. Que precisa trabalhar. Acabar com a especulação. Tanta terra improdutiva. Atrás da valorização. Pior isso se perde a cabeça. E acontece a invasão. Abril, o sinal foi dado. A cor do mês é o vermelho. A luta que corre nas veias. No sangue da população. A cor do Santo Guerreiro. São Jorge contra o dragão. Governo andando pra trás. Governo da indecisão. Governo que se mostra incapaz. De apresentar solução. Governo que se preocupa. Com a tal da inflação. Que diz que está morta. Com a espada na mão. A espada que fere de morte. O futuro da nação.

Maio já acontece. A cor um pouco arrefece. O mês e de Nossa Senhora. Azul é a nossa prece. Levada aos céus do Brasil. O mês é de reflexão. E de muita oração. Que Nossa Senhora ajude. Ilumine o governante. Que lhe acorde com o berrante. Do bom senso e da gratidão. Por ter tido a oportunidade. De ser nosso presidente. Desta bela e grande Nação. Maio, portanto, está no céu. Maio, assim, é azul. Azul da cor de anil. Azul do nosso Brasil..

Depois chegará o inverno. O mês de junho acontece. Muitas bombas e brincadeiras. De São Pedro e São João. Fogueiras, dança e rojão. Da cor de nossas fogueiras. Do milho e da batata. Do quentão e da mulata. Casamento é feito na raça. E na roça acontece. Tudo vale pela troça. Junho assim vai passando. Da cor da noite estrelada. Da comida e da quadrilha. Da batata doce assada.

Chega julho e agosto. Muita coisa é lembrada. A morte do Getúlio. Era Vargas já passada. No planalto a seca aparece. A umidade decresce. E o cinza volta à cena. De volta do recesso. A Justiça e o Parlamento. Nada de novo acontece.

Setembro vem colorido. Muitas flores e promessas. Aqui acolá bate o sino. Já se fala em Natal. Já se fala no menino. O comércio não dá moleza. Põe suas cartas na mesa. Setembro é bem colorido. O mês de todas as flores. O mês de todas as cores.

Assim vem outubro e novembro. O povo já meio cansado. Preparando suas malas. Vem o novo feriado. Dia de todos os santos. E o dia de finados. Onde se fazem visitas. Quando os mortos são lembrados. São meses escurecidos. Pelas lembranças e pelas saudades.

Enfim, chega o fim do ano. Dezembro, mês do Natal. Bate o sino pequenino. Na manchete do jornal. Nascimento do menino. No Congresso e na capital. O recesso é normal. Muito serviço atrasado. Deputado ganha mal. E assim é convocado. Ganha mais um capital. Pra votar o orçamento. Que no ano que findou. Como sempre, não deu tempo. E tudo assim recomeça. Desculpas e mais promessa. Pro ano que chegará. Muito dinheiro no bolso. Saúde pra dar e vender. Só não se sabe pra quem. Quem dessa vez vai comprar. Pois é grande o desemprego. E o país vai parar.

04 de maio de 2004




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