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Contos-->Confissão -- 01/01/2017 - 18:11 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Largou o serviço de jardineiro no colégio dos padres, sem avisar. O Rio de Janeiro era bom, mas teve que deixar tudo e fugir. Voltar às origens, onde a paz promete reinar por mais algum tempo. Agora, sozinho no mato, suas  lembranças remontavam momentos a sós com Euzébia, trazendo à baila travessuras  contadas por ele mesmo, quando se deitava com ela para dormir. Contava das idas e vindas à Vila Mimosa, o incidente na Afonso Pena... Mas a as bestialidades no sítio em Petrópolis ele nunca contou.

— Somos uma só carne e um só corpo, João. Sinto a culpa de suas traquinagens pesando em meus ombros.
Não perguntou se a mulher se referia ao dano que  ele praticara na Afonso Pena,  ou a outras tolices que fizera quando jovem. Limitou-se em acrescentar:
— Eu ainda era solteiro, minha santa. A culpa é só minha. 
— Pecados, pecados, quem não os tem — disse Euzébia.  
João Velho não sofria mais remorso algum por causa de seus pecados. Confessara e pagara penitências, leves e pesadas conforme a gravidade da falta. No entanto, recordava-se com simpatia de uma confissão no Rio de Janeiro, quando ainda jovem. O padre  atendia na capela do Marista, todas as tardes de terça e quintas-feiras. João se confessara na terça, e na quinta-feira da mesma semana, estava novamente, aos pés do confessionário.
— Quando foi sua última confissão, João? Conte seus pecados, depois da última confissão.
— Pecado grave depois da confissão de anteontem, nenhum. Mas deixei de contar um pecado antigo...
O padre mexeu-se no assento e ajustou  a almofada. 
— Se o escondeste com vergonha de confessar, acrescentaste mais peso à tua cruz, mas se o esqueceste...
Agora o castigo vai ser ajoelhar sobre caroços de milho — imaginou o penitente — Mas... o padre  sorriu docemente:  ‘Naquele dia, coloquei todos os teus pecados num saco e mandei embora. Vá em paz. E não se esqueça de colher as  mangas maduras, antes que caiam ao chão. ’
Depois de tantos anos, por que pensar agora nessas coisas? — Perguntou para si mesmo, meio sonolento. Descansou a cabeça numa pedra e dormiu. 
***
Adalberto Lima - trecho de Estrada sem fim..
Imagem: Internet

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