Usina de Letras
Usina de Letras
145 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50618)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140802)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Tiradentes -- 31/08/2007 - 21:32 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Tiradentes

A palavra e a morte conviveram na estrada "Caminhos Novos".
Apesar de a Monarquia Brasileira ter preferido creditar à nossa história a imagem de Tiradentes como um homem barbudo e de cabelos longos, decapitado e esquartejado, sabe-se muito bem que àquela época, como até hoje, um militar não usava barbas nem tampouco cabelos longos. Fica, portanto, sem qualquer verossimilhança com o Tiradentes heróico, a imagem defendida e mostrada pela Família Real Brasileira, nas pessoas da Rainha Maria I, seu neto D.Pedro I e seu bisneto D. Pedro II. O retrato que a República nos mostra é um outro, totalmente diferente daquele.
Joaquim José da Silva Xavier, "O Tiradentes", foi um mineiro, filho de pai português e mãe brasileira que viveu em Vila Rica, hoje Tiradentes.
Ficou órfão aos onze anos e teve que fazer-se arrimo de família. Não fez os estudos regulares. Foi tropeiro, minerador, dentista prático, comerciante, militar e ativista político.
Foi nomeado pela Rainha D. Maria I, para trabalhar na segurança da estrada conhecida pelo nome de "Caminhos Novos" por onde passavam as levas de ouro e diamante, arrancados do povo brasileiro, como impostos indigestos, alimentadores da pobreza. Foi então nomeado Alferes. Enquanto isso, viu a miséria crescer entre seus patrícios, o que inconformava a sua alma, motivando-lhe tecer protestos de pé-de-orelha, todos eles contra o procedimento da Coroa.
Quando ficou órfão, um padrinho seu, cirurgião, foi o seu tutor. Aprendeu práticas farmacêuticas e foi mascate.
Era então o nosso herói Tiradentes, funcionário da Realeza, ninguém menos do que o "Comandante da Patrulha do Caminhos Novos", estrada essa que conduzia os mineiros daquela região ao Rio de Janeiro.
Tiradentes acumulou débitos. O que ganhava era insuficiente para sustentar seus irmãos. Talvez, por isso, nunca tenha casado, embora tenha tido dois filhos (um casal).
Impregnado por um forte sentimento de liberdade, passou a defender a República - gesto perigoso para um militar que servia a Monarquia -, engendrando discursos libertários fortes. Pregava suas idéias em Vila Rica.
Coincidentemente à época desse movimento, houve a independência das colónias americanas, o que ainda mais motivou o sentimento pátrio dos conjurados, levando-os a lutar pela derrubada da Monarquia e o florescer da República.
Chegavam de Coimbra os primeiros intelectuais brasileiros. Ajuntaram-se a Tiradentes homens das mais diversas funções: religiosos, intelectuais, etc. São por nós conhecidos: Cláudio Manoel da Costa, Tomás António Gonzaga, Alvarenga Peixoto, dentre outros. Reunidos, discutiam a promoção da liberdade, a ruptura com a Monarquia, o apelo pelo nascimento da República.
O preço em ouro e diamantes que o povo brasileiro pagava à Coroa era muito alto. Portugal exigia, cada vez mais, nossas divisas nessas espécies e mercadorias. Veio então a famosa derrama, cobrando taxas de impostos que deveriam permitir à Coroa de Portugal receber dívidas atrasadas dos governadores e, portanto, do povo brasileiro, com a Corte portuguesa. Tiradentes havia planejado, para no dia da promulgação da derrama, cair nas ruas gritando pela liberdade e pela República, contra, portanto, a Monarquia.
E eis então que um português endividado com a Coroa resolve delatar o plano do Alferes em troca do perdão de seus débitos. Foi quando ninguém menos que o Coronel Joaquim Silvério dos Reis e o Tenente-Coronel Basílio de Brito Malheiro do Lago o fizeram. E estava a liderança de Tiradentes em maus lençóis. O visconde de Barbacena, sabendo de tudo, suspendeu o anúncio da derrama, prendeu os conjurados. Isso se deu em 1789.
Foge o encanto de Tiradentes. O traidor Silvério dos Reis ganha o título de Fidalgo. Indagado sobre a conjuração, em primeiro tempo, Tiradentes nega a sua participação, para, imediatamente depois, responsabilizar-se sozinho pelo movimento, isentando todos os outros companheiros que haviam realmente participado
D. Maria I transformou todos as penas, antes de morte, em penas de degredo, exceto a do líder Tiradentes.
E um sol livre brilhou na manhã de 21 de abril de 1792. Armaram o patíbulo, e Tiradentes cadenciou seus passos desde a cadeia pública até o Largo da Lampadosa, atual Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro.
Humilhado, foi morto, degolado e esquartejado. Com o seu sangue escreveram letras e palavras de dor em oficial documento que serviria para certificar toda cena ocorrida e a pena cumprida ( A certidão da morte ). Sua cabeça, levaram-na para Vila Rica nas Minas Gerais. Os pedaços de seu corpo foram desprezados no trajeto da "Caminhos Novos", a velha estrada da qual, por nomeação de D. Maria I, fora capitão de guarda. Caminhos que mostraram às suas retinas humanas, o deszelo que a Coroa de Portugal teve na cobrança excessiva de impostos, para com o povo brasileiro.
Tiradentes, nosso líder, hoje considerado Patrono Cívico do Brasil, ocupa a força do feriado nacional de 21 de abril, dia de sua morte, inglória e injusta. A coroa bem que poderia ter dado uma outra cor à história da Conjuração Mineira que não o vermelho do sangue de Tiradentes. Mas ficou a lição de liberdade, a coragem cívica de um homem que capitulou ao lutar pelo que sua alma desenhou e defendeu como justo. É por isso que o feriado de 21 de abril merece uma reflexão diferente. Os ideais republicanos pousaram em começo delicado e triste. Só com Caxias, bem depois, a República viria a ser confirmada.
Tantos Tiradentes há hoje em dia que, apesar de verem as cobranças excessivas de impostos, leis descumpridas pelos portentosos, desmandos praticados por descendentes de senhores de engenho que ainda trazem na carne o chicote e o grito, não podem fazer como antes. Os heróis de hoje, como são diferentes dos de ontem!
Mas não podemos esconder que possuímos a liberdade e que o ouro não é mais desviado do solo da pátria como outrora. O país cresceu, amadureceu e é amigo de um Portugal diferente. Que nos fique a simbologia forte da luta pela República livre, todas as vezes que nos chegar o 21 de abril e nos remeter à história da Conjuração Mineira. Recontar a história possui sabores destilados e uma reflexiva coragem de criar e recriar conceitos e atitudes. Com Calabar, quantos pecados de sua história não nos foram ensinados? Com Tiradentes não nos poderia ser diferente.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui