Amor, a gente não escolhe.
As teses dos psicanalistas dizem que não, que a gente escolhe, sim. Mas a base da escolha que defendem é sempre a pior possível. Reproduzir modelos dolorosos.
Controvérsias à parte, acho que amor tem mais a ver com química, olho no olho, uma coisa da alma reconhecer o outro, todo um universo de átomos que se atraem. Toda uma história que tem coisas anteriores.
Aí vêm os espiritualistas com a história do karma. De novo o modelo doloroso.
Os naturalistas falam de um cheiro, uma coisa sensualíssima, que nossos sentidos percebem no outro.
Bom, tudo isso, para começar a relação.
E para terminar?
Anos de análise para reconhecer o modelo?
Resgate do karma?
A criatura mudou de cheiro?
Ah, a decisão de abrir mão do relacionamento é a mais difícil de todas. Deveria ter uma fórmula pronta. Bloquear o email, mudar de telefone, de endereço, anotar na porta da geladeira, rasgar as fotos, guardar as fotos no álbum do cachorro (para quem não consegue praticar o desapego). Mas a fórmula mais rápida é arrumar outro. Ou outra.
O diabo é encontrar aquele cheiro.
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