As manifestações populares contra a violência não podem ser apenas ocasionadas pela lembrança de uma vítima infantil, mas pela infantilidade ou má fé dos nossos parlamentares que não traduzem as mortes das ruas em lei severas, inibidoras das ações criminosas.
O Congresso Nacional sacode-se todo, mas, no anonimato, fora dos holofotes da imprensa maior, continuam a morrer, dentro e fora de suas casas, crianças, adolescentes e velhos. O mal se faz a toda hora, avultando-se nele mesmo, frente à cegueira de nossas leis que, além de frágeis, não são cumpridas em sua totalidade.
No mundo moderno, globalizado e informatizado até demais - que nos afirme a internet - , um rapaz com 16 anos sabe tanto ou mais que um de 32 anos. Antecipa-se hoje em dia a maternidade em vários anos de vida. Uma garota de 10 anos anda por aí a fazer sexo, já é expert em qualidade de camisinha e já possui o endereço certo e bem guardado onde comprar um cigarro de maconha ou coisa parecida.
A televisão mostra o sexo histérico à s 8 da noite. Falta-nos apenas - pais passivos - sentirmos o cheiro do ato sexual à hora da cena, de tão perfeita que ela nos é passada. Os adultos e os jovens fazem sexo nas novelas de televisão e ouvimos de quebra, de seus pais, também personagens, as regras de segurança contra a gravidez e a contaminação por doenças. - o chamado sexo seguro. Só não aprende quem não tem televisão. Quem não tem?
E a lei, não vai ser dura para um jovem de 16 anos que sabe bem mais da vida hoje, do que seus pais quando tinham 30 anos? Essa conversa de falta de maturidade, responsabilidade, culpabilidade é tudo água suja derramada no caminho do córrego e sabe lá Deus até aonde irá.
O que há é uma impunidade crónica que já virou fumaça ardida que irrita os olhos dos legisladores, mas passa com o vento e vai...
Precisamos de mais ação por parte do Estado, isso sim. Pelo fato de proteger-se tanto, com essa história de direitos humanos, é que a bandidagem corre frouxa a agir, sem um pingo de medo da lei.
São dois paralelos: enquanto uns parlamentares roubam em Brasília, os ladrões o fazem nas ruas. Qual a cor da fumaça quando o que faz lá olha no olho do que faz cá, do lado de fora do Congresso? Tantos legislam para todos e tudo continua a incomodar a sociedade que se defende a cada dia diante tanto da impunidade, quanto da falta de liberdade.
Não podemos creditar apenas em manifestos nas ruas para Joões e Manoéis, a resolução dos problemas. Os nossos parlamentares sabem o que devem fazer. Se não sabem, eu lhes lembro agora: chamem os melhores legisladores do país, façam um grande congresso de discussão, rediscutam os valores legais que já estão ultrapassados e em muito, em relação ao crime e suas punições e redijam um novo projeto de lei que contemple o castigo a essas barbáries que temos visto e o aprovem rapidamente. Não há mais tempo para que se espere o que devia ter sido feito há dezenas de anos. Quanto mais demorarem, mais Joões e Beneditos e Severinos morrerão injustamente. Portanto, não retirem a culpa de quem tem 16 anos, mas lhes confira a culpa, diretamente proporcional à cor do crime efetuado. Quem mata aos 16 não pode voltar à s ruas com 19 e sair por aí, com olhos de lince de mal, caçando novas vítimas inocentes.
Acredito que é hora de fazermos muito mais pela sociedade. A guerra civil em que vivemos é silenciosa, baça, escondida, totalmente fora da lei. Quem pode, vinga-se, incorrendo em outro crime; a maioria cala-se apavorada.
É esse o Brasil que queremos para todos nós? Esses parlamentares não poderão nem pensar em redigir projetos de leis buscando aumento de salário, enquanto o retrato das ruas continuar com a crueldade que enxergamos triste todos os dias.
Parece que há um Diabo solto em cada esquina e sintonizado com as informações oferecidas por algumas pessoas descomprometidas com a lei. Elas são avisadas de que podem matar e roubar e sequestrar à vontade, contanto que dividam algo com alguns parceiros e aí tudo bem. Não digo o que é "algo" e quem são "alguns Parceiros" para que eu não apareça morto antes de esta crónica ser publicada. Mas a sociedade em peso sabe do que eu estou falando.
Continuarei a rezar muito e pedir a Deus para não ser a próxima vítima desses seres diabólicos que não servem nem para encher a escória da humanidade! Que vida de cão temos vivido nestes últimos meses!
